Oscar 2024: a ausência de Greta Gerwig na disputa de direção e os nomes que queremos celebrar

Título mais falado de 2023 - sendo, inclusive, campeão de bilheterias reconhecido pelo feito no Globo de Ouro deste ano -, Barbie levou pautas do feminismo para fora da bolha, fazendo até quem não nunca tinha parado para pensar no assunto refletir sobre o lugar das mulheres na sociedade. Usando a boneca mais famosa do mundo como isca, Greta usou seu olhar único e talento para direção para criticar o patriarcado, a própria Mattel, trazer uma reflexão sobre o envelhecimento das mulheres e, ainda, sobre nossa "missão" na jornada da vida. Com o modo como conduziu os atores e a narrativa, trouxe temas densos com muito humor, fez rir e, ao som de What Was I Made For?, de Billie Eilish, também arrancou lágrimas de muita gente.

Com tudo isso, e considerando que foi através do olhar de Gerwig que a Barbie vivida por Margot Robbie revisitou a própria história com autocrítica, não seria justo que a diretora ao menos aparecessse na disputa da categoria que reconhece todo o seu feito? Não seria ela a grande protagonista da trama mais falada do último ano, já que todo o universo da boneca ganhou uma nova leitura através de sua mente criativa? Talvez, se não fosse assinado por Greta, ele nem estaria na disputa dos melhores da noite...

Ao olhar para trás e ver o histórico da Academia, que conta com apenas três mulheres vencedoras do prêmio de direção em 96 edições, difícil não associar a invisibilização da diretora com tudo o que é criticado tão didaticamente em sua própria obra.

Por outro lado, ainda que a ausência de Greta mostre que "essa Barbie pode ser muitas coisas, mas, talvez, ainda não diretora", existem motivos para celebrar. Um deles é a merecida indicação de Justine Triet pela direção de "Anatomia de uma queda", o único nome feminino da lista; outro é a presença de Lily Gladstone na disputa de "Melhor Atriz" pela atuação em "O Assassino da Lua das Flores". Ela leva o importante marco de ser primeira indigena estadunidense a ser indicada ao Oscar - e, depois da vitória no Globo de Ouro, que foi acompanhada de um discurso emocionante, tem grandes chances de levar o prêmio para casa.

Embora não tenha sido indicada como Melhor Atriz, vale também fazer uma menção honrosa à Margot Robbie por ter se transformado em uma Barbie ainda mais perfeita e real que a que existia em nosso imaginário. Com os trejeitos, visual e carisma - sendo muito bem dirigida por Gerwig -, a atriz foi a responsável por devolver o brilho de uma personagem que, em meio a tantas polêmicas sobre o padrão que ajudou a impor, já estava fora dos holofotes.

E assim, entre decepções que mostram que o espaço no audiovisual ainda segue sendo conquistado a passos lentos pelas mulheres, celebrar vitórias enquanto lamentamos ausências (como a de Greta) é a forma de lembrar e seguir acreditando na frase principal da tal boneca muito famosa que voltamos a gostar: "você pode ser tudo o que quiser".