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Por Camila Santos (@cami_asantos)


Sofá e Poltrona Cubo (1970/2020), Mesa Pétalas, Poltrona Dinamarquesa (direita) e Poltrona Adriana (esquerda), criações de Jorge Zalszupin — Foto: Ruy Teixeira
Sofá e Poltrona Cubo (1970/2020), Mesa Pétalas, Poltrona Dinamarquesa (direita) e Poltrona Adriana (esquerda), criações de Jorge Zalszupin — Foto: Ruy Teixeira

Reconhecido internacionalmente, o design brasileiro passou por diversas etapas até refletir a essência da cultura e da realidade nacional. Com destaque para o modernismo, que assinalou a fase de apogeu do móvel brasileiro, no século 20, a produção desta época até os dias atuais, reúne uma série de profissionais que se destacam pela busca da funcionalidade aliada à identidade.

Abaixo, reunimos iguras com papel relevante e transformador no design nacional para que você saiba mais sobre o cenário. Confira:

Susana Bastos e Marcelo Alvarenga, da Alva Design — Foto: Divulgação
Susana Bastos e Marcelo Alvarenga, da Alva Design — Foto: Divulgação

O escritório foi fundado em 2012 pelos irmãos Susana Bastos, artista e estilista, e Marcelo Alvarenga, formado em arquitetura. Seus projetos são resultado do encontro destes dois olhares, o arquitetônico e o artístico, e exploram, para além da racionalidade e funcionalidade, o inusitado, os novos usos e uma expressiva materialidade.

A coleção Infinito mescla pedra-sabão e metal em objetos que permitem interações e usos diversos — Foto: Divulgação
A coleção Infinito mescla pedra-sabão e metal em objetos que permitem interações e usos diversos — Foto: Divulgação

Em uma trajetória relativamente recente no universo dos móveis e objetos, a dupla valoriza elementos da cultura mineira em diversas criações, com ênfase no uso da pedra-sabão, material símbolo do estado, em uma série de projetos, como na coleção Infinito.

 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação

Formada em arquitetura pela Escola da Cidade, em São Paulo, Ana abriu seu estúdio no ano de 2012, desenvolvendo peças autorais, instalações e projetos em parceria com marcas. A profissional dialoga com diferentes materiais e técnicas, desde o artesanal até o industrial. A partir de uma extensa linha de luminárias para a marca Itens, elaborada em 2019, expandiu o seu trabalho para a produção de mobiliário, explorando novos formatos e usos.

Espelho Nexo, design Ana Neute para a Lider — Foto: Divulgação
Espelho Nexo, design Ana Neute para a Lider — Foto: Divulgação
Em seu ateliê, Carlos Motta posa na poltrona Pindá, edição limitada de dez peças de perobinha-do-campo reutilizada, e, atrás dele, tela do artista Cabral e luminária Foguete, também produzida com madeira reutilizada — Foto: Wesley Diego Emes
Em seu ateliê, Carlos Motta posa na poltrona Pindá, edição limitada de dez peças de perobinha-do-campo reutilizada, e, atrás dele, tela do artista Cabral e luminária Foguete, também produzida com madeira reutilizada — Foto: Wesley Diego Emes

Com uma atuação guiada pela aplicação de soluções sustentáveis e pelo respeito à natureza , o ateliê de Carlos Motta abriu as portas em 1978, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. No local, o profissional executa móveis, objetos utilitários, esculturas, entre outros itens, sempre buscando a simplicidade e longevidade das peças.

Peças na oficina compartilhada por Carlos e Diego: cadeira e banqueta (ao fundo) Mantik, de peroba-rosa reaproveitada e tecido chenile de fibras sustentáveis — Foto: Wesley Diego Emes
Peças na oficina compartilhada por Carlos e Diego: cadeira e banqueta (ao fundo) Mantik, de peroba-rosa reaproveitada e tecido chenile de fibras sustentáveis — Foto: Wesley Diego Emes

Diego Motta, filho mais velho de Carlos, tornou-se sócio do pai na Attom Design, que, desde 2018, ocupa uma área do imóvel onde está o estúdio de Carlos. O endereço também abriga a Aerofish, empresa criada pelo segundo filho de Carlos, Gregorio Motta, que desenvolve pranchas de surfe com design alternativo, funcional e utiliza experimentações, que incluem tingimentos naturais, além de inovações hidrodinâmicas.

