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Por Por @wetvividdreams


Lavar as frutas depois da feira de rua tranquiliza a minha mente inquieta. A água fresca saindo da torneira, tocando meus braços quentes do sol matinal de verão. A maresia que faz a pele grudar em tudo se esvai com as gotas transparentes que respingam no meu corpo, molhando meu vestido. O cabelo solto balança no rosto. Da janela da cozinha, vejo você no quintal. A temperatura faz seu corpo transpirar pela camiseta branca e você a levanta constantemente para secar o rosto. Vejo seu tronco por baixo dela nesse vai e vem.

A água escorre pelo meus dedos.

Seus braços mexendo nas flores, trocando-as de lugar. Suas mãos intensas, seu rosto concentrado. A água escorrendo pelos meus dedos. Me toco sobre a roupa e faço movimentos suaves, imaginando você ali comigo.

Olho você de longe no quintal.

Água corrente (Ilustração: Brunna Mancuso) — Foto: Glamour
Água corrente (Ilustração: Brunna Mancuso) — Foto: Glamour

Sinto você entrar aos poucos dentro de mim. Essa sensação me faz segurar a torneira da pia à minha frente como se eu fosse capaz de dar vida à qualquer ser inanimado. Você levanta o meu vestido para admirar a curva das minhas costas e o meu quadril que logo te leva para a minha cintura. Você pousa uma de suas mãos ali, fazendo uma pressão de leve, enquanto me come em movimentos que se alternam entre rápido e devagar. Meus gemidos encontram o ar e ganham forma pela entrada dos raios solares na cozinha. Vejo você pelo reflexo da janela. O desenho do seu corpo segurando o meu, molhado da água da pia, molhado do que escorre do meu sexo.

Molhado.

Você desliza nesse vai e vem com gosto de pêssego doce. Minha boca sorri com o tesão entre os dentes. Seus dedos me excitam por todos os pedaços e, com o rosto colado na minha nuca, consigo escutar seus gemidos acalorados. Coloco uma de suas mãos no meu clitóris e você me masturba enquanto me fode. Meu gozo deixa vislumbres de mim em você – seus pés descalços estremecem no chão. Sua mão embaixo da minha roupa, agora, toca meus seios. Massageia-os. Minhas costas formam uma curva e minha cabeça encaixa na sua. Sua língua nos meus ombros. Seu calor no meu cheiro. Seus lábios. Seus dedos. Meu gozo. A água. Meu gozo. Seus cabelos. O calor de veraneio. Seu corpo. Me sinto um sol e erradio em mim mesma, abrindo, me entregando para o mundo. A minha bunda te toca, e suas mãos a seguram; seus olhos procuram os meus sobre o ombro. Meu corpo. Seu suor. Um rugido tímido se transforma à medida que o som sai de você. Você goza sorrindo, beija minha nuca e me abraça descansando o corpo sobre o meu.

Minha mão na água. Você ali no quintal.
Os dedos entre as pernas se revelam úmidos.

Jogo água no corpo. Pego a faca e corto as frutas para levar até você.

Wet Vivid Dreams (Ilustração: Brunna Mancuso) — Foto: Glamour
Wet Vivid Dreams (Ilustração: Brunna Mancuso) — Foto: Glamour

Diferente de tudo o que nos foi ensinado sobre sexo, o olhar poético sobre um ato tão íntimo não pode ser tido como algo estranho. Muito menos as relações cotidianas, as ações mundanas. Não precisamos de uma orgia para sentirmos sensualidade, luxúria e tesão. O amor, a simplicidade e o autoconhecimento também podem ser sexy. No Wet Vivid Dreams, propomos um prisma sutil para observar a sexualidade, sempre sob o olhar feminino presente tanto nas palavras de Paula Jacob quanto nos traços de Brunna Mancuso. Cores, sons, cheiros, toques: queremos aguçar seus sentidos.

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