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Por Gabriela Bittencourt, para o EU Atleta — Aberystwyth, País de Gales


Calcular o IMC é fácil e pode ser incentivo para cuidar mais da saúde — Foto: Getty Images

Quem busca emagrecer, ganhar massa muscular ou ainda aumentar o peso por estar muito abaixo do ideal com certeza já ouviu falar do Índice de Massa Corporal, o famoso IMC. Calculá-lo por conta própria é fácil, sendo necessários apenas os dados de peso e altura, e o EU Atleta tem uma ferramenta supercompleta para te ajudar: uma calculadora que não só te dá o seu IMC, mas também avalia se ele, sua circunferência abdominal e seu nível de atividade física estão dentro do ideal para a sua faixa etária. Mas é preciso ciência de que a ferramenta só não basta, embora seja um importante indicador, usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entidades médicas e profissionais de saúde para medição populacional. Para saber sobre riscos para doenças relacionadas ao alto valor de IMC, como obesidade e suas complicações à saúde, além daquelas associadas a baixo peso, como pode ser o caso da osteoporose, não basta confiar apenas nessa conta. É preciso avaliação médica e outros exames que levem em conta sua história pessoal. Porém, conhecer o próprio IMC pode ser uma estratégia importante para saber quando é a hora de aumentar os cuidados com a saúde e buscar o peso ideal.

Médica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo (SBEM-SP), Maria Edna de Melo explica que, em termos práticos, o índice avalia o tamanho da massa corporal de pessoas adultas. Segundo a endocrinologista, de uma forma geral, o IMC da população é aumentado pelo excesso de gordura, mas é importante lembrar que o índice também pode ser alto pela quantidade de músculos, em alguns casos. A médica orienta sobre como fazer essa conta.

– Para calcular, o peso em quilos é dividido pela altura em metros e esse resultado é novamente dividido pela altura em metros. É fácil de calcular e os dados mostram que, quanto mais alto o IMC, maior é o risco de desenvolvimento de doenças – afirma Melo, acrescentando que a fórmula não se aplica a crianças e adolescentes, que ainda estão em fase de desenvolvimento e, portanto, devem ser avaliados por um médico endocrinologista para detectar baixo peso ou obesidade.Para conhecer seu IMC e classificação, devem ser utilizados a seguinte fórmula e os parâmetros da OMS para avaliação do peso conforme esse índice:

Fórmula:

IMC = Peso em quilos / altura em metros ao quadrado

Exemplo:

Considerando uma pessoa jovem ou adulta que pese 70 kg e tenha 1,65 m de altura, o Índice de Massa Corporal é 25,7 kg/m².

O IMC considerado desejável é o que se encontra entre 18,5 e 24,9. Abaixo disso, é baixo peso. Acima, há graduações para sobrepeso e obesidade de graus 1, 2 e 3, como mostra a tabela abaixo:

Parâmetros de peso de adultos

Classificação IMC (kg/m2) Risco de complicações
Baixo peso Menor que 18,5 Baixo
Faixa normal 18,5-24,9 Médio
Sobrepeso 25-29,9 Levemente aumentado
Obesidade grau 1 30-34,9 Moderado
Obesidade grau 2 35-39,9 Grave
Obesidade grau 3 Igual ou maior que 40 Muito grave

Riscos da obesidade

  • Doenças metabólicas, como diabetes;
  • Problemas cardiovasculares;
  • Esteatose hepática, popularmente chamada de gordura no fígado;
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Asma;
  • Comprometimentos dos sistemas urinário e digestivo;
  • Danos aos órgãos, em função da deposição de gordura, e à saúde de uma forma geral.

Fazer o cálculo do IMC é fácil, mas dados devem ser interpretados por médico endocrinologista, que pode demandar outros exames, dependendo do caso — Foto: Pixabay

Como entender os valores

A médica endocrinologista enfatiza que a fórmula é usada para detectar o IMC de forma geral. Assim como no caso de exames laboratoriais, para interpretar os valores desse índice são necessários avaliação médica e outros exames prescritos de forma individualizada para cada paciente. Isso porque a fórmula apenas considera peso e altura, sem apontar o quanto da massa corporal corresponde a músculo (massa muscular magra) e o quanto corresponde a gordura. Para entender como é a composição corporal da pessoa e os riscos de complicações, portanto, outros fatores individuais precisam ser considerados.