 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação

Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, a paulistana estudou Linguagem pessoal com o artista plástico Silvio Dworecki (1994 -1997) e já participou de workshops com os designers Fernando e Humberto Campana, com o artista grego Nicolas Vlavianos e com o designer alemão Tobias Reischle. A designer possui uma série de objetos feitos de vidro soprado, com muitas formas orgânicas e linhas sinuosas.

Apresentada na Made 2023, a luminária Pingente surgiu através das experimentações e deformações do vidro maciço, que resultaram em peças marcantes. Representações que remetem à fauna e à flora, como cobras, jacarés, folhagens e flores — Foto: Marcos Cimardi
Apresentada na Made 2023, a luminária Pingente surgiu através das experimentações e deformações do vidro maciço, que resultaram em peças marcantes. Representações que remetem à fauna e à flora, como cobras, jacarés, folhagens e flores — Foto: Marcos Cimardi
 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação

A profissional formou-se, em 1978, pela Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro. Trabalhou no Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e atuou na equipe de designer da Escriba (indústria de móveis).

O banco Reentrâncias, de Claudia Moreira Salles, é feito com pedra natural em tom de goiaba. A obra é de Amilcar de Castro — Foto: Ruy Teixeira/Divulgação
O banco Reentrâncias, de Claudia Moreira Salles, é feito com pedra natural em tom de goiaba. A obra é de Amilcar de Castro — Foto: Ruy Teixeira/Divulgação

Aos poucos começou a se dedicar a projetos mais artesanais e autorais, especialmente com a madeira. Primeiramente, criou peças para a Nanni Movelaria e, mais tarde, passou a desenhar móveis para Etel Carmona. Com o tempo, estendeu a colaboração com outras marcas, como Casa 21, Firma Casa, Dpot, Riva, Bertolucci e Lumini.

Daniel Jorge posa no sobrado de sua casa em Salvador — Foto: Filippo Bamberghi
Daniel Jorge posa no sobrado de sua casa em Salvador — Foto: Filippo Bamberghi

Artista visual, designer, arquiteto e escultor, Daniel Jorge nasceu em Minas Gerais. Iniciou sua formação em design e arquitetura no Rio de Janeiro, e já viajou ao redor do mundo: uma das jornadas mais profundas e impactantes foi entre Benin e Nigéria, onde debruçou-se sobre os padrões geométricos dos fractais africanos e das arquiteturas periféricas. Salvador, porém, foi sua grande escola de vida, onde bebeu da fonte dos estilos manuelino e barroco reinterpretados em chave decolonial, e que inspiraram sua peça mais conhecida: a cadeira Tourinho.

Cadeira Tourinho, de Daniel Jorge — Foto:  Filippo Bamberghi
Cadeira Tourinho, de Daniel Jorge — Foto: Filippo Bamberghi
Os irmãos Fernando e Humberto Campana — Foto: André Klotz
Os irmãos Fernando e Humberto Campana — Foto: André Klotz

Criado pelos irmãos Fernando e Humberto Campana, o estúdio possui uma trajetória consistente e atenta às questões sociais. Em um mergulho em referências brasileiras para a concepção de móveis e objetos que vão além do design, a dupla coleciona peças que ressignificam a utilização de matérias-primas descartáveis ou de pouco valor.

A coleção Miniaturas celebra os 35 anos do trabalho dos irmãos Fernando e Humberto Campana. São versões diminutas de dez cadeiras de ferro da linha Desconfortáveis (1989), a primeira assinada pelos designers e até hoje considerada uma de suas criações mais emblemáticas — Foto: Divulgação
A coleção Miniaturas celebra os 35 anos do trabalho dos irmãos Fernando e Humberto Campana. São versões diminutas de dez cadeiras de ferro da linha Desconfortáveis (1989), a primeira assinada pelos designers e até hoje considerada uma de suas criações mais emblemáticas — Foto: Divulgação

O estúdio alcançou reconhecimento internacional pelo seu design inovador e intrigante, carregando valores universais em sua essência e criando sua identidade por meio de experiências de vida. Com o intuito de utilizar o design como ferramenta de transformação através de programas sociais e educativos, os irmãos fundaram o Instituto Campana, em 2009.

