Com verba restrita, jingles 'pr�-fabricados' custam de R$ 300 at� R$ 800
"Ahn, ahn, ahn, ahn". Do alto-falante do carro de som, sai a batida inconfund�vel do funk de maior sucesso do MC Bin Laden.
A abertura da m�sica � semelhante � original, mas logo o "t� tranquilo, t� favor�vel" � trocado por "� 15, um, dois, tr�s e t� confirmado", repetido freneticamente at� finalizar: "Maur�cio � o meu candidato".
Reinaldo Canato/UOL | ||
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MC Bin Laden, que canta "T� Tranquilo, T� Favor�vel", uma das m�sicas usadas em jingles de candidatos |
Maur�cio Benites (PMDB) � candidato a vereador em Comodoro, interior de Mato Grosso. Pagou R$ 300 pelo jingle que contratou do compositor Paulo Henrique Machado, que vive em Leopoldina, interior de Minas Gerais.
Perto dali, na cidade de Cajuri, sudoeste de Minas, o candidato a prefeito Ricardo Andrade (PSB) usa a base da m�sica para o seu jingle, cuja letra feita pelo mesmo compositor � quase igual.
Com teto de gastos mais baixo e restri��o no financiamento de campanhas, jingles "pr�-fabricados" t�m ganhado espa�o entre os candidatos a prefeito e vereador.
As m�sicas, publicadas em sites ou redes sociais em formato "demonstrativo", t�m nomes e n�meros fict�cios de candidatos.
Como numa prateleira de supermercado, o candidato escolhe a m�sica de sua prefer�ncia e recebe a grava��o com o seu nome e n�mero em at� 48 horas. Pagam entre R$ 300 e R$ 800 pela m�sica, at� dez vezes menos que uma in�dita e exclusiva.
O pre�o baixo –que pode ser parcelado em at� 12 vezes– embute um detalhe: o mesmo jingle pode ser usado para diferentes candidatos em todo o pa�s.
Paulo Henrique Machado, 40, trabalha com jingles h� mais de duas d�cadas. H� oito anos come�ou a montar um banco de dados na internet que hoje tem mais de 60 m�sicas. Neste ano, vendeu para mais de uma centena de candidatos em diferentes cidades do pa�s.
A maioria dos jingles � inspirada em m�sicas famosas. No top das vendas est�o par�dias de m�sicas do cantor Wesley Safad�o, como "Camarote" e "Aquele 1%", seguidas de funks como "T� Tranquilo, T� Favor�vel" e "Bumbum Granada".
Al�m do nome e n�mero do candidato, tamb�m s�o inseridas algumas palavras-chave –como "continuar", para pol�ticos em reelei��o, e "mudan�a", para os de oposi��o, explica Thales Douglas, dono de uma empresa de jingles em Alagoas.
Para usar as m�sicas de artistas famosos, os empres�rios apontam supostas brechas na legisla��o para n�o pagar direitos autorais. Segundo eles, os jingles s�o par�dias das m�sicas e, por isso, n�o precisam de autoriza��o do autor.
Especialistas, contudo, contestam o argumento. "A par�dia � t�pica do humor, tem um tom jocoso, de brincadeira. No caso do jingle, o objetivo � promover o candidato, o que configura viola��o do direito autoral", afirma o advogado Rodrigo Moraes, professor de direito autoral da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
TR�-TR�-TR�
A arrochadeira "Metralhadora" da banda Vingadora est� em alta. Um dos que apostou num jingle foi Bira Rocha (PPS), candidato a vereador em Catol� do Rocha (PB).
A coincid�ncia � que Rocha, 40, responde a tr�s processos por suspeita de homic�dio e � acusado de integrar um grupo de pistolagem.
Al�m de pedir votos para o candidato e prometer "mais educa��o", o jingle acaba ao som de uma rajada de balas. De metralhadora, � claro.