A Guarda Revolucionária do Irã afirmou ter atacado com mísseis balísticos o "centro de espionagem" de Israel na região autônoma do Curdistão iraquiano, visando grupos terroristas anti-iranianos, conforme relatado pela mídia estatal na noite desta segunda-feira. Quatro civis morreram, segundo autoridades locais. Ataques também se estenderam à Síria contra o Estado Islâmico (EI), em retaliação aos dois atentados suicidas que ocorreram neste mês durante uma procissão na cidade iraniana de Kerman.
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Explosões foram relatadas a cerca de 40 quilômetros de Arbil, no Curdistão, resultando em danos a residências civis e à casa de um oficial de inteligência curdo. Quatro civis foram mortos, vários ficaram feridos, e o tráfego aéreo no aeroporto de Arbil foi interrompido.
"Mísseis balísticos foram usados para destruir centros de espionagem e reuniões de grupos terroristas anti-iranianos na região nesta noite", afirmou a Guarda Revolucionária do Irã em um comunicado, mencionando a agência de espionagem Mossad de Israel.
O Conselho de Segurança do Curdistão confirmou a morte de quatro pessoas, com mais seis feridas, e o Partido Democrático do Curdistão disse que "um ataque massivo com mísseis balísticos" matou vários civis "incluindo Peshraw Dizayee, proeminente empresário curdo".
Os EUA afirmaram à agência Reuters que nenhuma de suas instalações na região foi impactada pelos ataques. Por sua vez, autoridades israelenses não se pronunciaram.
A região do Curdistão no norte do Iraque tem sido há muito tempo alvo de ataques do Irã, que alega ser usada como base por grupos separatistas iranianos e agentes israelenses.
Ataque na Síria
Além dos mísseis em Arbil, a Guarda Revolucionária do Irã também lançou ataques contra "alvos terroristas" na Síria. A ação foi uma retaliação aos atentados suicidas que ocorreram durante uma procissão na cidade iraniana de Kerman, no início do mês, deixando 84 mortos e mais de 200 feridos. O Estado Islâmico (EI) assumiu a responsabilidade pelos atos. O ataque foi o mais mortal em território iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979.
"O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica identificou locais de concentração de comandantes e principais elementos relacionados com recentes operações terroristas, em particular, do EI, nos territórios ocupados da Síria e os destruiu disparando uma série de mísseis balísticos", disse o site da Guarda Revolucionária, Sepah News.
Em 3 de janeiro, homens-bomba explodiram perto do túmulo do general Qassem Soleimani, responsável pelas operações militares iranianas no Oriente Médio e assassinado pelos Estados Unidos no Iraque em 3 de janeiro de 2020.
Chefe da força de elite Quds da Guarda Revolucionária, Soleimani projetou o eixo de influência do Irã no exterior, remodelando a geopolítica do Oriente Médio por meio de uma rede de grupos que se opõem a Israel, incluindo o movimento xiita libanês Hezbollah e o grupo fundamentalista islâmico Hamas. Também era muito respeitado na República Islâmica por seu papel na derrota do EI no Iraque e na Síria.
Líderes iranianos inicialmente sugeriram que Israel seria responsável pelo atentado, aumentando preocupações sobre uma expansão regional do conflito em Gaza, iniciado em 7 de outubro passado, após o ataque do Hamas ao território israelense.