A poltrona Banquete, assinada pelos irmãos, tem o assento feito de bichos de pelúcia — Foto: Estúdio Campana/Reprodução
A poltrona Banquete, assinada pelos irmãos, tem o assento feito de bichos de pelúcia — Foto: Estúdio Campana/Reprodução

Entre as novos desafios do escritório, está o Parque Campana, em Brotas. Trata-se da maior empreitada da carreira de Humberto da do irmão Fernando, que faleceu em 2022. O complexo cultural, com previsão de abertura para este ano, revoluciona conceitos de arte, educação e sustentabilidade.

A escala monumental das instalações do Parque Campana pode ser algo novo no trabalho desenvolvido pelos irmãos ao longo de quase quatro décadas, mas a linguagem e os materiais são facilmente reconhecíveis – no pavilhão de concreto e piaçava, os pilares revestidos da planta remetem tanto à cenografia da exposição 35 Revoluções (MAM Rio, 2020) quanto ao armário Cabana, desenhado pela dupla em 2010 — Foto: Filippo Bamberghi
A escala monumental das instalações do Parque Campana pode ser algo novo no trabalho desenvolvido pelos irmãos ao longo de quase quatro décadas, mas a linguagem e os materiais são facilmente reconhecíveis – no pavilhão de concreto e piaçava, os pilares revestidos da planta remetem tanto à cenografia da exposição 35 Revoluções (MAM Rio, 2020) quanto ao armário Cabana, desenhado pela dupla em 2010 — Foto: Filippo Bamberghi
 — Foto: Arquivo Geraldo de Barros
— Foto: Arquivo Geraldo de Barros

Pintor, fotógrafo e designer brasileiro, Geraldo de Barros (1923-1998) desenvolveu ao longo de seu percurso uma vasta obra onde se revelam suas reflexões sobre a criação artística, a percepção da imagem e o papel da arte na sociedade. A originalidade, especificidade e atualidade de suas propostas, tanto nas esferas de Arte Concreta, fotografia abstrata e design modular, são hoje reconhecidas nacional e internacionalmente.

Cadeira MTF600, desenhada para a Unilabor, em 1954, com produção atual realizada pela Dpot – seus traços permanecem contemporâneos — Foto: Divulgação
Cadeira MTF600, desenhada para a Unilabor, em 1954, com produção atual realizada pela Dpot – seus traços permanecem contemporâneos — Foto: Divulgação

Em 1964, criou a Hobjeto, empresa na qual criaria outra linha de design com formas simples e fáceis de produzir, sem perder refinamento. Chegou a empregar 700 pessoas no negócio, que manteve aberto por 15 anos, até sofrer o primeiro acidente vascular, que restringiria parte de seus movimentos.

Estudo de anúncio de uma linha da Hobjeto em forma de poema visual  — Foto: Arquivo Geraldo de Barros
Estudo de anúncio de uma linha da Hobjeto em forma de poema visual — Foto: Arquivo Geraldo de Barros

Formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, o designer trocou Florianópolis por São Paulo em 2005, e, em 2011, abriu seu próprio estúdio desenvolvendo projetos autorais e posteriormente colaborando com marcas e indústrias do setor moveleiro.

A cadeira Sol, design Giácomo Tomazzi para a Azzurra, nasceu da observação da estrela central do Sistema Solar, sua energia e influência sobre os seres vivos  — Foto: Divulgação
A cadeira Sol, design Giácomo Tomazzi para a Azzurra, nasceu da observação da estrela central do Sistema Solar, sua energia e influência sobre os seres vivos — Foto: Divulgação

Busca inspiração na arquitetura, na arte, na natureza, na cultura nacional e suas peças refletem a pesquisa constante de novos processos de produção, materiais e novas formas de morar, onde o design ganha protagonismo e se torna uma ferramenta para contar histórias.

Guilherme Wentz posa com itens da coleção Untitled, composta por mais de 10 itens que transitam entre sofás, poltronas, cadeiras, mesas de jantar, centro e laterais, luminárias, mantas e cabideiro — Foto: Lorena Dini
Guilherme Wentz posa com itens da coleção Untitled, composta por mais de 10 itens que transitam entre sofás, poltronas, cadeiras, mesas de jantar, centro e laterais, luminárias, mantas e cabideiro — Foto: Lorena Dini

Com uma estética contemporânea, as criações do gaúcho Guilherme Wentz refletem a personalidade contemplativa de seu criador, que possui ampla conexão com a natureza e com a simplicidade. Antes de seguir seu caminho criativo ao estudar Design de Produtos, o profissional chegou a niciar os estudos em administração de empresas.

