Casa Vogue Experience

Por Nádia Simonelli


Heloisa Galvão, Adélia Borges, Ronaldo Fraga e Ana Neute refletiram sobre o papel transformador do design — Foto: Wesley Diego Emes
Heloisa Galvão, Adélia Borges, Ronaldo Fraga e Ana Neute refletiram sobre o papel transformador do design — Foto: Wesley Diego Emes

O design como ferramenta para trans-formar foi o tema do talk que reuniu Adélia Borges, Ana Neute, Heloisa Galvão e Ronaldo Fraga no sexto e último dia do Casa Vogue Experience 2023. Adélia abriu a conversa falando sobre a série Designers do Brasil, em que é curadora, e que chegou recentemente à segunda temporada. “Minha intenção é levar o design para o debate social. Acho que a gente fica muito restrito em nossos nichos e levar o assunto para um canal de televisão é uma coisa muito boa”.

Depois, cada profissional contou como o seu próprio trabalho age como agente transformador em grande e pequena escala. “A coisa que mais tenho orgulho do meu trabalho não são as peças em si, mas a relação que construí com a minha equipe”, reflete Heloisa.

Ana complementa relatando sua experiência ao desenvolver uma coleção de luminárias com artesãos do Jalapão, que trabalham com capim dourado, e também as experimentações que realizou para usar a taipa como matéria-prima para uma nova linha de mobiliário. "Para mim, o design transforma o material, mas também as pessoas que produzem e as que consomem", diz.

Já Ronaldo conta que procura provocar um novo olhar para, assim, estimular um novo enxergar. "Enxergando de um jeito novo, você pensa e escuta". O designer fala sobre o desafio gigantesco que é criar e reproduzir com responsabilidade atualmente. "Se a gente parasse de fazer roupa, sofá, copo não faria a menor diferença. O desafio é que não basta ser bem feito e ter procedência, o produto tem que contar, falar e incluir", diz.

Segundo ele, ainda estamos fazendo coisas do mesmo jeito do século passado. "O século 21 ainda não se forjou. Estamos assistindo uma tragédia instalada, o mundo se esfarelando. Por isso, coloco esse desafio para mim e acho que a criação é uma resposta poética sobre a angústia", diz

A co-criação foi outro tema abordado por Adélia e uma prática em comum a todos os participantes. Ronaldo tem peregrinado por todo o Brasil a fim de conhecer culturas e povos mais a fundo e também para propor novas dinâmicas de produção e comercialização dos produtos para valorizá-los ainda mais. "A moda me propiciou a seguir os caminhos do meu herói, do meu mentor intelectual, Mário de Andrade. Ele foi o primeiro a pensar num Brasil que não aconteceu ainda", explica. Sobre as incansáveis viagens, Ronaldo conta que isso tem lhe oxigenado bastante. "Estou me achado um homem um pouco mais interessante. Os meus problemas não existem mais diante dessa peregrinação de co-criação", revela.

Esse compartilhamento de conhecimentos também reflete em outro assunto sensível ao design, relacionado à valorização do fazeres e saberes ancestrais do nosso país, que estão sendo esquecidos. Adelia conta que pretende colocar sua energia de transformação somente em "ações que possam fazer esse Brasil pegar um rumo". Por isso, as pontes se fazem tão necessárias e Ronaldo lembra: "nós vivemos em um país de urgência. Aqui é um lugar onde o papel do design pode ser mais útil para criar pontes a fim de gerar emprego e renda, mas também reafirmar a cultura, caso contrário, não gera estima", afirma.

Para mudar essa estima, Ronaldo reforça a importância de revistas como a Casa Vogue em levar elementos de nossa cultura e arte popular para seu conteúdo editorial. "Quando o Brasil vai para a capa da revista, as pontes que precisamos fazer ficam explícitas". Além disso, ele comenta que há vários saberes e fazeres brasileiros que as crianças deveriam aprender na escola. Mas, a realidade é que uma herança escravocrata forte faz com que a própria população desvalorize o trabalho de quem faz. "O caminho para mudar isso é a educação e passarmos a ver o design como manifestação cultural", conclui Adélia.

Casa Vogue Experience 2023
Quando: de 21 a 26 de novembro
Onde: Avenida Rebouças, 3084, Pinheiros, São Paulo/SP
Quanto: R$ 100 reais por dia ou R$ 400 o passaporte para todos os dias de evento.
Confira a programação completa aqui.

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