Saúde & bem-estar
 


"A influenciadora digital Vitória Sousa Malvassora Nascimento (@vihsmn_), 25 anos, de Diadema, São Paulo, já era mãe de Alexandre, um menino de 7 anos, estava focada no curso de radiologia e tomava pílula anticoncepcional quando descobriu que estava grávida. O teste positivo foi uma grande surpresa, mas o susto maior foi durante um ultrassom, quando ela e o marido, Khayck Paulo, descobriram que seriam pais de quadrigêmeos. "A médica precisou parar o exame, acalmar a gente, tomamos água... O laboratório parou, fechou, a médica disse que era a primeira vez que via um caso assim", lembra.

Apesar da gravidez de alto risco, os bebês evoluíram bem até o sexto mês, quando Vitória recebeu uma notícia devastadora. "Disseram que dois estavam sem batimentos. Foi — nossa — a pior notícia da minha vida", lamenta. Depois disso, a mãe ainda precisou levar a gestação até o fim para aumentar as chances de sobrevivência dos outros dois irmãos. "Eu sabia que os quatro estavam dentro de mim e dois não tinham mais vida", disse. "Então, não era algo que eu conseguia esquecer", completou.

Em depoimento exclusivo à CRESCER, a influencer relembrou cada detalhe dessa história, contou como foi a gestação, o parto dos quadrigêmeos, a perda de Pedro e Bernardo e a evolução de Arthur e Luan, que completaram três meses de vida.

Vitória e o marido no parto dos quadrigêmeos; Arthur e Luan nasceram saudáveis, mas Pedro e Bernardo não resistiram — Foto: Arquivo pessoal
Vitória e o marido no parto dos quadrigêmeos; Arthur e Luan nasceram saudáveis, mas Pedro e Bernardo não resistiram — Foto: Arquivo pessoal


"Não, a gravidez não foi planejada. Eu tomava pílula anticoncepcional, fazia acompanhamento com o ginecologista e estudava radiologia. Os estágios estavam prestes a começar e, até pela radiação, não tinha intenção nenhuma de engravidar. No início, não tive sintomas, nada diferente do habitual, mas comecei a ficar bastante inchada. Foi quando decidi fazer um teste de farmácia, sugerido por uma amiga de curso, para descartar essa hipótese. Comprei daqueles mais baratinhos, fiz sozinha no banheiro e deu positivo. Voltei à farmácia, comprei outro, mais caro, e deu positivo novamente. Fui no posto de saúde e repeti o teste. Novamente deu positivo.

Surpresa: quadrigêmeos!

O médico, então, pediu o beta HCG e um ultrassom. O beta deu positivo — e era um valor muito alto. Mas fiz o ultrassom transvaginal e não mostrou nenhum bebê. Fiquei com muito medo porque a médica disse que poderia ser uma gravidez ectópica, mas, para confirmar, pediu que eu refizesse o beta e fizesse um novo transvaginal em três semanas. Repeti os dois exames. O valor do beta quase triplicou, subiu muito. Repeti o ultrassom e, mesmo assim, não deu para ver nenhum bebê. Eu só chorava, fiquei muito assustada e não quis mais fazer ultrassom. Esperei um mês para fazer novamente. Dessa vez, assim que a médica colocou o aparelhinho, já tirou na mesma hora e perguntou se tínhamos caso de gêmeos na família. Ela, então, confirmou que eram gêmeos, o que já foi um susto enorme.

O exame seguiu e, conforme ela foi mexendo mais um pouquinho, disse: 'Perae, tem mais dois bebês aqui. São quatro'. Foi um susto enorme! Meu marido estava comigo. A médica precisou parar o exame, acalmar a gente, tomamos água... O laboratório parou, fechou, a médica disse que era a primeira vez que via um caso assim. Chamaram minha mãe, que estava do lado de fora, e foi uma emoção muito grande — chorei muito, só chorava de medo.

Primeiro ensaio após descobrir a gravidez de quadrigêmeos — Foto: Arquivo pessoal
Primeiro ensaio após descobrir a gravidez de quadrigêmeos — Foto: Arquivo pessoal

Gestação de alto risco

Mais tarde, levei o ultrassom para a médica, que tinha desconfiado de gravidez ectópica, e ela recomendou que eu fizesse o acompanhamento da gestação em um hospital com experiência em gravidez de múltiplos. Já no primeiro ultrassom lá, a médica foi muito transparente comigo: disse que era uma gravidez de risco por serem quatro bebês e o risco era maior ainda porque dois deles dividiam a mesma bolsa e a mesma placenta, e era muito arriscado, pois poderia acontecer de um ou mesmo dois não resistirem.

