Nem os mais otimistas devem nutrir a esperança de se deparar com uma temporada de inverno 2025 surpreendentemente diversa em relação aos castings que cruzam as passarelas.
Quando a novata Sinéad O'Dwyer — estreante no circuito de Londres em 2022 — deu forma à sua coleção pautada na alfaiataria e nas malhas vazadas em proporções para além do tamanho P, nesta sexta-feira, 16.02, a exclusão dos corpos maiores e de pessoas com deficiência foi freada, pelo menos, naquele instante.
O mesmo "choque" positivo aconteceu em 2019, em Londres, quando Simone Rocha optou por mais vida real para desfilar sua coleção de outono/inverno com mulheres 50+ e plus size em maioria no casting.
Desde sua estreia, a marca defende a máxima que a pluralidade de corpos femininos deve ser abraçada pelas peças (e não o contrário), o que explica a preferência por tecidos maleáveis e recortes em todas as coleções e um código de estilo defendido pela estilista: a feminilidade.
Para o inverno 2025, esse traço apareceu em corsets, recortes nas laterais da cintura, no efeito acetinado aplicado desde camisas a vestidos e em suspensórios.
Olhando uma faceta feminina longe do romantismo e da sensualidade, a coleção transita pela alfaiataria clássica com sobretudo e calças retas e chega aos coletes ajustados ao corpo e às saias amplas ou mínis assimétricas. Um mix de possibilidades para todas as camadas do que é ser mulher. Que a constância dessas escolhas, quando aderidas por cada vez mais marcas, acostumem nossos olhos com o real.