• Redação Galileu
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Impressão artística de um mundo habitável em um sistema binário (aquele no qual há duas estrelas) (Foto: NASA/JPL-Caltech/Siegfried Eggl)

Impressão artística de um mundo habitável em um sistema binário (aquele no qual há duas estrelas) (Foto: NASA/JPL-Caltech/Siegfried Eggl)

Utilizando antigos dados de observações do já aposentado Telescópio Kepler, astrônomos estudaram cinco planetas com dois sóis, que estão localizados em nove sistemas planetários diferentes. Eles apontam que esses “mundos” estão em zonas habitáveis, podendo sustentar condições de vida.

Os planetas descobertos no estudo, publicado em 15 de abril no jornal científico Frontiers in Astronomy and Space Sciences, lembram muito Tatooine – o planeta natal do personagem Luke Skywalker, da saga de filmes Star Wars. No primeiro longa da franquia, o protagonista avista dois sóis a partir da fazenda dos tios.

Isso ocorre pois o planeta fictício, assim como os cinco exoplanetas da vida real, estão em sistemas binários. Isto é, cada uma das estrelas de seus sistemas realiza um movimento orbital em torno de um centro de massa comum.

Ao usarem equações analíticas e modelos atmosféricos pré-computados, os pesquisadores estimaram como a atmosfera dos planetas interage com a luz vinda dessas estrelas. Eles também calcularam a massa dos dois sóis em cada um dos sistemas planetários, além de seu brilho e a localização exata dos “mundos”.

Mas o principal foi determinar se os planetas têm chances de abrigar vida. Para entender melhor isso, é preciso imaginar primeiro como é o Sistema Solar. Por aqui, a órbita da Terra em torno do Sol é quase circular e isso garante que o nosso planeta receba uma radiação constante e muito necessária para a vida. 

Porém, esse não é o caso dos exoplanetas de outros sistemas planetários. Eles dependem de uma fonte de radiação adicional e outra de atração gravitacional. Mesmo que a órbita de um planeta desses sistemas seja inicialmente circular em torno dos dois sóis, ela se tornará elíptica com o tempo, o que atrapalha a chegada da fonte de calor.

Portanto, ter um "alinhamento" adequado no sistema –  propriedade chamada de “estabilidade dinâmica” – é vital para que haja habitabilidade. Mas ela não é o único requisito para as condições de vida, de acordo com Siegfried Eggl, coautor do estudo e membro afiliado da equipe de investigação Nexus for Exoplanet System Science, da Nasa.

O telescópio Kepler em uma montagem (Foto: Reprodução)

Concepção artística do Telescópio Kepler (Foto: Nasa)

“Se um planeta chegar muito perto de seus sóis, seus oceanos podem ferver. Se o planeta estiver muito longe deles, ou mesmo ejetado de um sistema, a água em sua superfície acabará congelando, assim como a própria atmosfera, como ocorre com o gás carbônico que forma calotas polares sazonais em Marte”, explica Eggl, em comunicado.

Os nove sistemas planetários que Eggl e seus colegas analisaram foram todos identificados pela missão Kepler, da Nasa. São eles: Kepler-16 , Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64, Kepler-413, Kepler-453, Kepler-1647 e Kepler-1661.

Dois sistemas entre os nove, Kepler-16 e Kepler-1647, foram identificados como mal posicionados para criar uma zona habitável estável. Já o sistema Kepler-16 tem uma zona menor devido a perturbações gravitacionais.

No entanto, cinco dos sistemas poderiam de fato ter mundos habitáveis: Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64 e Kepler-413, sendo o mais promissor Kepler-38.

De acordo com Eggl, pesquisas recentes e o novo estudo “completam o quadro” para determinar zonas habitáveis em estrelas duplas. “Sabemos que os planetas podem se formar nesses sistemas e agora sabemos que eles podem realmente reter água na superfície, e é incrível”, diz o especialista.