Luiza
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Por Por Luiza Brasil (@mequetrefismos); Ilustração Domitila de Paulo


Depois de tantas páginas informativas e relevantes sobre sexo nesta edição, quero te fazer um convite: você já parou para analisar as suas relações pela perspectiva da espiritualidade? Digo isso, pois, diante do isolamento social e da pilha de livros em que me debrucei ao longo desses meses, um me chamou bastante a atenção: “O Espírito da Intimidade”, da professora e escritora burquinense Sobonfu Somé. A pensadora especializada em tópicos da espiritualidade, morta em 2017, escreveu esta obra, rara aqui no Brasil – achei meu exemplar num sebo com valor de colecionador –, para compartilhar ensinamentos ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar. Incrível, não?

Eu poderia passar edições desta coluna discorrendo sobre o que aprendi, sobretudo no que diz respeito à nossa conexão com o outro. Então compartilho aqui alguns ensinamentos marcantes desta leitura, que carinhosamente batizei de “Mandamentos de Sobonfu Somé”:

Sobonfu, conte comigo para tudo! (Foto: Arte Domitila de Paulo) — Foto: Glamour
Sobonfu, conte comigo para tudo! (Foto: Arte Domitila de Paulo) — Foto: Glamour

A intimidade de um casal não é apenas a busca pelo prazer
Para o povo Dagara (tribo à qual Sobonfu pertencia), quando escolhemos ter uma vida íntima equilibrada e espiritualizada, conseguimos potencializar a energia curadora ao nosso redor. “Se você buscar apenas o prazer, a intimidade será curta. Rapidamente, você estará terminando. Se você conseguir ver a intimidade como algo guiado pelo espírito e ir além da limitação do prazer, ela poderá ter um efeito duradouro. Poderá trazer vitalidade e cura”, nas palavras dela.

Nos relacionamos com o espírito
Na busca pela parceria perfeita, muitas de nós, às vezes, nos apegamos de forma desproporcional aos bens, ao físico em dia, aos acessos, entre outros benefícios materiais. Isso importa? Em partes. É de extrema relevância enxergar a beleza, admirar as conquistas e criar, diante de um esforço coletivo, possibilidades de viver uma relação bem estruturada. Porém, é também essencial termos em mente que o relacionamento gera uma energia superior à dos envolvidos, que, muitas vezes, o universo terreno não dá conta de gerir. Daí a importância dos rituais para os ancestrais africanos.

Ok, Luiza, mas vivemos em uma sociedade contemporânea cheia de “microrrelacionamentos”. Devo me desfazer deles? Mais do que uma vida monogâmica (os Dagaras são poligâmicos, com uma perspectiva que, ao meu ver, contempla mais o homem) ou endereçar todo seu afeto a uma só pessoa, mesmo nessas pequenas trocas, é muito importante entender energeticamente quem está do outro lado. A energia sexual é preciosa! Ela é a chave principal da nossa vitalidade. Tenha atenção com quem você se conecta para não ser “sugada” em lugares que não são necessariamente prazerosos. Cada vez menos é sobre quantidade e mais sobre qualidade.

Compartilhar responsabilidade é preciso
Nenhum tipo de interação afetiva se realiza na plenitude com esforço unilateral ou descomunal. Todas as partes precisam estar empenhadas em fazer dar certo. O equilíbrio é fundamental para que a gente só ofereça o que se tem e o que se pode em um relacionamento. E isso está de bom tamanho!

Esqueça tudo o que aprendemos sobre renovação de votos!
Este ritual não é um casamento drive-thru em Vegas. A importância deste ato para a ancestralidade africana está na possibilidade de reatar a intimidade de um casal que vai se perdendo ao longo do tempo, potencializando tudo o que sentem um pelo outro.

O conflito não deve ser nutrido, mas ouvido
Para o povo tribal, isso é uma bênção. Ter problemas num relacionamento é comum. Olhe para eles como uma oportunidade de ganhar autoconhecimento e um desafio para ajudar a evoluir. Portanto, não fuja, lide!

Vaginas e pênis não são os únicos definidores da nossa energia sexual
Homens precisam nutrir o seu feminino assim como nós, mulheres, nosso masculino. Carregamos dentro da gente as duas energias, que precisam sempre estar em harmonia.

Calma, esses aprendizados não são um banho de água fria na liberdade sexual que conquistamos. Sabemos o quanto é difícil nos alforriarmos do lugar culposo de ter um corpo livre para sentir prazer e ter opções. Em termos de afeto e sexualidade, que consigamos criar os nossos próprios padrões e possibilidades, a partir do que nos deixa felizes e satisfeitas. O pensamento de Sobonfu Somé não é sobre recuar nas batalhas vencidas pelas mulheres, mas mostrar a importância do autoconhecimento, da consciência, da responsabilidade e do respeito consigo mesma e com os outros. Isso é sábio, divino e maravilhoso!

@mequetrefismos Luiza Brasil é jornalista, fashionista, crespa assumida e ativista racial. Aqui, na coluna Caixa Preta, compartilhará insights sobre moda, comportamento y otras cositas más... (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour
@mequetrefismos Luiza Brasil é jornalista, fashionista, crespa assumida e ativista racial. Aqui, na coluna Caixa Preta, compartilhará insights sobre moda, comportamento y otras cositas más... (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour
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