– Às vezes, o IMC é alto, mas há mais músculos do que gordura. Além de não dizer o quanto é músculo e o quanto é gordura, o índice não mostra onde a gordura está localizada. A pessoa pode ter mais gordura abdominal, mesmo tendo IMC mais baixo – comenta a endocrinologista, lembrando que a concentração de gordura no abdômen está associada a maior risco de morbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares.

IMC não faz distinção entre gordura e e massa magra. Pessoas musculosas podem ter índice elevado, sem correrem riscos de obesidade e doenças — Foto: Getty Images

Vale acrescentar que, para entender esses riscos, não se trata apenas de medir a circunferência abdominal. Segundo a endocrinologista, essa avaliação não é fácil realizar. Mesmo profissionais de saúde precisam de preparo para checar e avaliar essa medida. Na consulta ao endocrinologista, o médico faz essa verificação e avalia o quadro da pessoa.

Melo destaca outro exemplo de caso que merece atenção. Há indivíduos que podem estar dentro da faixa de IMC considerada normal, terem um aumento expressivo desse índice ao longo de um ano e mesmo assim se manterem em valores não considerados de risco. Em situações como essa, apenas o médico conseguirá avaliar as chances de complicações.

– Se a pessoa não é atleta e o IMC está acima de 30 kg/m², deve fazer um segmento médico regular. Mulheres têm acompanhamento de rotina com ginecologista, que vê como o IMC está e sua progressão. Homens devem ir ao médico a cada 3 ou 5 anos para fazer esse rastreio. O índice que se tem aos 20 anos será diferente daquele aos 30 e aos 40 anos, porque vai progredindo e piorando. Dependendo da progressão, como se o IMC era 20 kg/m² e em um ano há um aumento de 5 kg/m², passando para 25 kg/m², é preciso avaliação médica. Se continuar assim, o que poderá acontecer no ano seguinte? – detalha.

Considerando que fazer a conta é fácil, mas que interpretar os dados não é tão simples assim, a endocrinologista explica quando os valores do IMC merecem atenção e buscar ajuda médica é ainda mais urgente. O acompanhamento do endocrinologista nesses casos será essencial, inclusive para monitorar o peso e saber quando é preciso reduzi-lo ou mantê-lo. Há pessoas que passam muitos meses sem subir em uma balança e, quando o fazem, descobrem que estão com 5 kg ou 10 kg a mais. Quanto maior esse aumento, maiores os riscos à saúde.

  1. Sinal amarelo: quando o IMC é igual ou maior que 25 kg/m² e há um ganho de peso acelerado em um ano;
  2. Sinal vermelho: quando o IMC é igual ou maior que 40 kg/m².

Se IMC aumenta muito em um ano, é preciso procurar médico para evitar essa progressão — Foto: Istock

IMC ideal é individual

Sim, a faixa de 18,5 kg/m² a 24,9 kg/m² é considerada normal. Todavia, a médica destaca que não se pode considerá-la uma regra para todos os indivíduos. Manter-se entre esses valores a todo custo não deve ser o objetivo. Melo é enfática: cada pessoa precisa buscar o seu menor peso saudável possível e, às vezes, o IMC estará acima de 24,9 kg/m².

– Essa faixa de normalidade não é objetivo de quem tem IMC 40 kg/m², 50 kg/m² ou 60 kg/m² e risco muito grave. Nesses casos, devem se manter no seu menor peso possível. Se uma pessoa tem IMC 40 kg/m² ou 45 kg/m² e o reduz para 30 kg/m², é muito bom. Não precisa chegar a essa faixa normal – exemplifica.

Faixa de normalidade não deve ser alvo de todas as pessoas. Deve-se alcançar menor peso saudável possível, especialmente quando IMC passa de 30 kg/m2 — Foto: Getty Images

Nesse contexto, ao se consultar com médico endocrinologista, a pessoa pode conhecer o seu peso saudável ideal. A médica comenta que procurar esse especialista é essencial, especialmente para quem apresenta sobrepeso ou obesidade. Afinal, emagrecer está longe de ser uma tarefa fácil, principalmente se o IMC do indivíduo é superior a 30 kg/m². Dependendo do quadro, somente com um acompanhamento de um endocrinologista será possível conquistar o peso ideal.

– É preciso procurar um profissional que seja habilitado para tratar excesso de peso. Há médicos que podem recomendar "fechar a boca". Mas se fosse tão simples assim, a pessoa não procuraria ajuda. Quem quer perder peso se cuida, fecha a boca e mesmo assim não emagrece, porque é muito mais complexo. Essas pessoas acabam sendo discriminadas. Mas elas precisam de muito apoio e acolhimento para um tratamento com dignidade que inclua mudança de estilo de vida, medicamentos e cirurgia, em casos mais graves – afirma Melo.

