Se você perguntar para qualquer mãe ou pai desse mundo sobre o que eles desejam para a vida dos seus filhos, vai ouvir da grande maioria a mesmíssima resposta: “Desejo que o meu filho seja… feliz.”
Acontece que a maioria de nós não pensa, não faz ideia do que é necessário para que isso se concretize, vire realidade. Do que realmente pode ajudar na construção de alguém essencialmente feliz. Vamos apenas vivendo como ratinhos da ratoeira, e fazendo como o entorno está fazendo. E isso pode ser de alguma forma fatal, pensando em quem nossos filhos serão. Acha dramático demais? Infelizmente, não é. É pura realidade.
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Acredito que essa falta de clareza de nós, pais, sobre o que fazer para criarmos filhos realmente felizes acontece porque, hoje em dia, o conceito de felicidade é muito confundido com o conceito do prazer.
Escutei esses dias que o prazer é algo que na grande maioria das vezes vem de fora para dentro. O cérebro adora. Claro, ele produz dopamina. O prazer sempre chega forte e nos apresenta uma criança empolgada, animada, mas que erroneamente confundimos com uma criança, de fato, feliz. Acontece que o prazer vai embora rápido. E o pior de tudo, vicia. Está relacionado com um filme a que o seu filho gosta de assistir, um sorvete que ele curte, um presente que ganha, um elogio que recebe.
Já a felicidade é algo que nasce sempre de dentro para fora. Tem a ver com ações, com coisas que fazemos por nós ou pelos outros, tem relação com crescimento e desenvolvimento da pessoa. Com conquistas, aprendizados. Experiências boas e ruins. Ir pouco a pouco sendo capaz de cuidar de si. Tudo isso somado constitui o alicerce da felicidade de um ser humano.
Para que uma criança se torne uma pessoa feliz, ela precisa saber o que é frustração, deve vivenciar a espera, o ócio. Ela tem que saber ceder, se conformar (em muitas situações), saber ouvir não.
A criança precisa encarar os dias bons e aqueles não tão bons assim. E é exatamente isso que muitos pais impedem que os seus filhos vivenciem. Querem poupá-los do que dói, ou é difícil, ou entediante porque acham que felicidade é ausência de sofrimento ou desconforto. Por isso, injetam nos filhos prazer a toda hora, na grande ilusão que estão construindo filhos felizes.
Só que, na verdade, o excesso do que vem de fora para dentro, e a escassez do que vem de dentro para fora tem o efeito reverso do que mais desejamos para os nossos filhos. O resultado? Seres humanos dependentes, rasos, frágeis… fatalmente infelizes.
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