Comportamento
 

Por Crescer online


Patrícia Pontes, influencer de 39 anos, de São José dos Campos, no interior de São Paulo (SP), sempre soube que queria ser mãe. O que ela não imaginava é que seu desejo seria atendido de maneira tão intensa. Hoje, ela é mãe de uma adolescente, a Eduarda, 16 anos, e dos quadrigêmeos, Rafaela, Leonardo, Gabriel e Maya, 8. Patrícia é mãe solo e os quatro nasceram com paralisia cerebral. Em entrevista à CRESCER, ela conta um pouco da sua história e de como organiza sua rotina para conseguir conciliar as extensas terapias e necessidades das crianças com o seu trabalho na internet.

Patrícia e os filhos: "Não mudaria uma vírgula" — Foto: Reprodução/ Instagram
Patrícia e os filhos: "Não mudaria uma vírgula" — Foto: Reprodução/ Instagram

“Sempre desejei ser mãe”, começa ela. A influencer lembra que já na adolescência, aos 16 ou 17 anos, repetia isso, mas ouviu os conselhos de sua mãe, que dizia para ela esperar um pouco mais. A paixão por crianças era tanta, que ela se lembra de visitar a casa de suas amigas, que tinham irmãos pequenos e, enquanto a turma brincava, ela dedicava sua atenção aos caçulas.

Foi aos 23 anos, quando já estava há cinco anos em um relacionamento, e cursava o último semestre da faculdade, que seu sonho se realizou pela primeira vez e ela deu à luz Eduarda, sua primeira filha, hoje uma adolescente de 16. “A Duda foi muito desejada”, conta. “O meu puerpério foi fácil porque eu morava com a minha mãe, na época. “Eu estava terminando a faculdade e minha mãe ficava com ela, enquanto eu estava na aula”, recorda-se.

Mas a pequena não tinha completado nem 1 ano de idade quando o pai dela quis terminar o relacionamento com Patrícia. “Ele falou que eu fui a primeira namorada dele e que ele não havia vivido aquilo que ‘todo homem vive’, de viajar, ficar com um monte de mulher, Carnaval, etc. Ele disse que queria viver aquilo antes de casar, porque ele jamais faria isso casado, e era algo que ele sentia falta de não ter vivido”, relata. Patricia concordou. “Achei até que teve hombridade de ser sincero, em vez de me trair”, explica. Ela conta que ele até tentou reatar alguns meses depois, mas ela não quis mais, mas a separação foi amigável. Hoje, eles não têm muito contato, porque, como a filha já é grande, ela se relaciona diretamente com o pai, que mora em um bairro vizinho. De vez em quando dorme na casa dele e tem uma boa convivência, segundo a mãe.

Quando a primogênita tinha quase 6 anos, Patrícia conheceu o pai dos quadrigêmeos, com quem teve um namoro curto. “O sonho dele era ser pai. Ele era divorciado e já tinha tentado fazer (Fertilização in vitro) FIV antes, mas não conseguiu. Ele tinha dificuldade para ter filhos naturalmente e me explicou que precisaria congelar o esperma para que, futuramente, eu pudesse implantar”, diz Patrícia. E foi o que eles fizeram.

No processo de reprodução assistida, eles transferiram três embriões. Um deles se dividiu. Dois estavam excelentes, mas o terceiro, segundo o médico, tinha apenas 5% de chances de “vingar”. “Mas os três ‘vingaram’ e um deles se dividiu”, diz a influencer, que se viu grávida de quadrigêmeos. E que gestação!

Foram vários desafios e complicações - e ainda com uma filha pequena para cuidar. Na época, Patrícia estava morando em Bauru, no interior de São Paulo, onde não tinha família. O companheiro era jogador de basquete e as esposas dos outros jogadores eram sua rede de apoio. “Tive descolamento de placenta, precisei ficar de repouso absoluto. Eu não podia nem ir ao banheiro. Tinha que fazer xixi na cama, usando a comadre. Passei por três internações, tive bastante sangramento. Eu já nem sabia mais se era dia ou noite, porque eu não saía de dentro do quarto e nem podia levantar”, lembra.

Os quadrigêmeos nasceram com 30 semanas. “O parto foi perfeito”, diz a mãe, que contou com toda a estrutura de profissionais em uma maternidade do plano de saúde. Por conta da prematuridade, os bebês ficaram na UTI entre 20 e 23 dias. Depois, foram para casa.

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Mas levou um tempo para que Patrícia desconfiasse da paralisia. “Eu era um pouco leiga sobre o que poderiam ser aquelas atitudes que eu via, como não sentar, não controlar o pescoço. Não imaginei que pudesse ser paralisia, porque nunca tinha convivido tão de perto com esse diagnóstico”, diz ela. Foi só quando os pequenos tinham 2 anos e meio, em uma consulta na Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), em São Paulo, depois de passar por todas as consultas e exames, que ela descobriu que todos tinham a condição. “Na hora, foi um baque”, lembra ela, que entrou em negação.

