Thaís Vilarinho - Mãe fora da caixa

Por Thais Vilarinho

Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora, mãe do Matheus, 14, e do Thomás, 11. Autora dos livros "Mãe Fora da Caixa" e "Mãe recém-nascida"

 


Hoje, bati um papo na rua com a mãe de um garotinho muito esperto e fofo, de 1 ano e meio. Ela me disse que o sonho da vida dela era ser mãe. Uma história bastante parecida com a minha. Contou que largou o trabalho para se dedicar exclusivamente ao começo da vida do filho. Revelou que se sentia perdida, assim como eu me senti inúmeras vezes. Disse, ainda, que não sabe mais quem é porque não se reconhece.

Parecia um reflexo meu de 15 anos atrás, quanto entrei nesta aventura da maternidade. Eu vi todas as angústias que vivi lá atrás refletidas na fala dela. Era exatamente eu do passado ali, sentada do meu lado e com os mesmos pensamentos, iguaizinhos. É intrigante saber que tudo aquilo que ela sente vai passar, mas ela, de alguma forma, não consegue acreditar nisso. E é assim mesmo, pois na hora em que estamos vivendo um desafio parece que nunca mais sairemos daquela condição.

O maternar não é linear — Foto: Ksenia Chernaya/Pexels
O maternar não é linear — Foto: Ksenia Chernaya/Pexels

Acontece que logo adiante (cada uma no seu tempo, claro, pois cada pessoa é única) achamos o GPS. Tem uma hora, mais para a frente, que nos encontramos, mas voltamos a nos perder e a nos achar um tantão de vezes. Sabe por quê? Porque o maternar não é linear!

Contei para ela sobre os meus desafios de hoje, com a adolescência dos meus filhos. Não todos, para não assustar a moça, mas alguns. Contei na medida para ela conseguir voltar para a fase que está vivendo com alegria. Então, me disse: “Quando ser mãe é um sonho de vida, como foi para nós, decepcionar-se com um filho deve dar uma sensação de derrota, de que não valeu a pena, não é?”. Nitidamente, ela achou impossível superar os desafios da fase que estou passando agora.

Com certeza, é exatamente isso que nos faz perder de novo e de novo e de novo. Aí vem a tristeza, a ansiedade e a angústia de um jeito diferente do que foi experimentado lá atrás. Acontece que precisamos lembrar sempre que nossos filhos são seres com características próprias, descoladas do que sonhamos ou idealizamos para eles. Pensar assim em relação à maternidade ajuda a clarear as coisas. Da mesma forma que atravessamos o puerpério, e a fase em que ficamos procurando nossa identidade, passaremos também pela adolescência deles – e algo se perde novamente.

Então, imersa nesses momentos que parecem não ter fim (não sei como chamar, chutaria que é resiliência misturada com amor de mãe), o cenário vai mudando, e as coisas vão clareando. A preocupação que nos consumia, o que nos angustiava até a alma, vai se dissipando.

A condição que parecia eterna (puerpério, se sentir perdida, desafios da adolescência…) passa. Uma espécie de calmaria depois da rebentação, sabe? A vida anda, o mundo gira. E o tempo nos mostra que ele é o nosso mais sincero amigo – diferentemente do que dizem as más línguas, e apesar da saudade que sempre nos deixa.

Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora. É mãe do Matheus, 13, e do Thomás, 10. Autora dos livros Mãe Fora da Caixa, Mãe recém-nascida e do infantil Deixa eu te contar... (Foto: Arquivo pessoal) — Foto: Crescer
Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora. É mãe do Matheus, 13, e do Thomás, 10. Autora dos livros Mãe Fora da Caixa, Mãe recém-nascida e do infantil Deixa eu te contar... (Foto: Arquivo pessoal) — Foto: Crescer

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