Michelle Loreto

Por Michelle Loreto

Jornalista, apresentadora do Bem-Estar e mãe de Aurora

 


Segunda-feira, 06 de maio de 2024. Termino o dia escrevendo esta coluna para vocês – a minha primeira para a Crescer. O dia foi intenso e especial. Mas há sete meses, provavelmente, esse teria sido mais um dia comum na vida desta jornalista aqui.

Acordei às 6:30 da manhã com o choro da Aurora. Ela mamou. Dormiu novamente. Mas, desta vez, eu não voltei para descansar até a bebê acordar definitivamente. Eu levantei. Tomei banho. Troquei de roupa para trabalhar. Tra-ba-lhar. Depois de seis meses de licença-maternidade e um mês de férias. Depois de 210 dias fora da rotina que tenho há mais de 20 anos. Depois de parir, amamentar, passar pelo puerpério e começar a amar e cuidar de uma nova pessoa na minha vida. Ufa!

Michelle Loreto — Foto: Arquivo pessoal
Michelle Loreto — Foto: Arquivo pessoal

A todo momento, só pensava em uma coisa: “será que vou dar conta de tudo?”. Confesso que, desde que soube que estava grávida, uma das minhas maiores preocupações era o futuro da minha vida profissional. A Michelle jornalista existira depois da chegada da Aurora? Como sobreviveria? Eu teria espaço no meu trabalho? O mesmo espaço? E a disposição? De onde eu tiraria?

Comecei a me arrumar para sair de casa com todas essas perguntas borbulhando em minha cabeça. O dia estava diferente. Na cor, no cheiro, nos sons. Talvez só pra mim, é verdade. Talvez só para nós – Aurora e eu. Ao contrário de todas as manhãs, ela não me deu muita bola, ficou mais feliz ao ver as outras pessoas que estavam em casa. Ela, uma bebê, cheia de confiança. Eu, uma adulta, morrendo de medo de falhar. Tentava ir para o trabalho, mas uma dor de barriga não me deixava (ah, esse tal de inconsciente agindo para eu ficar mais tempo em casa com a minha filha).

Foi muita enrolação da minha parte, mas eu consegui. Aurora ficou superbem ao me ver abrir a porta. Expliquei que estava indo trabalhar porque isso era importante para mim. Com seus olhos doces e expressivos, ela parecia entender. E sendo incentivada por um serzinho que nem sabe falar, saí de casa feliz. Parecia uma colegial no início do ano letivo. Caderno novo. Roupa nova. Sentimento de recomeço. “Este ano vou tirar 10 em tudo!”. Ah... Não sei se eu vou... Mas deixa quieto.

Cheguei à TV Globo sem achar meu crachá, sem lembrar as senhas do computador. Eu estava diferente. Dava pra notar. Voltei mais forte, feliz, determinada e focada. Nunca imaginei que a maternidade caísse tão bem em mim e na minha vida profissional. Na empresa, novas oportunidades chegaram dentro desse universo materno. E ainda, o convite da Crescer para ser colunista. Deleite perfeito para juntar a escrita com as minhas experiências maternas e meu conhecimento em saúde e, assim, dividir com vocês.

Apesar do histórico de endometriose, Michelle engravidou naturalmente aos 43 anos — Foto: Ana Pendloski/@ameiiifotografia
Apesar do histórico de endometriose, Michelle engravidou naturalmente aos 43 anos — Foto: Ana Pendloski/@ameiiifotografia

Sei que cada um tem a sua realidade. Mas o que eu quero dizer pra você que está voltando ou prestes a voltar ao trabalho depois de uma licença-maternidade é que pode dar certo pra você também. Óbvio, isso também é reflexo por ter sido bem recebida e acolhida no meu ambiente de trabalho, ter um parceiro que faz o seu papel de pai e o privilégio de uma linda rede de apoio (tia, irmã, mãe). Todos me dando suporte e cuidando da Aurora. Falo de privilégio porque sei que essa, infelizmente, não é a realidade da maioria das mães, principalmente mães solo e de classes menos favorecidas.

Grande parte do mercado profissional ainda é extremamente cruel com a mulher que tem filho, ao contrário dos homens. Com certeza, você conhece alguma história de demissão, falta de oportunidade e até uma vaga não conquistada por uma excelente profissional que é... mãe. Os números também estão aí pra comprovar. Segundo uma pesquisa da FGV, após dois anos, quase metade das brasileiras que tiram licença-maternidade está fora do mercado de trabalho. A maior parte sem justa causa e por iniciativa do empregador. Uma realidade preconceituosa que precisa mudar.

Mas enquanto o mundo não muda, eu quero te contar que o meu dia no trabalho passou bem. Eu voltei pra casa com a sensação de dever cumprido. Aurora estava leve e feliz, ficou alegre ao me ver, sem ansiedade (o que minha mãe disse que é ótimo porque eu fui totalmente ao contrário e dei um baita trabalho para ela). Levei minha pequena para a natação. Dei o jantar dela. Ficamos juntinhas. Mais um dia comum dos últimos 210. Mais um dia comum dos últimos 20 anos. Dois mundos que se encontraram e não colidiram, mas sim, convergiram para uma nova rotina, para o nascimento de uma mãe no mercado de trabalho.

Michelle Loreto é jornalista, apresentadora do Bem-Estar e mãe de Aurora
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crescer@edglobo.com.br

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