A coleção de luminárias Fungi foi criada após a observação e exploração do designer sobre as infinitas possibilidades acerca do universo dos fungos — Foto: Lorena Dini
A coleção de luminárias Fungi foi criada após a observação e exploração do designer sobre as infinitas possibilidades acerca do universo dos fungos — Foto: Lorena Dini

No início da carreira recebeu o Prêmio IDEA Brasil por seu primeiro lançamento, a escrivaninha Officer. Em 2016, lançou sua primeira coleção independente, chamada "Capítulo 1". No mesmo ano, Guilherme foi nomeado Rising Talent (Talento em Ascensão, em português) pela Maison&Objet Americas e recebeu os prêmios Museu da Casa Brasileira e iF Design Award pela luminária UM.

O carioca formou-se em Desenho Industrial no ano de 2020 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas teve contato com a arquitetura devido ao trabalho de sua mãe. A eterna busca por novos conhecimentos, o aperfeiçoamento, e sua curiosidade o levaram a trabalhar com grandes ícones do cenário nacional como Zanini de Zanine, Marcelo Rosenbaum, Rodrigo Calixto, além de ter estudado na Itália, no Politecnico di Torino e, em 2020, atuou na Thomas Hayes Studio, em Los Angeles.

A Poltrona Marfim possui estrutura metálica sobreposta por assento, encosto e braços de madeira maciça — Foto: Divulgação
A Poltrona Marfim possui estrutura metálica sobreposta por assento, encosto e braços de madeira maciça — Foto: Divulgação

O Atelier Gustavo Bittencourt tem a proposta de desenvolver, produzir e comercializar seus projetos atemporais, que interpretam a visão do designer sobre as formas, as misturas, além da aplicação de suas referências, pontos de vista e crenças.

Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Divulgação
Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Divulgação

O catarinense Jader Almeida, que mergulhou cedo no mundo do design: aos 16 anos já trabalhava para a LinBrasil, única empresa autorizada a fabricar os móveis de Sergio Rodrigues. O contato tão próximo com todo o processo lhe rendeu entendimento sobre desenhos e técnicas de produção.

O designer se inspira no legado do modernismo brasileiro para criar objetos que capturam uma combinação dinâmica de leveza e robustez em suas formas. Ao longo de sua trajetória, buscou incorporar os princípios da filosofia Bauhaus, conferindo um sentido de atemporalidade a seu trabalho.

A cadeira Três Pés (ao centro), de Joaquim Tenreiro, é um ícone do design de mobiliário brasileiro confeccionada com variados tipos de madeira, roxinho, imbuia, jacarandá, cabreúva e marfim  — Foto: Divulgação
A cadeira Três Pés (ao centro), de Joaquim Tenreiro, é um ícone do design de mobiliário brasileiro confeccionada com variados tipos de madeira, roxinho, imbuia, jacarandá, cabreúva e marfim — Foto: Divulgação

Apesar de ter nascido em Portugal, Joaquim Tenreiro (1906-1992) foi responsável por uma mudança drástica na indústria moveleira do país no século 20, quando o design autenticamente brasileiro passou a ser delineado.

Com inigualáveis precisão, forma, escala e detalhe, era exímio marceneiro, ofício que aprendeu em família. Em 1928, estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro. Estudou no Liceu Literário Português e no Liceu de Artes e Ofícios e tornou-se designer de móveis, decorador, escultor, pintor, gravador, desenhista e um dos representantes do modernismo brasileiro.

Jorge Zalszupin na casa em que vivia, em São Paulo — Foto:  Filippo Bamberghi
Jorge Zalszupin na casa em que vivia, em São Paulo — Foto: Filippo Bamberghi

Polonês naturalizado brasileiro, Jorge Zalszupin (1922 - 2020) nasceu em Varsóvia, e fugiu para a Romênia a fim de terminar seus estudos quando a Polônia foi invadida pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Brasil no carnaval de 1949, no cais do Rio de Janeiro, e abriu seu escritório em São Paulo na década de 1960.

