Sustentabilidade
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Por Tradução: Fabiana Skaf; Apoio: Hering


Emissões de carbono
Ver emissões de CO2.

Emissões de CO2
Também conhecidas como emissões de carbono, emissões de CO2 se referem ao lançamento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Emissões de CO2 estão ligadas à queima de combustíveis fósseis e biomassa, uso e gerenciamento da terra, além da produção industrial. Como principal gás do efeito estufa (GEE), o CO2 afeta gravamente o equilíbrio de radiação sobre a Terra e contribui significativamente para o aquecimento global e mudança climática. A indústria da moda é uma grande fonte de emissões de CO2. Elas estão ligadas principalmente à produção de materiais sintéticos e também aos volumes extremamente altos de itens descartados prematuramente que são mandados para incineração ou acabam no aterro sanitário.

Substâncias Químicas
O termo ‘substâncias químicas’ aqui se refere a substâncias feitas artificialmente que são produzidas ou usadas em reações que mudam átomos ou moléculas. Enquanto as substâncias químicas variam em seu impacto, a produção de produtos de moda conta intensamente com o uso de substâncias químicas que causam considerável dano ambiental, incluindo diminuição da fertilidade do solo e poluição da água, que também são responsáveis por graves riscos de saúde. Pesticidas e fertilizantes químicos são usados na produção de materiais naturais tais como algodão para a proteção contra insetos, mofo e ervas daninhas, e para aumentar o rendimento. Substâncias químicas também são necessárias para processar fibras em fios e fios em tecido. Tinturas, tratamentos de superfície, camadas para aprimorar a performance e tratamentos, aplicação de repelente de água e manchas e retardadores de chama são todos estágios com uso intensivo de substâncias químicas na produção têxtil. Há riscos de saúde significativos envolvidos para as pessoas que lidam com essas substâncias químicas, frequentemente em condições sem medidas de saúde e segurança suficientes. Apesar de melhorias graduais, o uso de substâncias químicas perigosas ainda é uma prática amplamente disseminada entre as principais marcas mundiais. Além disso, substâncias usadas em diferentes estágios de produção frequentemente permanecem nos tecidos, e sua liberação gradual durante o estágio do uso traz ainda mais perigos à saúde humana e Ambiental.

Algodão
O algodão é uma fibra macia que cresce em cápsulas, ou casulos protetores, em plantas de algodão, e é uma das fibras mais antigas cultivadas para fins têxteis. A agricultura do algodão responde por 2,3% do uso de terra arável do mundo em cerca de 75 países, em sua maioria em desenvolvimento, com China e Índia sendo os líderes mundiais. Sendo uma importante cash crop, o algodão traz renda para milhões de fazendeiros, mas é também responsável por graves impactos sociais e ambientais. A média mundial de uso de água para 1 quilo de algodão (equivalente a 4 camisetas) é 10 mil litros. Apesar de o algodão apresentar certa tolerância à seca e ao calor, o fornecimento de água aumenta o rendimento e melhora a qualidade e o comprimento da fibra. Como resultado, estima-se que quase 3/4 do algodão seja irrigado. Isso traz consequências danosas para a oferta de água e o equilíbrio local da água em regiões que já sofrem de escassez de água, como por exemplo Egito, Uzbequistão, Paquistão e Austrália. Além disso, o algodão é altamente vulnerável a infestação de pragas e o cultivo do algodão convencional (ao contrário de safras geneticamente modificadas (GM), algodão orgânico ou algodão da Better Cotton Initiative (BCI) conta com o uso de mais pesticida por unidade do que qualquer outro cultivo. Substâncias químicas tóxicas usadas no cultivo do algodão causam poluição da água e trazem impacto de longo prazo à fertilidade do solo, resistência a pragas e perda de biodiversidade. Elas também trazem graves perigos à saúde para comunidades locais e principalmente para os trabalhadores que os manuseiam, incluindo mão de obra infantil. No entanto, o conforto físico e as propriedades técnicas do algodão dificilmente são igualados e atualmente não existe nenhuma alternativa comparável no mercado. As melhores opções disponíveis incluem o algodão orgânico, algodão da BCI e outros algodões certificados, cultivados de forma mais responsável. Ainda assim, essas opções ainda cobrem apenas uma fração do mercado do algodão.

