Moda
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Por Ana Carolina Pinheiro (@anacarolipa)

Abrir as redes sociais ou plataformas de streaming e se reconhecer em reflexões sobre os altos e baixos da vida da mulher adulta é um conforto e tanto. Esse colo virtual já se tornou um movimento natural para a comunidade que acompanha a criadora de conteúdo Lela Brandão e seu podcast Gostosas Também Choram e tem ganhado ainda mais força fora do mundo virtual por meio da marca autoral da comunicadora, a Lela Brandão Co.

Lela Brandão lança coleção inspirada nas obras de Tarsila do Amaral — Foto: Divulgação | Julia Zeidler
Lela Brandão lança coleção inspirada nas obras de Tarsila do Amaral — Foto: Divulgação | Julia Zeidler

Assim como se comunica na web, Lela transborda sua essência na etiqueta, que lança neste mês uma colaboração com Tarsila do Amaral, a "Tarsila ❤️Lela: uma história brasileira". O convite para fazer a coleção surgiu de Paola Montenegro, sobrinha-bisneta da pintora, e aflorou memórias cheias de afeto da infância de Lela. "Sou fã do trabalho da Tarsila desde criança e criar, quase que ao lado dela, é uma realização pessoal e profissional enorme", diz a empresária, que escolheu quatro obras da artista para guiar as estampas feitas pela designer Tamara Lichtenstein.

Do PP ao G1, a coleção conta com 12 peças, como vestidos, saias, tops, swimwear, camisetas e bonés, que exaltam a reinvenção e liberdade feminina. "Para além de roupas confortáveis, queremos criar roupas estilosas, cool, com informação de moda e - como gostamos de chamar - 'energia de gostosa'". É a prova de que para se sentir bonita você não precisa estar desconfortável com roupas que não te deixam se movimentar, respirar, sentar", reflete Lela em bate-papo com a Glamour.

A seguir, a empresária e criadora de conteúdo abre mais detalhes sobre esse encontro da moda com a arte na sua marca e os bastidores de equilibrar tantos pratinhos e manter a saúde mental menos abalada possível.

A sua relação com o legado da Tarsila passa por um lugar familiar, né? Durante esse processo da collab, você descobriu novas camadas dela e mais conexões entre vocês duas além do que já imaginava?

Muito mais do que eu esperava. Quando fui convidada para colaborar com a Tarsila, eu já sabia que tinha muito dela em mim, mas não imaginava o quanto minha história é entrelaçada com a dela. Vasculhando os armários dos meus pais, encontrei vários desenhos meus de 1998, quando eu tinha 4 anos de idade, imitando obras como Urutu e Distância. Percebi que meu primeiro contato com a arte foi misturado com o meu primeiro contato com a Tarsila do Amaral, e desse encontro de certa forma eu entendi que eu também poderia ser artista - no feminino. As obras da Tarsila se fizeram presentes ao longo de toda a minha vida, e colaborar com o trabalho dela em uma coleção assinada por mim é algo inimaginável, e uma grande homenagem à Lela de 4 anos de idade também.

Lela Brandão Co. — Foto: Divulgação | Julia Zeidler
Lela Brandão Co. — Foto: Divulgação | Julia Zeidler

Sobre as estampas cocriadas com a Tamara Lichtenstein, você pode contar um pouco mais desse processo criativo e de execução?

Depois de ter criado alguns projetos de sucesso em colaboração com a Tamara, que é uma amiga querida da época de escola e uma profissional muito talentosa e criativa, o convite para colaborar nessa coleção foi muito natural. Escolhi as obras que queria trabalhar (Antropofagia e A Lua) - muito por trazerem dois moods diferentes, um mais noturno, frio, místico e outro mais expansivo, tropical e quente - e conversei com a Tamara para que ela criasse a partir deles. Alinhamos que criaríamos com muito respeito às obras, com o mínimo de alterações possíveis, e em uma escala grande, para que pudéssemos ver as pinceladas e as proporções semelhantes às dos quadros, tudo isso com um encaixe legal nas peças. Ela acertou de primeira, como sempre, e o resultado ficou infinitamente melhor do que havia imaginado. É uma delícia trabalhar com gente talentosa, né?

Lela Brandão Co. — Foto: Divulgação | Julia Zeidler
Lela Brandão Co. — Foto: Divulgação | Julia Zeidler

E como vocês chegaram a essa seleção de obras?

