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Eleições no Irão: candidato reformista pode surpreender

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Massoud Pezeshkian é um dos seis candidatos presidenciais aprovados pelo comité dos clérigos e parece ter despertado a atenção dos iranianos descrentes no regime. Os resultados das eleições só serão conhecidos no domingo.

Depois da morte de Ebrahim Raisi, num acidente de helicóptero, os iranianos foram chamados a escolher um novo presidente. Numa votação que acontece esta sexta-feira.

Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS
Apesar das eleições no Irão serem sempre bastante controladas e todos os candidatos submetidos à analise do comité de clérigos, que apenas aprovaram seis dos oitenta propostos, esta campanha parece trazer uma surpresa: Massoud Pezeshkian, ex-cirurgião cardíaco reformista e ex-ministro da Saúde que considerou "imorais" as ações da polícia da moralidade, responsável por, entre outras coisas, impor os códigos de vestuário às mulheres.

"Se utilizar certas roupas é um pecado, o comportamento em relação às mulheres e raparigas é um pecado cem vezes maior. Em nenhuma parte da religião é permitido confrontar alguém por causa das suas roupas", afirmou Massoud Pezeshkian sobre as regras de utilização do hijab.

Além disso, e mantendo-se numa corrente contrária à do líder supremo do país, o candidato também afirmou que pretende tentar melhorar a relação do país com o Ocidente e retomar as negociações nucleares, para que sejam levantadas as sanções económicas que lhes foram impostas. Os conservadores recusam a aproximação ao Ocidente e acreditam que o Irão se pode tornar uma potência mundial apesar das sanções.

Massoud Pezeshkian conta com o apoio público de dois ex-presidentes reformistas, Hassan Rouhani e Mohammad Khatami, assim como do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif.

No dia de ontem dois candidatos conservadores desistiram das eleições, numa decisão que foi interpretada como uma forma de evitar a divisão dos eleitores conservadores. Alireza Zakani, presidente da Câmara de Teerão, e Amir Hossein, ministro da Administração Interna, retiraram as suas candidaturas e Zakani afirmou que a sua retirada pretendia "impedir a formação de um terceiro governo reformista".

Apesar do aparente entusiasmo da população com Massoud Pezeshkian ainda não é possível prever os resultados. Nas últimas presidenciais, em 2021, os níveis de abstenção atingiram números históricos pelo que alguns analistas internacionais têm defendido que os números da participação são uma peça fundamental para a continuidade da legitimidade da República Islâmica.

O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, que se encontra no cargo desde 1989, apelou à "participação máxima" da população. Depois de votar esta manhã, o líder supremo afirmou: "A durabilidade, força, dignidade e reputação da República Islâmica dependem da presença do povo. A alta participação é uma necessidade definitiva".

No entanto, muitos iranianos, especialmente os jovens, não confiam no estado e procuram o fim dos 45 anos do sistema clerical.

Especialmente depois da morte de Mahsa Amini nas mãos da polícia da moralidade, em 2022, os protestos contra o regime eclodiram e, em consequência, a violência policial também. Esta repressão foi sentida também pelos opositores políticos aos conservadores.

As eleições coincidem também com a escalada da tensão regional após o ataque do Hamas ao sul de Israel a 7 de outubro. A contagem manual dos votos de mais de 61 milhões de iranianos deve demorar cerca de dois dias, ainda que os resultados preliminares devam começar a ser divulgados no sábado.

Se nenhum candidato obtiver pelo menos 50% dos votos será realizada uma segunda volta na próxima sexta-feira entre os dois candidatos mais votados.
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