Distribuição
Distribuição se refere ao despacho e logísticas de fibras virgens, materiais, componentes e itens sem acabamento no processo de fabricação e subsequente entrega dos produtos finais aos clientes finais por meio de canais de varejo ou e-commerce. A natureza global da cadeia de abastecimento da moda significa que matérias primas podem ter origem em um país mas provavelmente serão tecidos em outro, e então serão despachados para serem transformados em tecido em algum outro lugar e mais tarde transportados para acabamento ainda em outro local, diferente novamente de onde o produto final será fabricado. A rápida mudança para a fabricação offshore desde a década de 1990 significa que a maioria desses processos tipicamente acontece longe do local geográfico da empresa que faz as encomendas e seu mercado alvo, e portanto produtos acabados ainda tem de ser despachados para o local onde são vendidos. Tudo isso tem um impacto, a viagem coletiva e a distribuição aumentam ainda mais as emissões de CO2 e a pegada ecológica geral dos produtos de moda. Apesar disso tudo, estima-se que o impacto da distribuição seja relativamente baixo em comparação com outros estágios da corrente de valor da moda.

Tingimento
Tingimento é o processo usado para fixar cor a um tecido ou plástico. Enquanto a cor está contida no corante ou pigmento, outras substâncias químicas são usadas para permitir que o material absorva as tinturas e as liguem ao fio. Elas incluem resina polimérica, aglutinantes, plastificantes e surfactantes. O tingimento pode ser usado para colorir fios, tecidos, roupas ou criar estampas. As próprias tinturas podem conter metais pesados e substâncias químicas, que podem se decompor em compostos carcinogênicos e causar reações alérgicas aos trabalhadores e usuários. Com o aumento da conscientização pública em relação a preocupações ambientais e de saúde, tinturas naturais que oferecem alternativa às substâncias químicas prejudiciais estão cada vez mais presentes em termos de disponibilidade e popularidade.

Tinturas
Tinturas são substâncias naturais e sintéticas que quimicamente se ligam aos materiais aos quais são aplicados. O uso de tinturas têxteis exige grande demanda de uso de água, que é crítico, pois a produção têxtil frequentemente ocorre em áreas que já sofrem de escassez de água. O processo de tingimento é também uma grande fonte de poluição de água, já que muitas regiões produtoras de tecidos não possuem adequada legislação ambiental e de saúde e segurança. Como resultado, o resíduo de água não filtrado é frequentemente descartado em cursos d’água locais. Isso causa graves perigos de saúde e ambientais, agravados pelo fato de que muitas tinturas contêm metais pesados, tais como chumbo ou cádmio, e algumas podem se decompor em compostos carcinogênicos. Maiores preocupações estão relacionadas à continua liberação dessas substâncias durante a lavagem doméstica.

Crescimento econômico
Ver Crescimento.

Eficiência
Eficiência se refere à razão de esforço e recursos gastos para atingir o propósito pretendido. Na moda, economia considerável no uso de energia e emissões de CO2 foi conseguida devido ao progresso em pesquisas e inovação tecnológica. Ainda assim, os benefícios finais dessas economias se perdem devido aos sempre crescentes velocidade e volume de produção, consumo e desperdício. Por exemplo, enquanto a indústria da moda relatou um aumento de 30% em eficiência de recursos por unidade entre 1980 e 2010, estima-se também que até 2007 o número de novos itens de vestuário vendidos quase dobrou. Isso significa que soluções tecnológicas para aumentar a eficiência têm pouco significado caso se deparem com crescimento contínuo da indústria, que aumenta a demanda de mercado e as expectativas dos consumidores.

Uso de energia
O uso de energia se refere à quantidade de energia necessária para produzir bens e oferecer serviços. Produtos de moda têm alta demanda de uso de energia durante todo seu ciclo de vida. Isso começa com a produção de fibras, fabricação, distribuição e varejo, e continua com a lavagem doméstica e manutenção durante o uso. No estágio de descarte, tanto a incineração, descarte em aterro sanitário e reciclagem exigem um alto uso de energia. Todos esses processos contam principalmente com recursos não renováveis como combustíveis fósseis, que não apenas exaurem recursos naturais, mas também causam dano ambiental ainda maior por altas emissões de CO2 e gases do efeito estufa (GEE). Apesar de uma economia considerável no uso de energia e nas emissões por unidade ter sido atingida por meio de progresso em pesquisa e inovação tecnológica, esses benefícios praticamente se perdem por conta do constante aumento na velocidade e no volume da produção de moda, consumo e geração de resíduos.