Sofá e Poltrona Cubo (1970/2020), Mesa Pétalas, Poltrona Dinamarquesa (direita) e Poltrona Adriana (esquerda), na casa onde Zalszupin viveu — Foto: Ruy Teixeira
Sofá e Poltrona Cubo (1970/2020), Mesa Pétalas, Poltrona Dinamarquesa (direita) e Poltrona Adriana (esquerda), na casa onde Zalszupin viveu — Foto: Ruy Teixeira

À época, para cada projeto residencial que desenvolvia, criava também todo o mobiliário, pois na época não havia onde comprar peças modernistas. Por este motivo, seu lado designer começou a aflorar e tornou-se mais forte que o de arquiteto. Em 1959, então, fundou a icônica marca L’Atelier.

Retrato do arquiteto na década de 1970 — Foto: Acervo de família
Retrato do arquiteto na década de 1970 — Foto: Acervo de família

Arquiteto, designer, maquetista, paisagista, urbanista e importante defensor de nossas florestas, José Zanine Caldas (1919 - 2001) nasceu em Belmonte, no sul da Bahia. Estendeu sua atuação ao design de mobiliário, em duas fases: a dos Móveis Artísticos Z, que abrange os anos de 1949 a 1953, e a dos Móveis Denúncia, como nomeou as peças esculpidas em toras de árvores tombadas na região de Nova Viçosa, para onde se mudou no final da década de 1960 e ficou até 1980. Neste segundo período, Zanine quis chamar a atenção para o desmatamento que ocorria em seu estado natal, onde o cultivo de eucaliptos se proliferava.

Dois exemplares de poltronas da Móveis Artísticos Z — Foto: Divulgação
Dois exemplares de poltronas da Móveis Artísticos Z — Foto: Divulgação
Cadeiras da fase dos móveis Denúncia, dos anos 1990, que alertavam para a devastação das matas da Bahia — Foto: Divulgação
Cadeiras da fase dos móveis Denúncia, dos anos 1990, que alertavam para a devastação das matas da Bahia — Foto: Divulgação
 — Foto: Thomas Scheier/Divulgação
— Foto: Thomas Scheier/Divulgação

Nascida na Itália, Lina Bo Bardi (1914 - 1992) escolheu o Brasil como sua nação. Suas criações arquitetônicas chamam a atenção pelo estilo moderno, pela preocupação com o entorno e pela atenção dada ao convívio entre os que interagem com suas obras. Coleciona projetos icônicos, a exemplo do MASP, do Sesc Pompeia e do Teatro Oficina, todos em São Paulo.

As cadeiras do MASP 7 de Abril, foram desenhadas para o auditório do Masp na Rua Sete de Abril e inspiradas nas cadeira de circo — Foto: Ruy Teixeira
As cadeiras do MASP 7 de Abril, foram desenhadas para o auditório do Masp na Rua Sete de Abril e inspiradas nas cadeira de circo — Foto: Ruy Teixeira

Na década de 1940, Lina fundou, ao lado de Pietro Maria Bardi, seu marido, e Giancarlo Palanti, o Estúdio de Arte Palma, escritório de design e arquitetura de interiores, que realizava produções consideradas vanguardistas.

Poltrona Bowl, de Lina Bo Bardi — Foto: Divulgação
Poltrona Bowl, de Lina Bo Bardi — Foto: Divulgação

No desenho de mobiliário, desde sua primeira criação, a cadeira do MASP 7 de Abril, influenciou decididamente a primeira geração de designers modernos. Entre a série de peças assinadas por ela, estão a poltrona Bowl e as cadeiras Girafa e Bola de Latão.

Cadeiras Girafa e Frei Egídio, assinadas por Lina Bo Bardi e reeditadas pela Marcenaria Baraúna  — Foto: Wesley Diego Emes
Cadeiras Girafa e Frei Egídio, assinadas por Lina Bo Bardi e reeditadas pela Marcenaria Baraúna — Foto: Wesley Diego Emes
O arquiteto Oscar Niemeyer — Foto: Getty Images
O arquiteto Oscar Niemeyer — Foto: Getty Images

Considerado um dos maiores nomes no desenvolvimento da arquitetura moderna, Oscar Niemeyer (1907 - 2012) é o responsável por diversos projetos emblemáticos do Brasil - entre eles, o Edifício Copan e os pavilhões do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, no Rio de Janeiro, entre outros. Além da atuação no planejamento de edificações, o carioca também deixou um legado no design de mobiliário.