Mas a gestação evoluiu normalmente, sem problemas. Os quatro estavam bem. A gente chegou a fazer o chá revelação, que uma foi surpresa para gente, e foi quando descobrimos que seriam quatro meninos. Ganhamos também, da cidade de Diadema, um chá de bebê. A cidade se reuniu e foi muito especial. Tudo o que a gente tem, ganhamos nesse chá de bebê, e somos muito gratos. Montamos o quarto para os quatro, pois as chances de eles virem mais cedo era muito grande. Fiz vários ensaios de fotos para guardar de recordação.

Moradores organizaram chá de bebê para a família — Foto: Arquivo pessoal
Moradores organizaram chá de bebê para a família — Foto: Arquivo pessoal
Vitória com os presentes que ganhou — Foto: Arquivo pessoal
Vitória com os presentes que ganhou — Foto: Arquivo pessoal

Sem batimentos

Até que, no início do sexto mês de gravidez, fui fazer um exame de rotina do coraçãozinho dos bebês. Ouvimos os corações do Luan e do Arthur perfeitamente, mas não conseguíamos encontrar dos outros dois. Achamos que era apenas a posição ruim, e outro médico foi chamado para ajudar. Entrei novamente para repetir o exame e foi quando disseram que dois estavam sem batimentos. Foi — nossa — a pior notícia da minha vida. Chorei muito! Infelizmente, Pedro e Bernardo não tinham resistido. Foi muito triste, e mais difícil ainda porque tive que levar a gestação até o fim com os quatro dentro da minha barriga, então não era algo que eu conseguia esquecer. Eu sabia que os quatro estavam dentro de mim, mas dois não tinham mais vida. Depois disso, meu marido e eu ficamos dentro de casa, sem sair na rua, por muito tempo. A gente não queria ver as pessoas, não queria ter que responder as perguntas, nem falar sobre o assunto.

À esquerda, último ensaio antes da notícia de que Pedro e Bernardo estavam sem batimentos. À direita, os anjinhos representando os gêmeos que não resistiram — Foto: Arquivo pessoal
À esquerda, último ensaio antes da notícia de que Pedro e Bernardo estavam sem batimentos. À direita, os anjinhos representando os gêmeos que não resistiram — Foto: Arquivo pessoal

Até então, não havia tido problema nenhum na gestação. Bem no início, precisei fazer a cerclagem, mas só por precaução, pois o peso da barriga seria grande e era importante tentar evitar um parto muito prematuro. Depois do falecimento dos bebês, tive alergia da própria geração — conhecida como pupp gestacional [a condição está associada a ganho de peso materno ou fetal excessivo, gestações múltiplas e distensão abdominal gerada pela própria gravidez]. Fiquei com o corpo cheio de alergia, coçava, ardia muito e não tinha tratamento. Os sintomas só passam após o nascimento. Eu também tive cálculo renal; expelia os cálculos sozinha, no chuveiro e, mais no fim da gestação, tive alteração na pressão arterial, que ficou muito alta. Por causa disso, precisei ficar internada. Então, no fim, a gestação foi muito difícil. Eu chorava muito de saudade do meu filho, tinha muito medo do que iria acontecer e estava mais sensível.

Vitória enfrentou alergia no terceiro trimestre — Foto: Arquivo pessoal
Vitória enfrentou alergia no terceiro trimestre — Foto: Arquivo pessoal

Nascimento, felicidade e luto

O parto foi agendado para quando completasse 36 semanas, por indicação dos médicos. Eu ainda estava com os quatro dentro da barriga. Arthur e Luan nasceram bem, com peso bom e sem intercorrências. E, ao mesmo tempo que eu estava feliz pelos meninos terem nascido bem e saudáveis, estava muito triste pelo Pedro e Bernardo. Eu tive a chance de vê-los, pegá-los, então, meu coração estava dividido. Tive que encontrar forças pelos meus filhos que precisavam de mim — pelo Arthur, pelo Luan e pelo Alexandre, que estava me esperando em casa. Mas foi um período muito difícil.

