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Por O Globo e agências internacionais — Sana, Iêmen

Os houthis, rebeldes apoiados pelo Irã no Iêmen, se tornaram um curinga imprevisível e perigoso no Oriente Médio. Para Teerã, o grupo — que há semanas vem dando dor de cabeça para o Ocidente com ataques sistemáticos a embarcações no Mar Vermelho — é o seu representante ideal para travar uma guerra por procuração contra Israel, ampliando o conflito em Gaza. Com o ataque dos EUA e do Reino contra alvos houthis dentro do território iemenita na quinta-feira (madrugada de sexta no horário local), o temor de um conflito regional pode ter ficado ainda mais perto da realidade.

Segundo o porta-voz militar do grupo, Yahya Sarea, um total de 73 bombardeios atingiram a capital iemenita, Sana, e quatro outras regiões, matando cinco combatentes e ferindo outros seis neste que foi o primeiro ataque dentro do Iêmen desde o início da guerra entre Israel e Hamas. Horas após os bombardeios, Mohammed al-Bukhaiti, um membro graduado dos rebeldes, disse que os EUA e o Reino engajaram na "maior loucura de sua História":

"Iêmen não é um oponente militar fácil que possa ser derrotado rapidamente", escreveu al-Bukhaiti em uma postagem na rede social X (antigo Twitter). “O país está pronto para entrar em uma batalha de longo prazo que mudará a direção da região e do mundo."

Analistas próximos ao governo iraniano afirmaram que a base dos houthis no Iêmen os coloca em uma posição estratégica para intensificar os combates na região, na esperança de pressionar Israel a encerrar sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. A avaliação está de acordo com as descrições de um plano descoberto do Irã e de sua rede de milícias, conhecida como eixo de resistência, para aumentar a ofensiva contra alvos israelenses e americanos no Oriente Médio, segundo informações de dois membros da Guarda Revolucionária do Irã que falaram ao New York Times sob condição de anonimato.

A localização estratégica — próxima o suficiente do Mar Vermelho para obstruir o comércio global e distante o bastante de Israel para sofrer ataques em retaliação — é um dos principais motivos para que eles sejam os representantes ideais do Irã. Além disso, ao contrário do Hezbollah, outro grupo apoiado por Teerã que vem atacando Israel a partir do Líbano e possui um braço político no Parlamento libanês, os houthis não estão subordinados à dinâmica da política interna do Iêmen.

Segundo dois altos funcionários da Defesa israelense, informações de inteligência confirmaram a pressão feita por líderes iranianos para que as facções do "eixo de resistência" intensifiquem os ataques contra Israel. Em conversa com o Times, eles disseram que os ataques dos houthis despertaram preocupação ao ponto de Israel ter criado uma unidade de inteligência dedicada às ameaças vindas do Iêmen. Mas o desafio não era nenhuma novidade: nos últimos anos, as previsões israelenses já apontavam que uma próxima guerra seria travada em várias frentes, com os houthis e outros milícias financiadas por Teerã entre elas.

A proximidade dos houthis com o Mar Vermelho, uma das principais rotas de navegação do mundo e por onde passam 12% do comércio mundial, tem sido usada para ameaçar embarcações comerciais e também navios de guerra dos EUA. Uma escalada no Mar Vermelho poderia interromper o transporte marítimo global, segundo analistas ouvidos pelo Times.

— Acreditamos que os houthis no Iêmen se tornarão uma ameaça maior para Israel no longo prazo do que o Hamas ou mesmo o Hezbollah — disse Nasser Imani, analista político em Teerã, no Irã, que é próximo ao governo. — O Irã os considera um ator importante e parte da estratégia coletiva do eixo de resistência.

John Kirby, porta-voz de Segurança Nacional dos EUA, assumiu em dezembro que os ataques dos houthis poderiam aumentar as tensões na região:

— É claramente um risco para a possível ampliação e aprofundamento do conflito — disse.

O eixo de resistência financiado pelo Irã inclui o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen, além de vários grupos no Iraque e na Síria. Desde que Israel declarou guerra ao Hamas, após o grupo lançar um ataque terrorista em 7 de outubro que deixou 1.200 mortos e fez mais de 200 reféns, outros membros do eixo abriram frentes secundárias contra Israel de forma contida, evitando desencadear uma guerra total. Milícias no Iraque e na Síria atacaram bases militares dos EUA mais de 70 vezes com drones e foguetes. A recente resposta do Ocidente aos houthis, porém, pode representar a faísca para um conflito maior.

— As águas de nossa terra se tornarão o cemitério dos navios do inimigo sionista — disse o general Mohammad Ali al-Ghaderi, um comandante naval houthi, após uma série de ataques no mês passado.

À medida que Israel expande sua guerra em Gaza — na qual mais de 23 mil pessoas, muitas delas mulheres e crianças, foram mortas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas — os grupos do eixo concluíram que devem inflamar a perspectiva de uma guerra regional para forçar um cessar-fogo, segundo os iranianos afiliados à Guarda Revolucionária. Um objetivo adicional, acrescentaram, é desestabilizar a segurança marítima, a navegação global e o fornecimento de energia.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, negou, publicamente e em recente entrevista ao Times, que o Irã controle os houthis e outros grupos de milícias. No entanto, altos funcionários e conselheiros militares iranianos assumiram em discursos públicos e nas redes sociais que o Irã está armando, apoiando e coordenando o eixo.

Apesar dos planos do Irã de usar os houthis como um peão em uma estratégia regional maior, autoridades de inteligência israelenses e americanas disseram que os houthis representam um risco significativo de erro de cálculo e podem incitar uma guerra regional maior do que as autoridades iranianas preveem.

— Esse é um jogo difícil de ajustar para um grupo como os houthis, que não são apenas fanáticos, mas também têm muito pouco a perder — disse Ali Vaez, diretor do Irã do International Crisis Group. — Há muitos pontos de tensão. Quanto mais tempo a guerra durar, maior será o risco de as tensões ficarem completamente fora de controle.

Comandantes militares dos EUA ativos e da reserva reconheceram que as defesas aéreas de Israel eram sofisticadas o suficiente para derrubar mísseis e drones lançados contra o país, mas a ameaça às águas internacionais era um desafio maior.

— A capacidade deles de ferir Israel é muito, muito limitada — disse o general Kenneth McKenzie Jr., ex-chefe do Comando Central das Forças Armadas. — O maior risco é se eles usarem minas ou mísseis de cruzeiro de curto alcance em Bab el-Mandeb [estreito que separa a África da Ásia e liga o Mar Vermelho ao Oceano Índico]. (Com New York Times).

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