Custos ambientais
A ONU define custo Ambiental como “custos ligados à deterioração real ou potencial de ativos naturais devido a atividades econômicas”. A consideração de custos ambientais está intimamente ligada ao conceito de Triple Bottom Line que estende o foco da contabilidade tradicional de considerar apenas transações financeiras e lucro (bottom line) para também considerar na contabilidade os impactos que atividades comerciais têm sobre as pessoas e sobre o meio-ambiente.

Externalização de custos
Externalização de custos, também conhecido como externalidades negativas, são impactos sociais e ambientais que empresas descarregam a terceiros, tipicamente aqueles sem nenhuma influência sobre tais desenvolvimentos, a fim de maximizar seus lucros. A discussão de externalidades se conecta principalmente com a aguda conscientização de que os custos ambientais e sociais de bens consumidos no Hemisfério Norte são em grande parte buscados em países do Hemisfério Sul. Esses países frequentemente fornecem mão de obra barata e geralmente ainda não têm padrões ambientais estritos para produção, descarte de resíduo industrial ou proteção suficiente aos direitos dos trabalhadores, assim como à sua saúde e segurança. Infelizmente isso ficou em destaque pelo colapso do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, em abril de 2013, onde 1134 trabalhadores que produziam roupas para marcas famosas internacionais foram mortos, e muitos tiveram lesões que os deixaram debilitados para o resto da vida.

Fast fashion
Fast fashion é um modelo de produção e consumo de moda que conta com a rápida movimentação de estilos e produtos com preços de promoção, frequentemente levando ao rápido descarte de peças, cumulativamente resultando em custos ambientais e sociais extremamente altos por toda a cadeia de valor. O modelo de fast fashion expandiu mundialmente desde a década de 1990, e o aumento de fabricação offshore com acesso a mão de obra barata em países em desenvolvimento tem sido um grande facilitador de sua expansão mundial. A repentina disponibilidade de grandes volumes de itens de fast fashion baratos ao longo dos últimos 20-30 anos criou um mindset que torna aceitável "consumir e descartar roupas regularmente". A alta movimentação de produtos de moda é atualmente uma prática disseminada, e pesquisas mostram que roupas são frequentemente usadas por menos que uma temporada. Estima-se que o número de vezes que um item de vestuário é usado antes de seu descarte diminuiu em uma média mundial de 36% nas duas últimas décadas, e o número médio de vezes que uma roupa é vestida é agora mais baixo na China do que na Europa. Deve-se notar que nenhum item de vestuário pode ser definido de modo preciso como ‘fast fashion’, já que o ciclo começa com o plantio de uma semente ou a extração de petróleo, e leva muitos meses, anos ou décadas antes que uma roupa acabada seja vendida e usada.

Safra geneticamente modificada (GM)
Safras geneticamente modificadas são plantas agrícolas modificadas pela inserção de novas informações genéticas que mudam ou melhoram seus traços naturais, como resistência a pragas, doença, clima e maior valor nutritivo. Um exemplo inclui o algodão geneticamente modificado, também conhecido como algodão biotech ou algodão Bt. O algodão Bt é modificado por meio do gene de uma bactéria que ocorre naturalmente no solo, Bacillus thuringiensis para fortalecer a safra contra pragas comuns como a lagarta. Estima-se que o algodão geneticamente modificado agora responda por mais de três quartos da produção mundial de algodão. Sabe-se que ele produz maior rendimento em comparação com o algodão convencional. Na maioria dos casos, ele também evita a necessidade de usar fertilizantes. Enquanto os benefícios de usar algodão geneticamente modificado incluem o crescimento mais eficiente e a necessidade reduzida de substâncias químicas agrícolas, as safras geneticamente modificadas também têm sido criticadas pelo monopólio corporativo sobre a tecnologia GM, e também por seus potenciais impactos ambientais, como formar tolerância de pragas para cepas resistentes, potencial persistência no ambiente, e possível transferência de genes modificados para outras safras. Além disso, críticos conectaram o alto custo de insumos por sementes de Bt e a dívida acumulada resultante com o aumento na ocorrência de suicídio de fazendeiros, ainda que até o momento há falta de evidência fatual que confirme que as taxas de suicídio de agricultores de algodão são mais altas em comparação com outros fazendeiros (Nota: válido no momento da redação, dezembro de 2019).

