Saúde
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Por Macaela Mackenzie


Fato: nós, mulheres, estamos engravidando cada vez mais tarde. Os motivos são inúmeros – mas, e as consequências de tentar ter um filho após os 35 anos? A resposta para esta e outras perguntas você descobre abaixo.

Gravidez depois dos 35 (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Gravidez depois dos 35 (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Por que idade importa tanto


“A idade é o fator mais importante para determinar a fertilidade e o sucesso em tratamentos. Importa mais do que tudo”, diz Paula Brady, M.D, endocrinologista e professora assistente em obstetrícia e ginecologia do centro de fertilização da Universidade Columbia. “As mulheres nascem com todos os óvulos capazes de terem e, com o tempo, os perdem, particularmente depois dos 35 anos.”

Deveria haver uma forma de barrar a Mãe Natureza – afinal, estamos sempre em busca do "aqui e agora" nas nossas carreiras, relacionamentos e vida social. A má notícia é que não há yoga, alimentação orgânica ou tecnologia de ponta que neutralize os efeitos do tempo em relação à fertilidade.

A idade impacta diretamente dois fatores importantes da fertilidade: a quantidade e qualidade dos óvulos. Este último dita o quão preparados os óvulos estão para fertilizar e gerar uma gravidez saudável. Ambos os fatores declinam com o tempo, mas é o declínio na qualidade dos óvulos que realmente impacta na infertilidade. “Com o passar dos anos, eles sofrem mudanças genéticas que aumentam o risco de infertilidade e de aborto espontâneo,” diz Dra Paula. Esse risco aumenta com os 30 anos, acentuando após os 35. “Não é um penhasco”, diz Dra Paula. “Não significa que, assim que você fizer 35 anos, tudo mudará. Esta é apenas a idade que você tem que ficar mais atenta às mudanças”.

Saúde é importante, mas não como você pensa


“Ouço isso o tempo todo. As pessoas dizem, ‘Ah, mas eu só como alimentos orgânicos!” Diz Dr. Knopman. A saúde importa – ela influencia a saúde da sua gravidez –, “mas seus ovários realmente não se importam com quantas maçãs você come por dia e se você frequenta a academia diariamente”, diz. “Essas coisas influenciam sua saúde na gravidez e isso é uma super vantagem. Você tem menos riscos de diabetes gestacionais e de ter pressão alta, mas você terá os mesmos desafios ficando grávida.”

Uma das grandes exceções à regra acima: fumar! O hábito do cigarro afeta vários fatores da sua sáude: coração, pulmões, a pele e seu sistema reprodutivo. Fumar prejudica na perda de óvulos. Mulheres que fumam entram na menopausa em média um a quatro anos antes das não fumantes. (A verdade sobre os vaporizadores ainda está fora: “O problema é que todo mundo acha que não é tão ruim quanto o cigarro, mas nós ainda não sabemos o que ele faz”, diz o Dr. Knopman.)

Sobrepeso também pode impactar nas chances de ter um bebê (serve para os homens também). “Obesidade em mulheres aumenta o risco de aborto espontâneo e está diretamente relacionada em resultados menos eficazes nos casos de tratamento de fertilidade,” diz Dr. Brady

Fertilização in vitro não é uma solução mágica


Os índices de sucesso com a fertilização in vitro – muitas vezes dita como a solução mágica – é de cerca de 5% nas mulheres aos 40 anos. “As pessoas se chocam ao ouvir isso”, diz Dr Brady. Especialistas em fertilidade encontram todos os dias mulheres que foram levadas a acreditar que a fertilização in vitro é o método de baixos riscos e garantias. Sim, ela já auxiliou mais de 8 milhões de mulheres a darem a luz desde os anos 80. "Mas a maior parte do sucesso baseia-se na idade da mulher,” diz Dr. Knopman “Quanto mais jovem a inovulação dos embriões é feita, maiores as chances de uma gravidez bem-sucedida.”

Importa também o local onde você realiza o procedimento. Parte é arte, outra parte é ciência, e nem todas as clínicas estão preparadas para esse desafio. “Nem todos os laboratórios são capazes de fazer a recuperação dos óvulos e o devido armazenamento, o que pode alterar o embrião”, afirma Dr. Knopman. Antes de recorrer ao seu cartão de crédito, seu corpo ou seus sonhos, pergunte à clínica: quantos embriões eles já congelaram? Quantos deles sobreviveram ao degelo? Quantos deles foram concebidos?

Gravidez depois dos 35 (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Gravidez depois dos 35 (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Não, tomar contraceptivos hormonais não afeta sua fertilidade


“Um dos maiores mitos que ouço por aí é que a pílula anticoncepcional afeta sua fertilidade se usada por um longo período”, diz Dr. Knopman. Isso não é verdade! Repito: controle hormonal – independente do que você usa, pílula, DIU ou anel, não afeta sua fertilidade. “O que o contraceptivo não te protege e da perda de óvulos. A maioria de nós nasce com aproximadamente um a dois milhões de óvulos. No momento que temos nossa primeira menstruação, temos aproximadamente 350.000 deles - você perde uma quantidade significativa mesmo antes de menstruar.” Cada mês, ovulando ou não, cerca de mil óvulos morrem e suas respectivas células são absorvidas pelo corpo. “Do primeiro período ao último, você está constantemente perdendo óvulos, independente do que faz,” diz Dr. Knopman.

Um fator que impacta diretamente na reserva de óvulos: histórico familiar. Independente de o quão longe estão seus planos em ter um bebê, quando você estiver pronta para começar a pensar sobre fertilidade, uma boa ideia é falar com a sua mãe antes de seu ginecologista. “Mulheres que têm histórico de mãe e irmã com menopausa precoce - por volta dos 40 - definitivamente devem relatar ao ginecologista,” diz Dr. Brady. Não é uma sentença de morte para seus ovários, mas é uma boa oportunidade para uma avaliação. “Se sua mãe teve menopausa precoce, você tem grandes chances de ter, talvez seja a oportunidade de congelar seus óvulos, assim no futuro terá menos chances de se preocupar com seus ovários,” diz Dr. Knopman.

Planejamento é tudo


Papos sobre fertilidade pode ser bem desanimadores, assim como outras conversas paternalistas sobre como uma mulher deve agir com seu corpo. “As mulheres não querem se sentir oprimidas sobre seu relógio biológico,” diz Dra. Brady. “Nós temos preocupações suficientes. A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva tentou fazer algumas campanhas sobre reprodução há alguns anos atrás com uma foto de um bebê em formato de ampulheta e realmente não se saiu muito bem.”

Saber da importância e dos fatos que influenciam sua fertilidade não significa que você tem que sair correndo para a clínica mais próxima com seu cartão de crédito. Nenhum teste pode te dar certeza absoluta sobre o futuro da sua fertilidade, assim como a decisão de congelar seus óvulos não garante que você conseguirá ir contra seu relógio biológico. "Entender sua fertilidade não é algo absoluto, é uma conversa contínua", finaliza Dra Paula Knopman.

Texto publicado originalmente na Glamour US.

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