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Por Nívia Passos (@niviapassos)

Na última terça-feira (23.01), a Academia revelou os filmes que concorrem às categorias da 96ª edição do Oscar, que será realizada no dia 10 de março, em Los Angeles. Com a esnobada de Greta Gerwig na disputa de “Melhor Direção” com o seu trabalho em "Barbie", a francesa Justine Triet carrega o título de única mulher a disputar um dos principais prêmios da noite com “Anatomia de uma Queda” - que também concorre, entre outras categorias, como Melhor Filme.

O longa, que mistura drama e suspense em uma narrativa que surpreende mais no simples que na busca para encontrar o culpado do assassinato que comanda a trama, chega aos cinemas nesta quinta-feira (25.01). Mas, depois de conferir à produção na pré-estreia realizada em São Paulo no mesmo dia em que o Oscar anunciou seus concorrentes, te adiantamos aqui, sem spoilers, 5 destaques da obra de Justine Triet - além de seu inquestionável talento para a direção. Confira:

Anatomia de uma queda — Foto: Divulgação
Anatomia de uma queda — Foto: Divulgação

1 - A atuação de Sandra Hüller

Não é por acaso que a alemã Sandra Hüller é uma das indicadas na categoria "Melhor Atriz" no Oscar 2024. Dando o tom exato à personagem, ela nos faz pensar que aquela mulher que acaba de lidar com a morte do marido pode ser, na mesma proporção, tanto inocente quanto culpada, e guia o desenrolar das quase 3h de filme com a potência de sua atuação.

Das cenas em que aparece contida às de explosão; daquelas em que parece mais fria às que reage com uma espontaneidade que beira a sensualidade, como a do começo do longa, Hüller envolve com a naturalidade de seu trabalho, fazendo com que o telespectador, que tenta descobrir o desenrolar da trama, acabe mais preocupado em entender quem ela é do que descobrir se ela é mesmo a culpada do assassinato.

"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação
"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação

2 - A reflexão que acompanha a narrativa

O que é verdade para mim será, necessariamente, uma verdade absoluta? Em um dos momentos mais acalarodos da audiência no tribunal, onde Sandra é acusada como a principal suspeita da morte do marido Samuel, uma fala em específico entrega a principal reflexão que acompanha "Anatomia de uma Queda". Durante um embate com o psiquiatra que acompanhava seu companheiro, a protagonista diz: "se eu tivesse um terapeuta, talvez ele estivesse aqui dizendo coisas horríveis do Daniel. Mas isso seria necessariamente verdade?".

No meio do maniqueísmo de vilões e mocinhos, que criamos para seguir a narrativa pessoal em que somos protagonistas, o bem e o mal podem ser distorcidos de acordo com nossas expectativas, anseios e desejos para aquele momento. Mas, salvo raras exceções, seria justo encaixar definitivamente alguém em um desses lados opostos? Ou seria aquela pessoa apenas vilã da minha realidade?

3 - As expressões da juíza vivida por Anne Rotger

Servindo como um alívio cômico - que, inclusive, rendeu várias risadas na sessão de pré-estreia de Anatomia de uma Queda -, vale destacar as expressões da personagem de Anne Rotger, a juíza responsável por definir o veredito de Sandra. Como se funcionasse como um espelho de quem assiste ao filme, e também se pega boquiaberto com as reflexões que acompanham cada prova sobre alguém ser inocente ou culpado, a atriz faz expressões marcantes que beiram o caricato - não por acaso, capturadas por uma câmera que rapidamente sai do plano aberto para o close. Seja depois de ouvir uma nova versão ou refletir sobre o um fato apresentado por um dos advogados, não dá para passar ileso pelos trejeitos da personagem.

4 - O cachorro

Se existisse uma categoria do Oscar voltada para animais, nem seria preciso pensar muito para acertar que o prêmio iria para as mãos de Bob, o cãozinho que acompanha o filho de Sandra e Samuel - o pequeno Daniel, vivido por Milo Machado Graner, que também surpreende com sua atuação. Que os cães são expressivos não é nenhuma novidade, mas chega a ser chocante como ele parece devidamente ensaiado tanto nos momentos em que apenas caminha ao lado do seu dono quanto nas cenas em que há algum clímax na investigação. Isso sem falar no momento do filme em que ele é o protagonista do plot - que, sem dar spoiler, deixou toda a sala de cinema tensa pelo desenrolar. Você vai se surpreender!

"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação
"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação

5 - O uso da metalinguagem

Em Anatomia de uma Queda, Sandra é uma escritora brilhante que fez sucesso com o uso da autoficção. Samuel também tem o mesmo ofício; mas, diferentemente de sua esposa, não conseguiu sair de grandes ideias e muito menos transformar o corriqueiro de sua vida em trama, como ela fazia com habilidade. Desde o começo do filme, quando a protagonista é entrevistada por Zoé Solidor (Camille Rutherford) e questionada sobre quanto de verdade usa em suas histórias, a referência à construção de uma narrativa - que acontece em livros, séries e filmes - é destaque. Também há os momentos em que a verdade se perde na tradução - e ela, alemã que vive na França por causa da família, precisa recorrer ao inglês para tentar passar sua mensagem e se fazer entendida.

Assim se segue durante vários momentos do tribunal e, no final, entendemos que esta discussão, aparentemente trivial, era o elemento-chave para o desenrolar do mistério.

"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação
"Anatomia de uma Queda" — Foto: Divulgação

Confira o trailer de "Anatomia de uma Queda":

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