A chaise Rio, criada em 1978, tem estrutura de laminado de madeira prensada e mostra o encantamento do arquiteto por formas sinuosas — Foto: Divulgação
A chaise Rio, criada em 1978, tem estrutura de laminado de madeira prensada e mostra o encantamento do arquiteto por formas sinuosas — Foto: Divulgação

Sua produção começou nos anos 1970 junto à filha designer e galerista Anna Maria, que faleceu em 2012. Niemeyer desenhou a icônica chaise Rio, a poltrona Alta, o banco Marquesa, o sofá e a mesa ON, entre outros móveis que seguem as linhas escultóricas de suas obras arquitetônicas. A dupla utilizou a madeira prensada para a produção de boa parte das peças devido às possibilidades de formatos que o material viabiliza.

Elaborado em 1974, o banco Marquesa combina forma e funcionalidade — Foto: Divulgação
Elaborado em 1974, o banco Marquesa combina forma e funcionalidade — Foto: Divulgação

Gerson de Oliveira e Luciana Martins, da Ovo — Foto: Divulgação
Gerson de Oliveira e Luciana Martins, da Ovo — Foto: Divulgação

Escritório liderado pelos designers Gerson de Oliveira e Luciana Martins, a Ovo se destaca pelo intenso diálogo com linhas artísticas. Esse pensamento é ressaltado no verbete sobre a dupla na Enciclopédia Itaú Cultural, "desde as primeiras peças impõe-se a tônica que se torna a sua principal marca identitária: a preocupação em conciliar forma e função, própria do design, com o intenso diálogo com questões derivadas do campo da arte".

Poltrona Hiato e luminária Vela, lançamentos assinados pela Ovo na última SP-Arte — Foto: Ruy Teixeira
Poltrona Hiato e luminária Vela, lançamentos assinados pela Ovo na última SP-Arte — Foto: Ruy Teixeira

Gerson e Luciana se conheceram durante a graduação em cinema na Universidade de São Paulo (USP). Sua parceria remonta a esse período, no início dos anos 1990, ainda que a marca só tenha sido batizada em 2002. Recentemente, a dupla assinou a coleção de luminárias Vela e de poltronas Hiato, apresentadas na última edição da SP-Arte.

Paulo se formou arquiteto na USP-São Carlos. Antes de sua atuação como designer, trabalhou no escritório de Lina Bo Bardi e também no Instituto Bardi, integrando a primeira equipe de pesquisa a inventariar os arquivos da arquiteta, para produção do livro e da exposição sobre a ítalo-brasileira logo após sua morte na década de 1990.

A sinuosidade do tampo é o ponto alto das mesas Betty , valorizando a estrutura do tronco — Foto: Erick Gianezzi
A sinuosidade do tampo é o ponto alto das mesas Betty , valorizando a estrutura do tronco — Foto: Erick Gianezzi

Essas experiências consolidaram a influência central que o trabalho e o pensamento de Lina desempenham sobre Paulo, que via nas reflexões dela sobre a cultura e o saber populares um vínculo direto com a infância que teve no interior, e uma possibilidade de resgatá-la em seu próprio trabalho. Além do design de móveis e de projetos especiais de marcenaria, isso se traduz também nos projetos de arquitetura desenvolvidos por ele paralelamente.

Jiboia (em primeiro plano) e Marrecas e Papagaio (ao fundo) são três dos seis modelos concebidos por Paulo Alves para a coleção Elementi, da By Kamy — Foto: Filippo Bamberghi
Jiboia (em primeiro plano) e Marrecas e Papagaio (ao fundo) são três dos seis modelos concebidos por Paulo Alves para a coleção Elementi, da By Kamy — Foto: Filippo Bamberghi
 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação

Referência no Brasil e no exterior, Paulo Mendes da Rocha (1928 - 2021) construiu uma carreira repleta de obras emblemáticas na arquitetura e no design e muitos prêmios na bagagem – o Pritzker, inclusive. Entre as suas principais obras, aparecem o Ginásio do Clube Atlético Paulistano, o Edifício Guaimbê, a Casa do Butantã, as reformas da Pinacoteca e da Praça do Patriarca, e o Sesc 24 de Maio, todos localizados em São Paulo, e o Museu e Teatro Cais das Artes, em Vitória, no Espírito Santo.

