Prematuros
 

Por Giovanna Forcioni, Crescer


Segundo o Ministério da Saúde, mais de 12% dos nascimentos no Brasil acontecem antes de a gestação completar 37 semanas, caracterizando a prematuridade. Todos os dias, pelo menos 931 bebês nascem prematuros no país – isso representa 6 a cada 10 minutos. Se a chegada de um bebê já traz muitas dúvidas, imagine, então, quando ela acontece antes do previsto. Essas inseguranças todas parecem se multiplicar... Será que meu filho vai se desenvolver como o esperado? Quanto tempo ficaremos no hospital? Como devo cuidar dele em casa depois da alta?

“É preciso respirar e relaxar. Se você fizer o acompanhamento indicado, conseguirá dar uma qualidade de vida muito melhor para o prematuro”, explica a neonatologista Filomena Bernardes de Mello, chefe da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP). O Mês da Prematuridade, comemorado em novembro, nos chama a falar sobre o assunto.

A seguir, especialistas ajudam a responder algumas das principais dúvidas sobre o tema:

Todos os dias, pelo menos 931 bebês nascem prematuros no país – isso representa 6 a cada 10 minutos — Foto: Getty Images
Todos os dias, pelo menos 931 bebês nascem prematuros no país – isso representa 6 a cada 10 minutos — Foto: Getty Images

1. Alta do hospital

 — Foto: Getty Images
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Não existe uma resposta pronta sobre quando um prematuro pode, finalmente, ter alta do hospital. Cada caso é um caso, e tudo depende do grau de prematuridade e das condições da gestação. Mas, antes de ir para casa, o bebê deve cumprir alguns “pré-requisitos”, para que a adaptação longe da UTI ou do berçário seja possível. Um deles é atingir o peso mínimo de 1,8 kg. Em geral, o pequeno também precisa saber respirar com tranquilidade, sugar, engolir sozinho, mamar sem engasgar e manter a temperatura corporal entre 36,5°C a 37,5 °C.

2. Amamentação

Na UTI neonatal, normalmente os bebês muito pequenos recebem a alimentação via oral, por sonda. Dependendo do quadro clínico, é possível que demorem a aprender a sugar e a mamar. O começo não é fácil, mas é fundamental seguir em frente e insistir. O leite materno ajuda a fortalecer a imunidade, a desenvolver o sistema neurológico e a reforçar o vínculo com a mãe, ainda mais no caso de um pré-termo. Um estudo publicado no jornal acadêmico JAMA Network provou, inclusive, que o leite da mãe pode melhorar a função cardíaca dos prematuros. “Se para os bebês nascidos a termo o leite materno é saúde, para os prematuros ele é vida”, diz o pediatra Moises Chencinski, membro afiliado da WABA e da Câmara Técnica de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde.

Mesmo que o pequeno não tenha condições de mamar, é muito importante que a mulher retire o leite ao longo do dia para que seja oferecido ao bebê por outras vias, como sonda, seringa ou copinho. Essa é, inclusive, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “Nem sempre o bebê vai chorar quando estiver com fome, por isso, é bom aprender a identificar outros sinais, como ficar com a boquinha aberta”, explica a enfermeira neonatal Elyana Reducino (SP). O prematuro também costuma se cansar mais rápido e, às vezes, acaba “se esquecendo” de respirar. Sempre faça pequenas pausas entre as mamadas, e observe como ele se comporta.

3. Banho

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A higiene do bebê que chegou antes do esperado não é muito diferente da que é feita num nascido a termo. Mas é natural que surjam inseguranças na hora de limpá-lo. “A família precisa aproveitar para participar ativamente e tirar todas as dúvidas no hospital, para entender como o pequeno se comporta e ficar mais segura quando fizer sozinha”, diz Elyana. De forma geral, a dica é seguir sempre o passo a passo indicado na maternidade. Antes de começar, deixe toalha e sabonete neutro à mão. Depois, verifique a temperatura da água, que deve ser morna, sempre. E não exagere na quantidade: quanto mais cheia a banheira, mais difícil segurar o bebê com firmeza.

4. Consultas com o pediatra

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A alta hospitalar não significa a alta dos cuidados com o bebê. Os prematuros precisam de um olhar mais atento para o seu desenvolvimento e, por isso mesmo, é natural que passem por mais consultas com médicos e especialistas. O pediatra é quem orienta e encaminha para uma equipe multiprofissional, que vai acompanhar o pequeno nos primeiros dois anos de vida, pelo menos. Aí, podem também entrar consultas com fisioterapeuta, oftalmologista, fonoaudiólogo ou outros especialistas que o médico do bebê indicar.

5. Controle da temperatura

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Os pré-termos (ou prematuros) têm menos gordura corporal e menor capacidade de termorregulação. “Normalmente, eles só são liberados do hospital quando já conseguem manter, sozinhos, a própria temperatura, entre 36,5 °C a 37,5 °C. Mesmo assim, nos primeiros meses, vale ficar de olho se o bebê está frio ou quente demais”, diz a neonatologista Filomena Bernardes de Mello. Isso não significa que ele tenha de ficar sempre bem agasalhado. Aqui, reina a regra do bom senso: o pequeno pode, sim, usar uma peça de roupa a mais do que um adulto, mas, se o dia está agradável, não precisa estar vestido com exagero. Colocar roupas em excesso pode, inclusive, ser perigoso e levar a uma hipertermia (aumento da temperatura).

