Paula Daidone

Por Paula Daidone

Colunista | Jornalista de vinhos, sommelière, especialista em marketing de vinhos e idealizadora da plataforma Reserva85

Girar a taça e cheirar o vinho pode parecer apenas uma “frescurinha”. Mas, na verdade, essa prática é muito útil, pois ajuda a identificar as suas características antes mesmo de colocá-lo na boca. O caráter olfativo revela muita coisa sobre a bebida, por exemplo, a uva, a região, a safra, o processo de produção e até se tem algum defeito. Inclusive, já ensinei antes nesta coluna como identificar os defeitos do vinho.

Qual a origem dos aromas do vinho?

É importante saber que os aromas que sentimos são apenas referências de cheiros conhecidos, como frutas, flores e ervas. Não há adição de nenhum componente aromatizante à bebida. Os aromas são provenientes da uva, do processo de produção ou do envelhecimento que o vinho é submetido.

Como identificar os aromas

Para identificar é preciso ter referências aromáticas. Ou seja, procurar dentro de cada taça por um cheiro familiar. Para que esse processo seja mais natural, treine analisando lado a lado dois ou mais vinhos. Cheire uma taça e perceba os aromas, depois cheire a outra e observe o que você encontra de semelhança e diferença em cada uma delas. Dentro de um vinho é possível encontrar três categorias de aromas: primário, secundário e terciário. Vamos ver como identificar cada um.

A comparação entre dois rótulos é a melhor forma de aprender a identificar aromas no vinho — Foto: Freepik / Creative Commons
A comparação entre dois rótulos é a melhor forma de aprender a identificar aromas no vinho — Foto: Freepik / Creative Commons

  • Aromas primários
    Os aromas primários ão oriundos da uva e remetem a frutas, flores, ervas e especiarias. Para identificar os aromas primários, compare lado a lado vinhos elaborados com apenas uma uva, mas de variedades diferentes, por exemplo, um 100% Malbec e outro com apenas Pinot Noir. Assim, você conseguirá descobrir os aromas originários de cada variedade.
  • Aromas secundários
    Aqui aparecem os cheiros de baunilha, cravo, coco, tostado, café, fumo e chocolate. Os aromas secundários surgem durante o processo de produção da bebida. Os mais comuns estão associados ao estágio em barris de madeira. Para identificá-los, compare a mesma uva com vinificação diferente: dois vinhos da uva Chardonnay, um com passagem por barricas de madeira e outro sem.
  • Aromas terciários
    Os aromas terciários são gerados pelo processo de envelhecimento ao qual o vinho é submetido. Se o envelhecimento for oxidativo (com contato com o oxigênio), como em barricas de carvalho, surgem aromas de café e caramelo. Se o envelhecimento for em garrafa, protegendo a bebida do contato com o oxigênio, ganha cheiros de petróleo, cogumelo e mel. Compare o mesmo vinho de idades diferentes, um jovem e outro antigo. O mais antigo, provavelmente, apresentará aromas terciários.

Identificar aromas é uma forma de descobrir as características dos vinhos que mais lhe agradam — Foto: Freepik / Creative Commons
Identificar aromas é uma forma de descobrir as características dos vinhos que mais lhe agradam — Foto: Freepik / Creative Commons

A quantidade de aromas e de categorias aromáticas sentidas indicam a complexidade e a qualidade de um rótulo. Um exemplar mais simples apresenta um número pequeno de aromas e, provavelmente, dentro de uma ��nica classe. Já os mais complexos têm uma quantidade maior de aromas pertencentes a diversos grupos.

Identificar os aromas nos ajuda a saber, mesmo antes de provar, se aquele rótulo está mais próximo de um estilo que nos agrada ou não. Afinal, aprender a degustar vinho é, antes de tudo, descobrir nossas preferências e respeitar nosso gosto pessoal.

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