Filmes
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Por — Rio de Janeiro

Em um mundo mais conectado, globalizado e com maior demanda para a produção audiovisual, por conta da ascensão das plataformas de streaming, a presença brasileira em obras internacionais tem sido cada vez mais frequente. Isto está refletido na programação do Festival do Rio 2023, que começa hoje — reunindo 250 filmes em 17 salas, além de outros dez espaços do Rio de Janeiro — com a exibição para convidados da animação “Atiraram no pianista”, dos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal. O longa conta com desenho de personagens de Marcello Quintanilha, niteroiense radicado em Barcelona que é hoje um dos maiores nomes dos quadrinhos brasileiros, conhecido por obras como “Tungstênio” e “Escuta, formosa Márcia”, atual vencedor do troféu principal de Angoulême, maior prêmio do mundo das HQs.

O evento conta ainda com outras cinco produções internacionais com a participação de artistas brasileiros: “Firebrand”, de Karim Aïnouz; “Invisíveis”, dirigido por Heitor Dhalia; “Hypnotic — Ameaça invisível”, longa de Robert Rodriguez em que Alice Braga contracena com Ben Affleck; “Eureka”, com Viggo Mortensen e o ator indígena Adanilo; e “Puan”, drama argentino com produção da brasileira Tatiana Leite.

Desde que a pequena notável Carmen Miranda (1909-1955) deixou o Brasil a caminho de Hollywood, onde brilhou em 14 filmes nas décadas de 1940 e 1950, que artistas brasileiros vêm se destacando no cinema internacional. Nos anos 1980, foi Sônia Braga que ultrapassou fronteiras e brilhou em filmes estrangeiros como “O beijo da Mulher Aranha” (1985) e “Luar sobre Parador” (1988). A atriz, que ainda hoje coleciona participações no cinema internacional, foi seguida em Hollywood pela sobrinha Alice Braga, que após “Cidade de Deus” (2002) obteve destaque na cena global ao lado de Will Smith em “Eu sou a lenda” (2007). E os exemplos continuam. Diretores como Fernando Meirelles, Walter Salles, Bruno Barreto, José Padilha, Vicente Amorim e Carlos Saldanha realizaram filmes fora do país, assim como atores como Rodrigo Santoro, Wagner Moura, Bruna Marquezine e Sophie Charlotte, dentre outros.

— Acho que cada vez mais é uma tendência a presença de brasileiros no mercado internacional. Temos uma produção audiovisual de muita qualidade e toda uma geração de cineastas e técnicos que foram gestados a partir de uma política pública de investimento em cultura, com filmes que viajaram o mundo — diz Dhalia. — E também tivemos o boom do streaming e um aumento muito grande no volume de produção em todo o mundo.

Heitor Dhalia rodou “Invisíveis”, com Bernardo Barreto (à direita), em Nova York — Foto: Divulgação
Heitor Dhalia rodou “Invisíveis”, com Bernardo Barreto (à direita), em Nova York — Foto: Divulgação

O diretor pernambucano, que já havia trabalhado em Hollywood no thriller “12 horas” (2012), com Amanda Seyfried, lembra que despertou o interesse de agentes americanos ao participar de festivais internacionais com filmes brasileiros como “Nina” (2004), “O cheiro do ralo” (2006) e “À deriva” (2009).

Situação parecida passou Karim , que consolidou uma trajetória de respeito em eventos internacionais com obras como “Madame Satã” (2002), “O céu de Suely” (2006) e “A vida invisível” (2019), este último vencedor da mostra Un Certain Regard, em Cannes.

Cearense Karim Aïnouz, à direita de Alicia Vikander, durante as filmagens de "Firebrand" — Foto: Divulgação
Cearense Karim Aïnouz, à direita de Alicia Vikander, durante as filmagens de "Firebrand" — Foto: Divulgação

Relevância no mundo

O cineasta voltou seus olhos para o cinema internacional a partir de 2019, com a dificuldade de produzir filmes no Brasil. No novo longa, ele conta a história de Catarina Parr (Alicia Vikander), a sexta e última esposa do rei Henrique VIII (Jude Law). E já tem outro projeto confirmado para fora do país: “Rosebushpruning”, com Kristen Stewart, Elle Fanning e Josh O’Connor.

