• Redação Galileu
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Depósito vulcânico do sistema de fissuras Cerberus Fossae em Marte  (Foto: NASA / JPL / MSSS / The Murray Lab)

Depósito vulcânico do sistema de fissuras Cerberus Fossae em Marte (Foto: NASA / JPL / MSSS / The Murray Lab)

Cientistas identificaram a erupção mais recente já descoberta em Marte e concluíram que a  atividade vulcânica pode estar ativa no planeta vermelho. Eles estimam que os fenômenos eruptivos ocorreram por lá nos últimos 50 mil anos e que podem criar condições habitáveis no planeta.

O estudo é o primeiro a apontar evidências consistentes de que Marte estaria vulcanicamente ativo, já que antes acreditava-se que erupções isoladas ocorreram bem mais antigamente, há 3 milhões de anos. A pesquisa foi publicada em 21 de abril na revista científica Icarus.






A descoberta é de autoria de pesquisadores do Planetary Science Institute (PSI), da Universidade do Arizona e do Center for Earth and Planetary Studies (CEPS), nos Estados Unidos. Eles usaram dados de satélite para estudar uma região marciana chamada Elysium Planitia, onde detectaram a erupção mais recente.

O fenômeno era bem diferente de outras erupções, que consistem apenas de lava fluindo na superfície. “Esta feição se sobrepõe aos fluxos de lava ao redor e parece ser um depósito relativamente novo de cinzas e rocha, representando um estilo e período de erupção diferente das outras feições piroclásticas [erupções] previamente identificadas”, diz David Horvath, líder do estudo, em comunicado.

Mapa mostra a região marciana Elysium Plantia, onde pesquisadores detectaram vulcanismo ativo; nele está a sonda Insight, da Nasa, e o sistema de fissuras Cerberus Fossae (Foto: MOLA Science Team)

Mapa mostra a região marciana Elysium Plantia, onde pesquisadores detectaram vulcanismo ativo; nele aparecem a sonda Insight, da Nasa, e o sistema de fissuras Cerberus Fossae (Foto: MOLA Science Team)

A erupção mais nova lançou cinzas em uma distância de até 10 quilômetros na atmosfera marciana, estima Horvath. Ele conta ainda que Elysium Planitia hospeda alguns dos vulcanismos mais jovens do planeta vermelho, por isso, não é tão inesperado que o fenômeno eruptivo mais recente tenha ocorrido nessa região.

O derramamento de lava cobriu um sistema de fissuras na área chamado Cerberus Fossae. Com isso, formou-se um depósito escuro, comparado pelos experts com as manchas escuras da Lua e Mercúrio, que também são possivelmente resultado de erupções vulcânicas.

A hipótese é que o depósito em questão seja também o mais jovem já documentado no planeta. “Se tivéssemos que compactar a história geológica de Marte em um único dia, isso [a formação do depósito] teria ocorrido no último segundo”, ilustra Horvath.






O local da erupção recente fica a 1,6 mil quilômetros da sonda InSight da Nasa, que estuda a atividade tectônica na superfície marciana desde 2018. Dois abalos sísmicos já foram detectados na área ao redor de Cerberus Fossae e estudos recentes indicam que isso pode estar relacionado ao movimento do magma no subsolo de Marte.

A presença de vulcanismo ativo no planeta vermelho, segundo a pesquisa, aumenta as chances de que ele seja habitável. “A interação do magma ascendente e do substrato gelado desta região pode ter fornecido condições favoráveis ​​para a vida microbiana recentemente e aumenta a possibilidade de vida existente nesta região”, explica o pesquisador.