Homens da nossa época

Por Por Fernando Diniz*


Homens da Nossa Época entrevista  — Foto: Arte: Rodrigo Buldrini
Homens da Nossa Época entrevista — Foto: Arte: Rodrigo Buldrini

Fernando Diniz é o convidado do 31º episódio da série de podcasts “Homens da Nossa Época”, que trará entrevistas com 100 executivos de diferentes indústrias, realizadas por Sandra Boccia, diretora editorial de Época NEGÓCIOS, e Silvia Fazio, presidente da WILL (Women in Leadership in Latin America). O projeto editorial é uma parceria entre Época NEGÓCIOS e WILL. Este episódio, excepcionalmente, foi transcrito e transformado em artigo, por questões técnicas de áudio.

Por muito tempo, a publicidade foi um veículo de resíduos negativos da cultura brasileira em relação à mulher, com estereótipos e objetificação do corpo feminino. A geração que está à frente das agências, hoje, precisa ter essa consciência na hora de contar histórias - e fazer uma reparação histórica.

Seja no digital ou nos meios tradicionais, nós temos como missão transformar o negócio dos clientes e impactar a sociedade positivamente com criações que atingem milhões de pessoas. O setor, com isso, tem uma chance de criar mensagens diferentes das que foram endereçadas no passado. É uma oportunidade de desconstruir uma cultura machista que foi construída durante o tempo.

Para os homens conectados com esses temas contemporâneos, o primeiro passo é a informação e o segundo é a auto desconstrução. Nós precisamos aceitar, antes de tudo, que somos machistas. Não adianta buscar justificativas, é preciso começar a se encarar.

Revisitar-se e identificar os traços que te compõem podem gerar um certo mal estar, uma vergonha. Mas que bom. Essa vergonha é um indício de que você tem consciência daquilo que está reproduzindo - e entender o próprio machismo é um processo terapêutico.

Além dessa revisão, existem também as mudanças estruturais. As agências de publicidade precisam estar preparadas para os temas contemporâneos como racismo, machismo e gordofobia. Se não, ela parou no tempo. E como você prepara uma agência para endereçar essas temáticas? Trazendo pessoas com esses recortes para as tomadas de decisão.

Na DPZ&T, quando eu assumi como CEO, há dois anos, a primeira coisa que fiz foi mudar o board da agência: ou a gente teria uma maioria feminina ou, pelo menos, uma equidade de gênero. Da mesma forma, buscamos ter representatividade de mulheres negras no conselho - e hoje temos.

Hoje, 57% da agência é formada por mulheres e 30% por profissionais negros. Além de incluir, trabalhamos com grupos de afinidade e acolhimento, canais de denúncia e revisão salarial em busca de equidade.

Essa representatividade é fundamental porque esses repertórios nos ajudam a letrar toda a agência e, portanto, as histórias. As nossas narrativas só vão se transformar se houver diversidade, se mulheres e pessoas pretas estiverem ocupando cargos de liderança, com proporção suficiente para mudar a estrutura.

E por que fazer tudo isso? Existem diversos índices hoje que mostram que empresas mais diversas são mais lucrativas. No caso da publicidade, existe ainda um ponto: a diversidade é criatividade. Essa é também uma estratégia de negócios, que aumenta a competitividade, eleva o nível criativo e a melhora qualidade do discurso. E o cliente percebe isso.

Entre os anunciantes, você já tem empresas que colocam o tema da diversidade como nota de corte. E que bom se fosse um padrão para todos eles. Infelizmente ainda não é. As agências demoraram muito para entender tudo isso - mas eu acho que pelo menos uma parte delas já avançou.

*Fernando Diniz é CEO da DPZ

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