— Acho que temos muita coisa a trazer para o cinema internacional. Temos improvisação, sensualidade, visceralidade e um olhar diferente sobre o mundo. Em “Firebrand”, é como se eu fizesse um filme sobre a monarquia inglesa com sotaque cearense — diz. — O que acho importante ao ver essa seleção do Festival do Rio é notar que a marca Brasil está voltando a ter uma importância no mundo.

Radicada em Los Angeles, na Califórnia, Alice Braga talvez seja o nome brasileiro de maior projeção internacional na atualidade. Após “Eu sou a lenda”, se destacou em obras como “Elysium” (2013), também estrelada por Wagner Moura, “Os novos mutantes” (2020) e “O esquadrão suicida” (2021). Nos próximos meses, será vista nas séries “Dark matter” e “A murder at the end of the world”.

— Quando fiz “A rainha do sul” (2016-2021), a série foi por muito tempo a única do horário nobre da TV americana com uma protagonista que não era nascida nos Estados Unidos — lembra Alice, que fala ainda da importância da tia. — Esta é uma porta que a Sônia começou a abrir e em que nós, atores latinos, seguimos batalhando. Acho que estamos atingindo cada vez mais um espaço maior no cinema e na TV internacionais.

Alice Braga é nada menos do que uma das protagonistas de “Hypnotic — Ameaça invisível”, novo filme de Robert Rodriguez, de “Um drink no inferno” (1996) e “Sin City — A cidade do pecado” (2005). A trama acompanha o detetive Danny Rourke (Ben Affleck) em busca da filha desaparecida. Em sua jornada, ele conta com a ajuda de Diana Cruz (Alice Braga), uma mulher com poderes psíquicos.

Parcerias estratégicas

Encerrado na última semana, o Festival de San Sebastián, na Espanha, contemplou o drama argentino “Puan” com os prêmios de melhor roteiro (para a dupla María Alché & Benjamín Naishtat, também diretores) e melhor ator (Marcelo Subiotto). O longa conta com coprodução da produtora independente brasileira Bubbles Project, criada por Tatiana Leite, que tem se especializado em parcerias internacionais.

— Me interessa a troca criativa com os diretores e demais produtores estrangeiros de um filme, da escritura do roteiro, perpassando composição de equipe, montagem, até estratégias de lançamento — conta Tatiana , que tem no currículo filmes como “Regra 34” (2022) e “Benzinho” (2018). — Acho que produzir filmes internacionais é superenriquecedor artística e estrategicamente. A consistência da troca, de aprendizado, tanto meu como produtora, quanto de toda a equipe técnica envolvida, é grande, além de que evidentemente ajuda a reverberar muito o Brasil no mercado internacional.

Leonardo Sbaraglia e Marcelo Subiotto em cena de "Puan" — Foto: Divulgação
Leonardo Sbaraglia e Marcelo Subiotto em cena de "Puan" — Foto: Divulgação

“Puan” conta ainda com brasileiros na montagem (Livia Serpa), no som (Laura Zimmerman) e no design de créditos e pôster (Laurindo Feliciano).

Descendente de povos indígenas da região do Baixo Tapajós, o ator Adanilo se destacou nos premiados “Marighella”, de Wagner Moura, e “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, antes de chamar a atenção do cultuado cineasta argentino Lisandro Alonso, que o convidou para atuar em “Eureka”, exibido no último Festival de Cannes e que estreia no Brasil nesta edição do Festival do Rio.

— Foi um momento icônico da minha vida, poder fazer um filme com o Viggo Mortensen, filmar no México, entrar em contato com a população indígena local — diz Adanilo.

Adanilo em cena de "Eureka" — Foto: Divulgação
Adanilo em cena de "Eureka" — Foto: Divulgação

Heitor Dhalia acredita que a presença brasileira no exterior ainda tem espaço para crescer, lembrando que países como Argentina e México têm “exportado” mais talentos, muitas vezes ajudados por uma língua que conversa melhor no cenário internacional:

— O número de brasileiros no mercado internacional tem aumentado, mas ainda acho pequeno. Pode crescer.

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