6. Engasgos

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Os prematuros costumam demorar mais para aprender a sugar e a engolir. Normalmente, quando recebem alta, já estão com essas habilidades mais desenvolvidas. Ainda assim, pode ser que, vez ou outra, os engasgos aconteçam, principalmente durante as mamadas. Se for o caso, o primeiro passo é manter a calma e colocar o bebê de bruços. Com o pequeno no seu colo, já de barriga para baixo, dê alguns tapinhas leves nas suas costas. Em último caso, não hesite em chamar o serviço de emergência.

7. Correção da idade

A idade corrigida do prematuro é aquela contada a partir do momento em que ele completaria 40 semanas de gestação, e não do dia em que ele realmente nasceu. Essa conta ajuda a ter uma referência mais realista se a criança está apresentando as habilidades esperadas para a idade ou não. O ideal é que essa compensação seja feita até que os principais marcos do desenvolvimento neuropsicomotor sejam atingidos, por volta dos 2 anos. Esse olhar cuidadoso, porém, deve continuar mesmo depois disso, segundo a neonatologista Filomena Bernardes. “Os pais nunca devem deixar de prestar atenção, para oferecer ajuda se for necessário. Mas o mais importante é não fazer comparações com outras crianças, cada uma tem o seu tempo e a sua história.”

8. Visitas em casa

Deixar o hospital é um momento de enorme alegria para a família, quando depois de dias, semanas ou até meses, o filho pode, finalmente, iniciar uma rotina em casa. Mas, pelo menos num primeiro momento, é preciso segurar a ansiedade e esperar um pouco antes de abrir as portas para que amigos, parentes e conhecidos visitem o pequeno.

Segundo Filomena, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), a recomendação é de que, depois de chegar em casa, a família fique pelo menos de 30 a 40 dias sem visitas. Passado esse tempo, ainda assim, vale estabelecer algumas regras, como pedir que elas sempre higienizem as mãos antes de entrar. E, claro: contato com pessoas com sintomas respiratórios ou febre, nem pensar. “O prematuro ainda não possui o sistema imunológico totalmente desenvolvido e precisa de cuidados especiais”, explica Filomena.

9. Sono

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Depois de tanto tempo no hospital, é normal o bebê estranhar a tranquilidade de casa. Afinal, estava acostumado a dormir num ambiente de estímulos, com luzes, barulhos, médicos e enfermeiros circulando o tempo todo�� “Alguns dormem mais, outros já ficam agitados. Aos poucos, a família vai se adaptando ao novo ritmo de sono”, diz a enfermeira neonatal Elyana Reducino. O ideal é que os pais estejam no mesmo ambiente que o bebê, mas nunca na mesma cama. Para evitar engasgos, ele deve dormir de barriga para cima, com a cabeceira do berço elevada, sem travesseiros e nenhum objeto no berço. “Eles devem ficar inclinados em um ângulo de 30° para evitar o refluxo. Coloque um travesseiro debaixo do colchão ou eleve os pés do berço pelo menos 10 centímetros”, explica Elyana.

10. Vacinação

A maior parte dos anticorpos só é passada da mãe para o filho nas últimas semanas da gestação e, com a chegada antecipada, os prematuros, em geral, nascem menos protegidos. Justamente por isso, vaciná-los no momento certo é ainda mais importante.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Ipsos, com 140 famílias de prematuros, mostrou que 29% dos pais já atrasaram em algum momento os imunizantes dos pequenos. “A preocupação com a vacinação deve começar já no berçário [maternidade], seguindo a idade cronológica. Hospitalizados ou não, independentemente do peso, eles devem receber as vacinas como qualquer bebê”, explica o neonatologista e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Mas é preciso atenção, porque o esquema de imunização do prematuro é um pouco diferente dos nascidos a termo: ele recebe uma dose a mais da vacina contra a hepatite B, por exemplo; e, no caso da BCG, só pode tomá-la depois de atingir 2 kg. Além disso, obrigatoriamente, deve receber o palivizumabe, anticorpo monoclonal específico contra o VSR (vírus sincicial respiratório). No site da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), dá para conferir o calendário completo.

11. Passeios

 — Foto: Getty Images
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Não há consenso sobre a partir de que momento é possível sair com o bebê. Quando ele já está adaptado à nova rotina, os médicos costumam liberá-lo, aos poucos, para pequenos passeios, começando pelo parquinho do condomínio, a casa dos avós… “Não é apenas uma questão de idade, mas de escolha de local”, reforça o pediatra Cid Pinheiro, professor de medicina na Santa Casa de São Paulo (SP). Ou seja, até que o médico dê o aval, é melhor evitar ambientes públicos, fechados e com aglomeração. Mesmo com a baixa nos casos de covid-19 , há outras doenças virais, então, nada de clubes, shopping centers, supermercados… Apenas após o sinal verde do pediatra é que o leque de programas pode ser ampliado.

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