A cadeira Paulistano foi desenvolvida em 1957 — Foto: Divulgação
A cadeira Paulistano foi desenvolvida em 1957 — Foto: Divulgação

No campo do desenho de mobiliário, uma de suas criações icônicas é a poltrona Paulistano, criada em 1957 para o ginásio do Clube Atlético Paulistano. A partir de uma barra moldada a frio com um único ponto de solda, o arquiteto projeta a Paulistano com um design inteligente e inovador, com o conceito de uma “cadeira pudim”, que poderia se expandir para todos os lados.

Em 1974, Percival Lafer criou seu próprio modelo de automóvel, o MP Lafer — Foto: Divulgação
Em 1974, Percival Lafer criou seu próprio modelo de automóvel, o MP Lafer — Foto: Divulgação

Nascido em 1936, o designer, arquiteto e empresário Percival Lafer passou a comandar a empresa de seu pai ao lado dos irmãos, em 1927. Consagrando a marca nacional e internacionalmente, desenvolveu poltronas, sofás, mobiliário doméstico e urbano e até um automóvel, uma de suas paixões. Suas peças mostram a preocupação com ergonomia e conforto, sempre considerando as condições de transporte e armazenagem mais apropriadas.

Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Divulgação/ Herança Cultural
Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Divulgação/ Herança Cultural
A poltrona MP-13 possui estética atemporal e elegante que a diferencia de outras poltronas — Foto: Divulgação/Herança Cultural
A poltrona MP-13 possui estética atemporal e elegante que a diferencia de outras poltronas — Foto: Divulgação/Herança Cultural
 — Foto: David Mazzo/ Divulgação
— Foto: David Mazzo/ Divulgação

Formado em design de produto em 2019, o jovem mineiro já percorreu um longo caminho na área. Ainda na graduação, que incluiu uma experiência acadêmica na Nova Zelândia, ele despertou para a necessidade de valorizar a identidade nacional, e, aliando as influências modernistas ao regionalismo das Minas Gerais, idealizou o selo Caboco.

A poltrona Pachá repousa em equilíbrio sobre as influências modernistas e o regionalismo mineiro — Foto: Tiago Nunes
A poltrona Pachá repousa em equilíbrio sobre as influências modernistas e o regionalismo mineiro — Foto: Tiago Nunes

A marca inspira-se, principalmente, em pensamentos do escritor e historiador Mário de Andrade (1893-1945) a respeito do apagamento e da repressão sofridos pelas manifestações culturais afrobrasileiras ao longo da história.

A luminária Arco relembra a criação do item homônimo, por parte dos indígenas de matriz Tupi, ao reproduzir o saber ancestral de produzir um objeto funcional com ares artísticos  — Foto: Divulgação
A luminária Arco relembra a criação do item homônimo, por parte dos indígenas de matriz Tupi, ao reproduzir o saber ancestral de produzir um objeto funcional com ares artísticos — Foto: Divulgação
 — Foto: Wesley Diego Emes
— Foto: Wesley Diego Emes

O arquiteto e urbanista Rodrigo Ohtake fundou seu próprio escritório de arquitetura e design em 2011. Dez anos depois, em 2021, assumiu o legado de seu pai no escritório Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo e, em 2022, fundou o estúdio ohtake — fruto da fusão das duas empresas. Trata-se de um estúdio multidisciplinar voltado à arquitetura, design, urbanismo e novas tecnologias construtivas e de materiais.

À dir., a cadeira Bu, de Rodrigo Ohtake, apresenta uma estrutura de malha metálica pintada de preto — Foto: Filippo Bamberghi
À dir., a cadeira Bu, de Rodrigo Ohtake, apresenta uma estrutura de malha metálica pintada de preto — Foto: Filippo Bamberghi

Desde seus primeiros projetos, cria móveis para compor sua arquitetura. Em 2015, passou a produzir peças de mobiliário independentes, área que tem se dedicado cada vez mais. Já teve peças expostas nas feiras MADE e SP/Arte, no Brasil, e Design Miami e Design Miami / Basel.

 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação

Rodrigo é designer e marceneiro. Desenha e produz peças de mobiliário com linhas racionais, madeira maciça, técnicas de marcenaria tradicional e uma constante preocupação com a durabilidade de suas criações, tanto no que se refere à qualidade da produção quanto à atemporalidade dos seus desenhos.

