A destruição atinge todos os cantos da Faixa de Gaza. As imagens captadas pelos satélites do enclave palestino mostram infraestruturas críticas em ruínas, cidades arrasadas ou as precárias condições em que vivem os deslocados. Até 57% dos edifícios na Faixa foram destruídos ou danificados, de acordo com uma análise da Universidade de Oregon, nos EUA, mas o percentual chega a 75% na Cidade de Gaza. A capital do enclave palestino foi o alvo inicial dos ataques de Israel em retaliação ao atentado mais mortífero sofrido pelo Estado judaico, perpetrado por membros do Hamas, em outubro do ano passado.

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Uma comparação das imagens de satélite antes do conflito e atuais permite observar a cidade arrasada, especialmente nos bairros mais próximos ao mar.

O detalhe das fotografias tiradas pelo satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, revela a dimensão da tragédia. O hospital al-Shifa, que era o maior complexo hospitalar da Faixa, foi alvo de tropas israelenses por duas semanas. Ficou como um "casco vazio" de edifícios carbonizados, escombros e cadáveres, conforme denunciou no último sábado uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que teve acesso ao que resta de suas instalações.

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Com o passar dos meses, o Exército de Israel ampliou seus ataques ao sul do enclave, onde a população civil havia sido forçada a se retirar enquanto Gaza era sitiada.

Há quatro meses, as tropas de Israel entraram em Khan Younis, a segunda maior cidade da Faixa e apontada pelos israelenses como bastião dos terroristas. No domingo, o Exército anunciou a retirada de suas tropas terrestres da área, em um movimento visando "recuperar-se" diante da preparação de "futuras operações", segundo um porta-voz da inteligência militar israelense. A cidade foi arrasada, conforme relataram vários dos habitantes que retornaram após os ataques.

Mais de 33 mil palestinos morreram desde o início do conflito, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Pelo menos 14.500 eram crianças, segundo a Unicef. A destruição das infraestruturas de saúde impede que a população civil tenha acesso aos cuidados médicos mais básicos, medicamentos ou tratamentos vitais. A comparação a seguir mostra os arredores do principal hospital de Khan Younis, em abril e em 2023.

Em Rafah, a última cidade palestina antes da fronteira com o Egito, mais de 1,4 milhão de deslocados se amontoam, mais da metade da população total de 2,2 milhões de pessoas que vivem no enclave.

A situação de mais da metade dos moradores do enclave é "catastrófica", segundo diversas organizações internacionais. Toda a população da Faixa sofre de desnutrição, um milhão de pessoas perdeu suas casas e duas em cada três foram deslocadas, estima um relatório da ONU e do Banco Mundial. Uma grande parte vive em tendas nos arredores das cidades, como se vê nesta vista de Rafah.

O que eram áreas vazias há apenas alguns meses se tornaram fileiras de tendas. A extensão dos novos acampamentos erguidos pelos deslocados é tão grande que se pode caminhar por eles por quilômetros. As lonas brancas e azuis sob as quais os moradores deslocados buscam abrigo são visíveis das imagens de satélite.