Além das obras principais - "Antropofagia" e "A Lua "- que selecionei por serem super icônicas no trabalho da Tarsila e terem moods diferentes dentro do mesmo universo, trabalhamos também com "Autorretrato I", "EFCB" e o "Abaporu". O Autorretrato escolhemos para estampar uma das camisetas e para ser o rosto (literalmente) da campanha - eu me caracterizei de Tarsila e repliquei a foto com o meu rosto, como símbolo da nossa colaboração. Não dá pra ter uma coleção com a Tarsila sem o famoso autorretrato dela né? Já a EFCB usamos para estampar a canga, e escolhi por conta de uma experiência muito pessoal. Em 2019 rolou uma exposição da Tarsila em São Paulo e eu fui sozinha, não perderia por nada. Lembro perfeitamente de me deparar com essa obra e no mesmo momento me debulhar em lágrimas, eu imediatamente fui transportada pra minha infância, quando a minha professora do pré me deu como dever de casa desenhar todos os elementos da pintura separadamente. Essa tarefa me ensinou a observar, absorver e digerir arte, esse tempo que passei com EFCB é responsável por muito de quem eu sou hoje. Já o Abaporu, dispensa explicações - impensável não homenagear essa obra tão importante na coleção!

Ao que você atribui essa fidelização da sua comunidade e como tem sido expandir o negócio sem deixar isso de lado?

Acredito que a fidelização é uma junção de muitos fatores que a gente leva como prioridade na marca: primeiro, nosso propósito acima de tudo. A gente realmente acredita que uma mulher confortável em si é uma revolução, e a gente acredita na transformação que a gente viabiliza através da nossa marca. As clientes se conectam com a ideia, e os produtos são consequência do que a gente defende. Além disso, nossa comunidade faz parte de tudo que a gente faz. Elas participam dos bastidores, das criações, nos dão ideias, feedbacks, a gente chama elas para serem modelos, para experimentarem as peças antes de lançarmos e darem suas opiniões… é uma troca muito rica, que só é possível porque somos uma marca vertical digitalmente nativa muito voltada pra essa conexão com a comunidade. Com a expansão do negócio, novos desafios surgem, mas internamente nós estamos sempre criando novas estratégias e reforçando que essa conexão sempre vai ser uma das nossas prioridades.

E como esse processo tem sido encarado por você do ponto de vista pessoal?

Muito divertido e desafiador. Claro, o crescimento acelerado assusta em um primeiro momento: a gente teve que se desenvolver muito rapidamente, desde estruturar equipe até se entender como líder a frente de um projeto grande. Eu e o Viktor Murer fundamos a marca sozinhos em 2020, fazendo tudo, desde criação das coleções até envio dos pedidos, atendimento, marketing, tudo! E de repente tivemos que aprender a criar processos e estruturas de uma empresa que precisava dessa base pra sustentar seu crescimento. Mas nesse terceiro ano sinto que estamos em um lugar muito legal, de muita expansão e realização, em que os desafios me deixam mais empolgada do que assustada.

Acho interessante a sua relação com a pausa, inclusive abordando essa visão nas redes e no podcast é uma forma de naturalizar ainda mais esse movimento, né?

Aprendi a duras penas que se eu não pausar, meu corpo vai pausar por mim. É muito difícil, especialmente quando você ama o que faz, não mergulhar de cabeça no trabalho e dar literalmente tudo de si para fazer acontecer, mas isso não é sustentável a longo prazo. Quando entendi que eu crio meus projetos para que eles sejam duráveis, entendi que precisava decidir parar, descansar, desligar enquanto os projetos rolam - e não quando estiver tudo resolvido (spoiler: nunca vai estar!).

Quais são os passos que você vislumbra para a marca neste ano?

Eu nunca estive tão animada com as coleções que estamos desenvolvendo e produzindo para virem ao ar nesse ano. Tarsila <3 Lela foi uma realização incrível, e o melhor é que as próximas coleções vão ser exponencialmente incríveis também. Temos uma inédita linha de academia chegando em breve, várias coleções ao lado do meu podcast "Gostosas Também Choram" além das nossas coleções tradicionalmente estilosas e confortáveis. Nós passamos por um rebranding no meio do ano passado que transformou nossa forma de criar as peças: para além de roupas confortáveis, queremos criar roupas estilosas, cool, com informação de moda e - como gostamos de chamar - energia de gostosa, indo contra o raciocínio de que para se sentir bonita você precisa estar desconfortável, restrita, com roupas que não te deixam se movimentar, respirar, sentar… As peças estão mais lindas do que nunca e eu mal posso esperar pra mostrar tudo pra nossa comunidade.

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