Paula Daidone

Por Paula Daidone

Colunista | Jornalista de vinhos, sommelière, especialista em marketing de vinhos e idealizadora da plataforma Reserva85

Aromas de flores, frutas e especiarias. É comum encontrarmos essas descrições sobre o vinho. Mas você sabia que é possível um vinho ter aroma de fósforo queimado, acetona e até mesmo de suor de cavalo? Pode parecer estranho, mas esses são alguns indícios de que o vinho tem algum defeito.

Os “defeitos” são problemas que podem surgir em diferentes momentos, da produção ao armazenamento, e acabam por afetar o resultado da bebida e suceder características indesejadas, como aroma, sabor ou aparência alterados.

Essas particularidades só são percebidas quando a garrafa é aberta e o vinho degustado. Por isso, é comum, em restaurantes, o sommelier ou o garçom oferecer uma pequena quantidade do vinho escolhido para provar. Este ritual nada mais é do que a verificação se o vinho está em boas condições para o consumo. Essa é uma análise que deve ser feita considerando questões técnicas e não a sua preferência.

Degustar o vinho antes de aceitar é uma forma de identificar potenciais defeitos em uma garrafa  — Foto: Pexels / Jylland / Creative Commons
Degustar o vinho antes de aceitar é uma forma de identificar potenciais defeitos em uma garrafa — Foto: Pexels / Jylland / Creative Commons

É importante reforçar que um vinho com defeito não está, necessariamente, estragado ou fará mal à saúde. Os defeitos do vinho alteram as características originais da bebida, comprometendo a degustação em si. Contudo, muitas pessoas sequer percebem essas alterações na bebida. Além disso, atualmente, é raro encontrarmos vinhos com defeito, pois a tecnologia tem ajudado a preservar a bebida na vinícola e na garrafa.

O decanter aumenta a superfície de contato entre o vinho e o ar, acelerando o processo de oxigenação da bebida — Foto: Freepik / Creative Commons
O decanter aumenta a superfície de contato entre o vinho e o ar, acelerando o processo de oxigenação da bebida — Foto: Freepik / Creative Commons

Selecionei alguns defeitos comuns para você conhecer e saber como identificá-los em uma próxima garrafa:

Oxidação

O oxigênio em contato excessivo com o vinho pode causar mudança de cor e o aparecimento de aromas como maçã machucada, vinagre e acetona. É por isso que o vinho após um longo período aberto “vira vinagre”.

Redução

A redução é o oposto da oxidação. A ausência de oxigênio desenvolve compostos de enxofre, causando aromas de fósforo apagado, borracha queimada, ovo podre, gás de cozinha e repolho, podendo evoluir para cheiro de esgoto.

TCA ou bouchonée

Rolhas atacadas por fungos desenvolvem aromas de mofo, bolor e umidade. Vale destacar que isso só acontece em rolhas de cortiça natural, nunca em sintética ou vinhos com tampa de rosca.

Os cristais de vinho podem ser encontrados na rolha ou no fundo da garrafa de alguns vinhos — Foto: Freepik / Creative Commons
Os cristais de vinho podem ser encontrados na rolha ou no fundo da garrafa de alguns vinhos — Foto: Freepik / Creative Commons

Brettanomyces

É causado pela contaminação das uvas, do mosto ou até das barricas por uma levedura chamada Brettanomyces, que dá um cheiro de suor de cavalo ao vinho. Também pode ser comparado ao cheiro do couro, estrebaria e pelo de cabra. Em geral, vinhos armazenados em lugares quentes podem desenvolver brett.

Muito confundidos com defeitos, os cristais de vinho, que, às vezes, encontramos no fundo da garrafa ou na rolha, são componentes naturais chamados ácido de tartarato. O aparecimento desses cristais acontece com o passar do tempo, quando o vinho fica muito tempo na garrafa ou é submetido a uma temperatura menor que 5 °C por um longo período. Inclusive, essas pequenas pedras estão sendo muito usadas para a confecção de joias e bijuterias.

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