Crescimento
Em 1972, o relatório The Limits to Growth, encomendado pelo The Club of Rome, previu que se atuais padrões de expansão exponencial econômica e populacional continuassem, os limites ambientais do planeta poderiam ser atingidos dentro dos próximos 100 anos. Uma versão atualizada do relatório, Beyond the Limits, cuja publicação coincidiu com a Cúpula da Terra da ONU de 1992, concluiu que os limites ambientais do planeta seriam atingidos muito mais cedo do que os autores haviam originalmente previsto. Está cada vez mais claro que perseguir o crescimento econômico exponencial com os recursos finitos do planeta é impossível sem sombrias consequências mundiais para o ambiente e a humanidade. Isso também levou ao surgimento do conceito de economia pós-crescimento. Pensadores pós-crescimento destacam que o desenvolvimento econômico não pode se dissociar dos limites e necessidades ambientais para considerar cuidadosamente a prosperidade e o bem-estar futuros tanto das pessoas quanto do planeta.

Substâncias químicas perigosas
Substâncias químicas perigosas são substâncias químicas conhecidas por trazerem sérios perigos à saúde humana e ambiental. Eles podem incluir, sem se limitar a: substâncias carcinogênicas; mutagênicas; tóxicas para a reprodução; que causam reações de alergia de pele e respiratórias; substâncias químicas que trazem problemas endócrinos; além de substâncias que são persistentes, bio-cumulativas ou tóxicas quando liberadas nos sistemas aquáticos e no ambiente. Todos os estágios da produção têxtil contam intensamente no uso de substâncias químicas. As substâncias químicas perigosas mais comuns usadas na fabricação têxtil, durante os estágios de pré-tratamento, tingimento, estamparia e acabamento, incluem solventes, surfactantes, repelentes de água e sujeira, biocidas e pesticidas, corantes/pigmentos, retardadores de chama, plastificantes e pigmentos. Por exemplo, um relatório de recomendação de política feito pela Swedish Chemicals Agency compilou uma lista não completa de 1900 substâncias químicas usadas na produção têxtil, dos quais 165 foram identificados como perigosos sob a legislação da União Europeia.

Perigos à saúde
Todos os estágios de produção, uso e descarte de produtos de moda estão associados a perigos à saúde de várias intensidades. Eles podem incluir problemas respiratórios, doenças que ameaçam a vida como cancer, lesões graves e debilitantes, e até a morte. Por exemplo, o cultivo convencional de fibras naturais como algodão conta intensamente com o uso de pesticidas, frequentemente manuseados por fazendeiros e mão de obra infantil sem equipamento protetor suficiente e medidas de saúde e segurança após a aplicação. Substâncias químicas tóxicas são usados no processamento de fibras em fios e fios em tecidos. Apesar das melhoras graduais, o uso de substâncias químicas perigosas ainda é uma prática disseminada entre as principais marcas do mundo. Além de graves perigos para quem manuseia essas substâncias na fase de produção, uma vez liberadas no meio-ambiente, essas substâncias químicas colocam a saúde humana em mais risco ainda por meio da contaminação do ar, água e cadeias alimentares. É fato conhecido que trabalhadores em toda a cadeia de abastecimento mundial trabalham longas horas em condições frequentemente inseguras, onde um alto número de incidentes que ameaçam a saúde e a vida são uma realidade cotidiana.

Incineração
Incineração é o processo de destruição de resíduo por meio da queima. Estima-se que apenas cerca de um quarto das roupas usadas são reusadas ou recicladas no mundo todo, e ainda que haja significativas diferenças regionais nas taxas de coleção, uma média mundial de aproximadamente 75% das roupas usadas acabam ou no aterro sanitário ou são incineradas. Enquanto a incineração seja relativamente preferível ao aterro sanitário porque recupera parte da energia dos produtos e reduz o volume de lixo nos aterros sanitários, ela também libera níveis perigosos de emissões de CO2 na atmosfera e aumenta ainda mais a pegada de carbono dos produtos de moda. A incineração de itens feitos de fibras sintéticas contribuem para com a poluição por microfibra, já que pode liberar microplásticos no meio-ambiente. Além disso, a incineração leva ao acúmulo de cinzas tóxicas contaminadas por metais pesados (por ex. chumbo, cádmio) e outras substâncias altamente tóxicas (por ex. dioxinas). A cinza é então depositada nos aterros sanitários, de onde podem vazar e causar dano grave ao meio-ambiente e à saúde humana. Como estamos enfrentando uma emergência climática, a prática, ainda disseminada, de incinerar estoques novos e não vendidos para proteger o valor da marca de moda é especialmente alarmante.

