O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo grupo terrorista Hamas, disse nesta segunda-feira ter encontrado dezenas de corpos no hospital al-Shifa, o maior do enclave, após a retirada de tanques e veículos israelenses do local. O Exército de Israel saiu do complexo depois de uma intensa operação militar que durou duas semanas. Para trás ficaram, além dos corpos, prédios carbonizados.
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Israel afirmou ter realizado uma operação “precisa” contra os terroristas que se escondiam dentro do hospital, e declarou que ao menos 200 combatentes inimigos foram mortos. Estoques de armas, explosivos e dinheiro também foram recuperados, segundo o Exército. O Ministério da Saúde de Gaza, por outro lado, disse que “a escala da destruição dentro do complexo e nos prédios ao redor é muito grande”.
“Dúzias de corpos, alguns deles decompostos, foram recuperados dentro e ao redor do complexo médico al-Shifa”, afirmou a pasta, acrescentando que o hospital agora está “completamente fora de serviço”.
À AFP, médicos e civis disseram que pelo menos 20 corpos foram encontrados, alguns dos quais pareciam ter sido atropelados por veículos militares. Vários foram achados perto da entrada oeste do complexo, que o Exército de Israel usou durante a sua saída dos terrenos do hospital. Um correspondente da AFP viu um corpo decomposto com marcas de pneus, embora não saiba dizer quando ele foi atropelado.
– [Havia] corpos. Os tanques passaram por cima deles. Crianças, inocentes. Civis desarmados. [Os soldados] passaram por cima deles – disse uma testemunha que pediu para não ser identificada.
Batalhas também eclodiram em torno de outros hospitais de Gaza. O Hamas afirmou que o Exército explodiu mais de 20 casas em 24 horas na principal cidade do sul, Khan Younis, onde batalhas têm acontecido nos arredores dos hospitais Nasser e al-Amal. Já os militares israelenses disseram que a operação tem como objetivo “continuar a desmantelar a infraestrutura e eliminar os agentes terroristas na área”.
Operação em hospitais
Segundo as Forças Armadas, a operação no hospital al-Shifa ocorreu porque havia evidências de que integrantes do grupo terrorista Hamas utilizavam o espaço para coordenar suas atividades no enclave. Vídeos divulgados pelas Forças Armadas israelenses mostram partes da operação e exibem espaços dentro da unidade de saúde onde o grupo supostamente guardava armas e recursos financeiros.
Ao todo, mais de 200 membros do Hamas foram mortos na ação, incluindo o chefe de segurança interna do grupo palestino, Faiq Mabhouch. O Exército disse que Mabhouch era responsável pela coordenação das atividades do Hamas em Gaza. O grupo terrorista disse que ele estava encarregado de comandar a ajuda humanitária no enclave e, portanto, deveria ter sido protegido pela lei internacional.
Uma semana após a operação no al-Shifa ter sido iniciada, o Crescente Vermelho Palestino informou que forças israelenses haviam sitiado mais dois hospitais em Gaza – Nasser e al-Amal. Neste último, conforme a ONG, mensagens transmitidas por drones exigiam que todos saíssem nus. O hospital teve suas portas bloqueadas com barricadas feitas com sacos de lixo. Equipes da organização atuaram “sob extremo perigo”.