Assim como a imensa maioria das pessoas, não passei impune pelo fenômeno “Barbenheimer”, com o lançamento de dois dos filmes mais aguardados de 2023 na mesma data. No sábado da semana de estreia fui convidada por um grupo de amigos para fazer o combo de assistir aos dois filmes, um em seguida do outro. Obviamente, nem hesitei. E foi ótimo!
Minha opinião sobre cada um dos filmes é indiferente aqui. Quero falar um pouco sobre a experiência de assistir duas produções tão diferentes "ao mesmo tempo” e do discurso que rondou os filmes.
Ao longo da semana (antes da estreia em si), presenciei grandes discussões sobre como um dos filmes seria melhor ou “mais válido” que o outro. Muitas pessoas respondendo “não, vou ver Oppenheimer”, quando perguntadas sobre assistir ao filme da Barbie e vice-versa. Mas, por que uma coisa invalidaria a outra?
Claro que não tem nenhuma necessidade de assistir aos dois filmes na mesma tarde e passar mais de 5 horas dentro da sala de cinema, como eu fiz. Também não é o caso de acompanhar obrigatoriamente 100% dos lançamentos do ano, principalmente se você souber que não costuma gostar de algum gênero — se não curte, realmente, não perca seu tempo. Mas, tentar argumentar que um filme é melhor que o outro sem ter visto nenhum é equivalente a investir em apenas um ativo por vez: improdutivo.
De tempos em tempos vejo isso acontecendo no mercado financeiro. Até pouco tempo atrás, a Selic estava em alta, motivando pessoas investidoras a procurar o melhor ativo de renda fixa para ter na carteira. Agora, com a expectativa de queda, a vontade de alguns é sacar todo o dinheiro que até então estava em CDBs e fundos de crédito para colocar na bolsa de valores.
Mas o mercado é feito de expectativas. Nossos estudos mostram que as ações não precificam toda a queda da Selic antecipadamente — mas uma parte dela, sim. De janeiro até o dia que escrevo essa coluna (24 de julho), o Ibovespa valoriza 13%, bem acima do CDI no mesmo período.
Quem tem perfil agressivo (gosta de tomar risco) e estava só com renda fixa na carteira esperando pelo início do corte de juros parece ter se arrependido. Uma pesquisa realizada mensalmente pelos analistas da XP com assessores mostra que 9% dos clientes da corretora queriam investir mais em ações em maio (quando a aposta em cortes da Selic ainda não era tão unânime), e que esse número saltou para nada menos que 65% em julho.
A mensagem que fica é: no entretenimento ou nas finanças, evite certezas firmes demais e, principalmente, preconceitos. Confie no processo e experimente sempre que possível, seja assistindo a um novo gênero no cinema ou aplicando em ativos diferentes dos que você está acostumada – sempre com parcimônia e a ajuda de profissionais, é claro.
![Paula Zogbi — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/K2ZShqvKviUZqj-PuoSGhx1dnj8=/0x0:408x613/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2021/I/4/oqfNofSda2owUVdE35jw/2021-09-16-paula-zogbi-9776-editar.jpg)