Irrigação
Irrigação se refere a sistemas que entregam quantidades controladas de água a cultivos ou terra. A irrigação de cultivos para a produção têxtil, principalmente algodão, traz altas demandas de uso de água. O fato é altamente problemático porque o cultivo de algodão frequentemente acontece em regiões que já sofrem de escassez de água. Apesar de o algodão apresentar certa tolerância à seca e ao calor, um abastecimento contínuo de água aumenta o rendimento e melhora a qualidade e o comprimento da fibra. Como resultado, estima-se que 73% do algodão produzido no mundo seja irrigado. No entanto, métodos de irrigação frequentemente são ineficazes e causam perda de água antes de a água chegar à lavoura. O mal gerenciamento da irrigação e uso exagerado de água também prejudicam as fontes de água locais como rios e lagos e têm impactos adversos sobre a biodiversidade local, abastecimento de alimentos e saúde humana. Além disso, em regiões com infraestrutura de irrigação pobre, a irrigação é uma tarefa que exige mão de obra intensa e conhecida por empregar mão de obra infantil.

Aterro sanitário
Aterro sanitário é uma área de terra onde resíduos são enterrados sob camadas de terra. Estima-se que apenas cerca de um quarto das roupas usadas no mundo todo sejam reusadas ou recicladas, e enquanto as taxas de coleta para reciclagem variem significativamente entre regiões, uma média mundial de aproximadamente 75% de roupas descartadas acabam ou sendo incineradas ou são depositadas em aterros sanitários. De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, isso equivale a um caminhão de lixo de têxteis a cada segundo. Uma considerável proporção de itens de vestuário que vão parar no aterro sanitário são itens ainda inteiramente funcionais e com valor, e portanto levar essas peças ao aterro sanitário desperdiça preciosos recursos usados na produção de roupas. Aterros sanitários também acarretam enormes custos econômicos e custos ambientais. Por exemplo, com o custo médio de 100 libras esterlinas por tonelada, roupas jogadas em aterros sanitários custa à economia do Reino Unido 82 milhões de libras esterlinas por ano. De modo crítico, aterros sanitários causam poluição do ar por emissões de CO2 e metano. Também exigem grandes áreas de terra e portanto trazem efeitos adversos sobre a biodiversidade, fertilidade do solo e desvalorização das paisagens locais. A poluição do lençol freático a partir de vazamentos do aterro sanitário é outra preocupação, trazendo graves perigos tanto aos ecossistemas locais quanto à saúde humana.

Poluição por microfibra
Microfibras são fibras com menos de 5 mm de tamanho, que se desprendem de têxteis e roupas durante todos os estágios de seu ciclo de vida, desde a produção até o uso e descarte. Enquanto microfibras se desprendem tanto de materiais naturais quanto de materiais sintéticos, sintéticos como poliéster, nylon ou acrílico estão ligados ao desprendimento de um subgrupo específico de microfibras chamadas microplásticos (partículas de plástico com menos de 5 mm de tamanho). Estima-se que até 20-35% de toda fonte primária de microplásticos nos oceanos sejam de têxteis sintéticos e a tendência está aumentando. A liberação de microfibra é agora reconhecida como uma fonte importante de poluição dos oceanos, com efeitos prejudiciais sobre a vida selvagem marinha por meio da ingestão de partículas de plástico em miniatura. Preocupa-se também cada vez mais sobre as potenciais implicações na saúde humana, já que as microfibras entram nas cadeias alimentares e pode agir como condutores de substâncias químicas prejudiciais que persistem no meio-ambiente.