Em modalidades como corrida, atletas tendem a ter baixo IMC, mas não significa que haverá riscos relacionados a baixo peso, como osteoporose — Foto: Pexels

Quando o IMC é baixo

Embora o cálculo permita realizar uma classificação sobre riscos de obesidade, é preciso ter atenção quando os valores são inferiores a 18,5 kg/ m². Índice de Massa Corporal baixo pode demandar verificação de riscos de osteoporose, além de causar alterações e interrupções menstruais, infertilidade e comprometimento de humor. A médica comenta que há pessoas que são magras constitucionais e têm metabolismo mais acelerado. De tal forma, o IMC pode ficar abaixo de 18,5 kg/m² e elas estarem saudáveis. No entanto, como pode haver agravamentos à saúde e ao bem-estar, deve-se consultar endocrinologista para avaliação e diagnóstico.

Há o caso ainda de atletas profissionais e amadores. Em modalidades como ciclismo e corrida, por exemplo, os praticantes podem ter IMC baixo sem apresentar riscos de complicações à saúde. Em outros casos, atletas podem ter IMC elevado, mas contar com mais massa muscular, que não está relacionada a doenças. Por isso, como não há valores determinados para esses perfis, é importante que quem pratica esportes de forma amadora ou profissional converse com médico para verificar seu peso e IMC ideais.

– Não há recomendação oficial para atletas, pois os padrões são variáveis. Será preciso avaliar a composição corporal por meio de densitometria óssea e bioimpedância e verificar o percentual de gordura. Quando estão muito abaixo da normalidade, devem ser verificadas as causas – comenta a médica.

Aumentar consumo de frutas, legumes e verduras diariamente é prática essencial para manter peso e IMC adequados — Foto: iStock Getty Images

Dicas para manter um bom IMC

Independentemente da forma de rastreio de riscos e valores de Índice de Massa Corporal, a recomendação é adotar bons hábitos. Atividades físicas são essenciais para uma vida saudável e grandes aliadas na perda de peso. Mas Melo comenta que, quando se trata de emagrecimento, a alimentação é o fator determinante.

– Incluir os exercícios na rotina é muito importante. Mas quando se pensa em perda de peso, a intensidade tem que ser muito alta para ter influência. Um exemplo é uma corrida de uma hora todos os dias. E é difícil aderir a essa quantidade. Então, o básico para perder peso é combinar a alimentação, que é o mais importante, com exercícios – completa.

Portanto, a manutenção de um bom peso e consequentemente do IMC envolve medidas como:

  1. Consumir cinco porções de frutas, legumes e verduras diariamente. Para tanto, distribua essa quantidade nas refeições e, durante os lanches, troque os alimentos prontos para consumo, como sanduíches, por uma fruta e um iogurte, por exemplo;
  2. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em açúcar e gordura e favorecem o ganho de peso;
  3. Evitar a ingestão de bebidas industrializadas açucaradas, como sucos em caixinha e refrigerantes;
  4. Fugir aos lanches que parecem ser práticos. Para tanto, é preciso programar as refeições e prepará-las em casa. Assim, é possível se alimentar de forma mais saudável. Uma sugestão é que, durante os finais de semana, a pessoa planeje e prepare as refeições. Assim, quando começar a semana, estará tudo organizado, sem precisar comer na rua ou cair na armadilha dos lanches prontos que prometem praticidade. Essa é uma medida muito importante para quem quer emagrecer e também adotar uma alimentação mais saudável;
  5. Evitar ter em casa alimentos que contribuam para o ganho de peso. Além dos industrializados, procure não ter guloseimas como bolos na sua cozinha. No momento em que bater fome, a tendência será optar por esses alimentos e deixar as frutas de lado. Mas não significa que nunca mais será possível comer bolos, por exemplo. Uma sugestão é optar por fazer esse consumo em ocasiões sociais, como festas;
  6. Praticar atividades físicas regularmente;
  7. Consultar médico endocrinologista ao notar IMC alto ou aumento elevado em um período de um ano. Obesidade é uma doença que requer acompanhamento profissional e acolhimento da pessoa para que o tratamento seja eficaz. Nesse processo, podem ser necessários medicamentos e, em casos mais graves, cirurgia bariátrica.

Evite consumir alimentos ultraprocessados e até tê-los em casa. Assim, é mais fácil optar por frutas e comidas caseiras na hora da fome — Foto: iStock Getty Images

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