Porém, a viagem de cerca de 1h15, da capital paulista até São José dos Campos, no interior, onde ela mora atualmente, foi suficiente para processar a informação. “Entendi que nada ia mudar na minha vida com a deles e aceitei”, explica.

Cada uma das crianças foi afetada pela paralisia de formas diferentes. Gabriel tem também autismo, epilepsia e deficiência intelectual. Maya tem também o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A Rafa teve uma cardiopatia grave, operou, e também teve cranioestenose, mas agora está bem. Leonardo tem somente a paralisia cerebral. “O Léo é um pouco mais independente. Apesar de não andar, ele é muito ativo, engatinha, consegue tomar banho, não usa mais fralda”, diz a mãe. “A Rafa é totalmente independente. Já o Gabriel e a Maya dependem muito de mim. Nenhum dos dois anda e os dois usam fralda. Gabriel está aprendendo agora a comer com as próprias mãos, mas Maya ainda não tem nenhum controle cervical. Então, já que dou banho nos dois, acabo dando nos quatro para que realmente fique tudo limpinho, já que eles usam muito a mão no chão e os joelhos”, relata.

Diante de vários desafios que é ser mãe de quatro crianças atípicas, Patrícia não conta com o apoio do pai delas, de quem se separou quando eles tinham 3 anos, depois de ser traída várias vezes - e com quem tem uma relação péssima atualmente. Sim, aquele que queria muito ter filhos e fez questão de fazer uma fertilização in vitro com ela para conseguir. “Ele não participa de nenhuma terapia, de nenhuma convivência diária, nada”, diz Patrícia. “O juiz determinou que pegue as crianças a cada 15 dias e ele nem sempre cumpre com as visitas”, conta. “Depois de muitas tentativas de ter uma boa relação, pelo menos como pai e mãe, acredito que ele não queira e que, talvez, o distanciamento seja melhor para ele. Agora, por exemplo, se ele pegar no final de semana dele, já vai ter completado um mês e meio sem ver os filhos, sem perguntar deles. As crianças têm celular, ele não manda uma mensagem. Nada. A responsabilidade de criação é somente minha”, afirma.

De acordo com Patrícia, a pensão paga pelo ex dá cerca de R$ 850 por criança, ao mês, o que, claro, é insuficiente, considerando alimentação, fralda, medicamentos, uma babá que ajuda em alguns dias da semana e outras despesas. Além de tudo, muitas vezes, o pagamento atrasa. A parte financeira é um dos maiores desafios para a mãe. O trabalho dela como influenciadora na internet ajuda a superar. Ainda assim, há meses em que precisa pedir ajuda a familiares.

A rotina também é intensa. “Tenho uma organização absurda”, explica. “Os horários precisam ser todos certinhos. Cerca de 80% das terapias das crianças é home care e os outros 20%, marco sempre às terças-feiras, quando não agendo mais nada. Tenho tudo anotado em um planner”, relata. “O maior desafio hoje é, realmente, essa parte dos cuidados pessoais, como trocar uma fralda. Eles estão bem pesados para tirar da cadeira de rodas, voltar depois. Eu tenho que dar banho agachada e, depois, levantar e tirá-los do chão é bem difícil”, explica “E é difícil financeiramente”, afirma. “De resto, sempre penso que nasci para ser mãe. Às vezes me pergunto o que eu poderia mudar na minha vida e eu chego à conclusão de que não mudaria uma vírgula”, reflete.

O período da tarde, que é quando as crianças estão na escola, é quando ela aproveita para trabalhar com a internet ou marcar compromissos pessoais, ter um tempo para si, fazer as unhas. Depois das 20h30, quando os pequenos já estão de banho tomado, jantaram e foram para a cama, é quando ela consegue sair, se necessário. “Eu namoro, hoje em dia, então, consigo ter um tempo com ele depois desse horário”, conta.

A relação dos irmãos com a mais velha, Duda, é de muito amor. “Ela defende, faz tudo por eles, cozinha, troca, dá banho. E ‘ai’ de quem falar dos irmãos dela. Eu amo o convívio entre eles”, orgulha-se.

A vida de Patrícia não é fácil, mas, ainda assim, ela busca otimismo e tenta dar esperança às mães que a procuram pelas redes sociais. “As pessoas não entendem que o diagnóstico não é destino e que a gente vai continuar amando, que não vamos abrir mão. Difícil, vai ser qualquer maternidade, seja ela atípica ou não. Obstáculos, sempre vamos enfrentar na vida. Então é encarar de frente e ter muita fé”, acrescenta. “Se eu fosse acreditar somente na palavra dos homens, dois filhos meus não estariam mais aqui e estão os quatro lindos, felizes, alegres e transbordando amor. Em nada muda a minha vida o fato de eles terem paralisia ou qualquer outra coisa”, finaliza.

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Além do baixo salário, as responsabilidades incluíam transportar as crianças, preparar refeições e manter a limpeza da casa. A babá também deveria estar disponível de domingo à noite até quinta-feira à noite e possuir carteira de motorista válida, veículo confiável, verificação de antecedentes limpa e certificação em Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e primeiros socorros

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