Materiais naturais
Materiais naturais vêm em duas grandes categorias: com base em celulose ou em planta (por ex. algodão, cânhamo, linho) e com base em proteína ou animal (por ex. lã, seda, couro, penas). Enquanto muitas vezes tendem a ser rotulados como “bons” e alternativas preferíveis a materiais sintéticos, o impacto social e ambiental de todos os materiais variam em relação de onde vêm e como são produzidos. Por exemplo, o algodão é uma lavoura com alto requerimento de uso de água para aumentar o rendimento do plantio e o comprimento da fibra, o que é altamente problemático, pois ele é cultivado em grande parte em áreas que já sofrem com a escassez de água. O algodão cultivado de modo convencional (ao contrário das safras geneticamente modificadas (GM), algodão orgânico ou algodão da Better Cotton Initiative (BCI), também conta com o uso pesado de inseticidas e pesticidas. Materiais com base animal, incluindo lã, couro, seda ou penas precisam de cuidadosa consideração em termos de bem-estar animal, uso da terra e tratamentos intensivos com substâncias químicas. A rastreabilidade da cadeia de abastecimento, a seleção do material certo para a aplicação certa, processos de fabricação, distribuição, lavagem e práticas de manutenção durante o uso, e também como produtos da moda são descartados em seu fim de ciclo devem todos entrar na equação. A sustentabilidade do material é, portanto, complexa e sempre depende do contexto.

Superconsumo
Superconsumo é um modo de consumo excessivo que supera o ritmo tanto das necessidades reais dos indivíduos e a capacidade dos ecossistemas mundiais de se regenerar. As taxas de consumo de moda no hemisfério norte estão em ascensão desde a década de 1950, seguidas de desenvolvimento semelhante em economias emergentes tais como Índia e China. Ainda, o consume de moda acelerou especialmente desde a década de 1990 com a introdução do modelo de fast fashion. A alta produção de produtos de moda é agora uma prática disseminada em muitas áreas do mundo e pesquisas mostram que itens de vestuário são geralmente usados durante menos de uma estação. Estima-se que o número de vezes que um item de vestuário é usado antes do descarte diminuiu em uma média mundial de 36% durante as últimas duas décadas, e o número médio de vezes que um item de vestuário é usado é agora mais baixo na China do que na Europa. Grandes quantidades de roupas valiosas são regularmente descartadas, e como apenas uma pequena fração pode ser reciclada, a maioria acaba sendo destinada para incineração ou acabam indo parar em aterros sanitários. Além dos volumes alarmantes de lixo, os "intermináveis ciclos de desejo e desapontamento" ligados a produções rápidas de estilos também têm efeitos potencialmente negativos sobre o bem-estar de usuários de moda.

Embalagem
Embalagem é a camada protetora de material que cobre produtos em vários estágios de sua fabricação, distribuição, venda e uso. É principalmente a embalagem plástica e acessórios usados ao longo de todos os estágios da cadeia de valor que destacam as crescentes preocupações em relação aos fluxos de lixo gerados pela indústria da moda. O baixo custo e propriedades versáteis do plástico de uso único se refletem em seu uso disseminado: coberturas para rolos de tecido e componentes entregues a fabricantes; coberturas protetoras individuais para itens de vestuário quando chegam a uma loja ou armazém; cabides de roupas em lojas de varejo e lares; sacolas de compras; e embalagem usada para entrega de compras online. Estima-se que embalagens plásticas agora são responsáveis por 26% do volume total de todo uso de plástico, e que dos 150 milhões de toneladas de plásticos no oceano atualmente, a maioria tem origem nas embalagens de bens de consumo.

Poliéster
Poliéster é a fibra sintética mais comum do mundo, e que, ao lado do algodão, responde pela maior parte do mercado de fibra mundial. Sua produção conta em grande parte com recursos não renováveis como petróleo e combustíveis fósseis baseados em carbono, e está ligado com altas emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa (GEEs). O processo de produção é também intenso no alto uso de energia; o que significa que o poliéster exige consideravelmente mais uso de energia que o algodão. Por outro lado, ele geralmente usa apenas uma fração da água exigida pelo algodão. Como outras fibras sintéticas, o poliéster está cada vez mais associado com a poluição por microfibra, especificamente microplásticos, que colocam em perigo a vida selvagem marinha e traz sérios riscos à saúde humana e ambiental. Alternativas agora incluem poliéster reciclado ou poliéster com base bio; no entanto, ambos atualmente cobrem apenas uma fração do mercado de poliéster. Além disso, assim como o poliéster convencional, as alternativas ao poliéster ainda contribuem com a poluição por microfibra.