. Da Árvore à Cadeira fez parte de um projeto contínuo de experimentação que parte da premissa de que "os móveis são feitos de árvore" — Foto: casavogue
. Da Árvore à Cadeira fez parte de um projeto contínuo de experimentação que parte da premissa de que "os móveis são feitos de árvore" — Foto: casavogue
Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Filippo Bamberghi
Designers brasileiros: saiba mais sobre profissionais de destaque no cenário nacional — Foto: Filippo Bamberghi

Formado pela FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1960, o arquiteto Ruy Ohtake (1938 - 2021) imprimiu uma linguagem própria em mais de 300 obras realizadas no Brasil e no exterior. Em sua arquitetura, mesclava a pesquisa tecnológica, atenta a nossa indústria de construção, com depurada e original plasticidade e considerava que a arquitetura se completa com a obra construída.

Comprometido em realizar uma arquitetura brasileira contemporânea, tendo a inovação como princípio, Ruy Ohtake conseguia colocar a sua marca em projetos para os mais variados fins: obras públicas, escolas, cinemas, teatros, edifícios de apartamentos e de escritórios e residências.

No design, Ruy Ohtake desenvolveu uma gama significativa de peças, como a banqueta Onda, a mesa T.O. e lavatórios para a Roca, pelos quais recebeu o prêmio Best of the Best Red Dot, em 2019, em Essen, Alemanha. Elogiado por Oscar Niemeyer por sua liberdade plástica, o desenho de Ruy Ohtake está impresso em ruas e avenidas de importantes cidades brasileiras e no exterior.

O designer Sergio Rodrigues em uma de suas mais famosas criações, a poltrona Mole — Foto: Divulgação
O designer Sergio Rodrigues em uma de suas mais famosas criações, a poltrona Mole — Foto: Divulgação

Considerado um dos grandes nomes do design brasileiro, Sergio Rodrigues (1927-2014) deixou um legado amplo e forte, que continua servindo de inspiração e sendo objeto de pesquisa de muitos profissionais de diversas áreas.

A poltrona Chifruda recebeu este nome devido às laterais proeminentes no encosto — Foto: Divulgação
A poltrona Chifruda recebeu este nome devido às laterais proeminentes no encosto — Foto: Divulgação

Nascido no Rio de Janeiro, formou-se em 1952 na Faculdade Nacional de Arquitetura do Brasil, no seu estado natal, e apostou desde o início na criação de um mobiliário que acompanhasse a inovação da arquitetura brasileira, que na década de 1950 ganhava notoriedade mundial.

Fundou a loja Oca em 1955, que refletia a ideia de que os móveis deveriam apresentar a cultura de sua origem e proporcionar o conforto adequado ao clima nacional, sempre com caráter descontra��do. Um dos nomes que ajudou a levar a mobília brasileira para os holofotes internacionais, o designer assinou peças icônicas, como as poltronas Mole, Chifruda e Paraty, além do banco Mocho e do sofá Hauner.

 Zanini de Zanine posa com uma de suas peças desenhadas para a 31 Mobiliário: o sofá Agulha — Foto: Wesley Diego Emes
Zanini de Zanine posa com uma de suas peças desenhadas para a 31 Mobiliário: o sofá Agulha — Foto: Wesley Diego Emes

Filho do arquiteto, designer, maquetista, paisagista e urbanista Zanine Caldas, o Zanininho, como é apelidado carinhosamente por conhecidos, já nasceu cercado de muita criatividade, inspiração e conviveu desde a infância com nomes como Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Sergio Rodrigues, do qual foi estagiário durante o primeiro ano de sua carreira.

Cadeira Nagô, de madeira maciça, faz parte das criações do Atelier Zanini de Zanine — Foto: Daniel Mansur
Cadeira Nagô, de madeira maciça, faz parte das criações do Atelier Zanini de Zanine — Foto: Daniel Mansur

Mostrando uma personalidade e um propósito diferente a cada criação, Zanini explora materiais variados, mantendo-se contemporâneo ao mesmo tempo que peserva o legado de seu pai ao utilizar madeiras de demolição e abusar das formas orgânicas.

Atualmente, o carioca é diretor artístico da 31 Mobiliário, marca mineira que oferece móveis assinados pelo próprio designer, além de Rodrigo e Ruy Ohtake, Ronald Sasson, entre outros

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