Enquanto estava internada me recuperando da cesárea, meu marido precisou organizar o enterro do Pedro e do Bernardo. Decidimos fazer de forma reservada, só com a presença dos avós e do padre. Foi muito doloroso, eu não pude estar presente, pois estava no hospital me recuperando e focando na amamentação dos outros dois para não perdessem peso e para conseguirem ir embora junto comigo. Felizmente, Arthur e Luan não precisaram ficar no hospital, foram para casa junto comigo.

Homenagem a Pedro e Bernardo após a alta — Foto: Arquivo pessoal
Homenagem a Pedro e Bernardo após a alta — Foto: Arquivo pessoal

Hoje, quatro meses depois, estamos bem, cuidando dos dois. É uma rotina muito pesada, mas não tem como não lembrar de Pedro e Bernardo — sempre serão os quadrigêmeos, não tem jeito, sempre serão os quatro! Ainda é difícil falar sobre isso. Foi muito difícil levar a gestação até o fim sabendo que dois não estavam mais vivos, mas estavam dentro de mim. Essa experiência mudou minha vida por completo. Eu nunca imaginei engravidar de gêmeos, mesmo tendo caso na minha família, e principalmente de quadrigêmeos. É muito raro, eles dividiam a mesma bolsa e placenta, o que torna a gestação ainda mais rara.

Quando descobrimos que seriam quatro bebês, recebi muito apoio da cidade, da família e dos médicos. Somos eternamente gratos, mas sempre tem os questionamentos. Muitas pessoas não acreditavam que eu tomava anticoncepcional, e também os questionamentos sobre a partida do Pedro e do Bernardo, mas não é um assunto que eu goste de falar, ainda dói. Estamos felizes com nossos bebês, seguindo nossa rotina. Foi muito prazeroso poder amamentar os dois. Saí do hospital com os dois nos braços, e falo com muito orgulho: serão para sempre os nossos quadrigêmeo, e somos muito orgulhosos disso."

Vitória com o marido, o primogênito e os gêmeos Luan e Arthur — Foto: Arquivo pessoal
Vitória com o marido, o primogênito e os gêmeos Luan e Arthur — Foto: Arquivo pessoal

Evolução da gestação após óbito fetal

Vitória recebeu muitos questionamentos sobre os motivos de a gestação ter seguido mesmo após a morte de dois dos bebês. Segundo o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), esse tipo de cenário traz riscos tanto para a mãe quanto para o bebê e a conduta deve ser avaliada de acordo com a idade gestacional. "A gestação múltipla, via de regra, é uma gestação com maior risco de óbito fetal de um ou mais bebês", afirmou. "E quando essa perda acontece na fase embrionária, ou seja, nos primeiros três meses de gestação, normalmente não há nenhum tipo de complicação porque esse embrião, que ainda não é considerado um feto, acaba sendo absorvido pelo crescimento do embrião que continua em desenvolvimento", explica.

No entanto, segundo o médico, quando o óbito ocorre na metade da gestação, quando ainda não há viabilidade para fazer o parto, pois não há amadurecimento pulmonar e de pele do feto, é uma situação de maior risco. "Nessa situação, a paciente terá que seguir a gestação com os fetos que estão vivos sabendo e tendo em seu corpo aqueles que estão em óbitos", disse. Mas existem riscos. "Os riscos que envolvem o óbito fetal são a liberação de substâncias que podem levar a alteração na coagulação do sangue dos fetos que permaneceram no útero e, eventualmente, alteração até mesmo na circulação materna, levando a uma coagulação intravascular disseminada em casos extremos", continua.

"Outro risco é a liberação de substâncias inflamatórias, que possam levar a contrações uterinas e, consequentemente, o parto prematuro. Outra situação é a presença de vasos sanguíneos comunicantes entre o feto que veio a óbito e a placenta dos fetos que ainda estão vivos, gerando uma alteração no fluxo sanguíneo dos fetos vivos, afetando os órgãos vitais e levando a consequências neurológicas. Então, nessa etapa, a monitorização da mãe e dos fetos vivos precisa ser feita constantemente", disse.

"Já quando o óbito fetal de um ou mais bebês acontece no terceiro trimestre, que é quando os fetos são considerados viáveis, deve-se avaliar os riscos e, junto com os pais, definir o melhor momento para o parto", finaliza.

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