Resíduos pré-consumidor
Resíduo pré-consumidor é resíduo gerado antes que um produto tenha alcançado seu usuário alvo. Exemplos incluem sobras de cortes de tecidos e couro originários do processo de fabricação, além do excesso de estoque de tecidos e produtos acabados não vendidos.

Materiais sintéticos
Materiais sintéticos são feitos ou de polímeros naturais (ex. viscose, lyocell, acetato) ou de polímeros sintéticos (ex. poliéster, nylon, acrílico). Os processos de fabricação contam com uso pesado de substâncias químicas, alto uso de energia e depleção de recursos não-renováveis. A queima de combustíveis fósseis para o funcionamento de plantas químicas também gera altos volumes de emissões de CO2 e gases do efeito estufa (GEE). Ainda assim, como no caso de materiais naturais, os impactos de cada material sintético variam em relação a onde e como ele é fabricado. Por exemplo, a produção de rayon (viscose, modal e lyocell) usa polpa de madeira como matéria-prima e portanto contribui com taxas alarmantes de desmatamento, a menos que a madeira seja cultivada e extraída sob um programa florestal responsável como o Canopy. Materiais sintéticos também são cada vez mais associados à poluição por microfibra e a liberação de microplásticos, que colocam em perigo a vida selvagem marinha e a saúde humana.

Modelo pegar-fazer-usar-descartar
O modelo linear pegar-fazer-usar-descartar se refere a um modo de produção e consumo em que recursos são extraídos, exauridos e descartados sem qualquer consideração quanto ao seu estágio do fim de vida útil ou sua capacidade regenerativa. Isso contrasta com o modelo de economia circular e estratégias de reciclagem de circuito fechado, que têm como objetivo minimizar a depleção de recursos naturais e reduzir o lixo e a poluição mantendo materiais, produtos e recursos em uso pelo máximo de tempo possível, por meio de ciclos iterativos de recuperação e regeneração de recursos.

Poluição da água
Poluição da água se refere à contaminação de cursos d’água, lagos, oceanos, lençol de água e fontes de água potáveis devido à atividade humana. O papel da moda na poluição da água está ligado ao uso repetido de pesticidas e fertilizantes usados na produção de materiais naturais e a contaminação de corpos d’água com substâncias químicas tóxicas provenientes de todos os estágios da produção têxtil, incluindo processos tais como tingimento e acabamento. Ainda mais poluição é causada pela liberação de substâncias químicas e microplásticos durante a fase de uso da roupa, principalmente por meio da lavagem doméstica. Grandes volumes de roupas não vendidas e usadas depositados em aterros sanitários causam ainda mais dano à água por meio de vazamentos nos cursos d’água. O Rio Citarum, na Indonésia, com mais de 200 fábricas têxteis ao longo de sua margem, é considerado o rio mais poluído do mundo.

Escassez de água
Escassez de água se refere à falta de fontes de água, incluindo água potável, para atender as necessidades de uma população. A produção de têxteis para a indústria da moda é responsável por uma alta proporção de uso de água no mundo todo, o que é especialmente alarmante considerando que a produção têxtil ocorre em grande parte em regiões que já sofrem de escassez de recursos hídricos, como Índia e China. Pesquisas estimam que 4 bilhões de pessoas (metade da população mundial) enfrentam grave escassez de água por pelo menos um mês por ano, e quase 50% dessas pessoas vivem na Índia e China. Meio bilhão de pessoas então vivem com grave escassez de água durante o ano todo. A escassez mundial de água é exacerbada pela mudança climática e pelo crescimento da população (projeções da ONU: 8,5 bilhões em 2030, 9,7 bilhões em 2050, 10,9 bilhões em 2100). O relatório de 2019 de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial lista a crise hídrica como uma das principais preocupações para a próxima década.

Stress hídrico
Ver escassez de água.

Uso de água
Uso de água é o volume de água fresca usada por indivíduos e empresas. Isso inclui tanto água consumida quanto água poluída no processo de atender as necessidades e demandas para a produção de bens e serviços para indivíduos e comunidades no mundo todo. Relacionado ao uso de água está o conceito de pegada hídrica, desenvolvido para aprimorar a compreensão de como nossas escolhas de produção e consumo afetam o uso de fontes de água no mundo todo. O conceito de água virtual destaca os fluxos escondidos de água que ocorrem quando produtos são comercializados internacionalmente.

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