Girar a taça e cheirar o vinho pode parecer apenas uma “frescurinha”. Mas, na verdade, essa prática é muito útil, pois ajuda a identificar as suas características antes mesmo de colocá-lo na boca. O caráter olfativo revela muita coisa sobre a bebida, por exemplo, a uva, a região, a safra, o processo de produção e até se tem algum defeito. Inclusive, já ensinei antes nesta coluna como identificar os defeitos do vinho.
Qual a origem dos aromas do vinho?
É importante saber que os aromas que sentimos são apenas referências de cheiros conhecidos, como frutas, flores e ervas. Não há adição de nenhum componente aromatizante à bebida. Os aromas são provenientes da uva, do processo de produção ou do envelhecimento que o vinho é submetido.
Como identificar os aromas
Para identificar é preciso ter referências aromáticas. Ou seja, procurar dentro de cada taça por um cheiro familiar. Para que esse processo seja mais natural, treine analisando lado a lado dois ou mais vinhos. Cheire uma taça e perceba os aromas, depois cheire a outra e observe o que você encontra de semelhança e diferença em cada uma delas. Dentro de um vinho é possível encontrar três categorias de aromas: primário, secundário e terciário. Vamos ver como identificar cada um.
![A comparação entre dois rótulos é a melhor forma de aprender a identificar aromas no vinho — Foto: Freepik / Creative Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/SKEs1ZXaPWcXpQ487w1LPoXAv7c=/0x0:627x1000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2023/E/M/SZE3pWR5eiKQskWKXjsQ/vista-lateral-da-mao-de-uma-mulher-derramando-vinho-tinto-em-vidro-e-diferentes-tipos-de-uvas-de-azeitona-noz-de-queijo-na-superficie-branca-e-fundo-preto.jpg)
- Aromas primários
Os aromas primários ão oriundos da uva e remetem a frutas, flores, ervas e especiarias. Para identificar os aromas primários, compare lado a lado vinhos elaborados com apenas uma uva, mas de variedades diferentes, por exemplo, um 100% Malbec e outro com apenas Pinot Noir. Assim, você conseguirá descobrir os aromas originários de cada variedade. - Aromas secundários
Aqui aparecem os cheiros de baunilha, cravo, coco, tostado, café, fumo e chocolate. Os aromas secundários surgem durante o processo de produção da bebida. Os mais comuns estão associados ao estágio em barris de madeira. Para identificá-los, compare a mesma uva com vinificação diferente: dois vinhos da uva Chardonnay, um com passagem por barricas de madeira e outro sem. - Aromas terciários
Os aromas terciários são gerados pelo processo de envelhecimento ao qual o vinho é submetido. Se o envelhecimento for oxidativo (com contato com o oxigênio), como em barricas de carvalho, surgem aromas de café e caramelo. Se o envelhecimento for em garrafa, protegendo a bebida do contato com o oxigênio, ganha cheiros de petróleo, cogumelo e mel. Compare o mesmo vinho de idades diferentes, um jovem e outro antigo. O mais antigo, provavelmente, apresentará aromas terciários.
![Identificar aromas é uma forma de descobrir as características dos vinhos que mais lhe agradam — Foto: Freepik / Creative Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/yaRtxspxEiMaxwDcwpNoDT98ngE=/0x0:1000x667/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2023/j/X/OJhz5gQ4iIWTt7qDiRWg/carinhoso-casal-comemorando-aniversario.jpg)
A quantidade de aromas e de categorias aromáticas sentidas indicam a complexidade e a qualidade de um rótulo. Um exemplar mais simples apresenta um número pequeno de aromas e, provavelmente, dentro de uma ��nica classe. Já os mais complexos têm uma quantidade maior de aromas pertencentes a diversos grupos.
Identificar os aromas nos ajuda a saber, mesmo antes de provar, se aquele rótulo está mais próximo de um estilo que nos agrada ou não. Afinal, aprender a degustar vinho é, antes de tudo, descobrir nossas preferências e respeitar nosso gosto pessoal.