SISTEMA BRASILEIRO DE OBSERVAÇÃO DOS OCEANOS

Programa GOOS-BRASIL

O SISTEMA GLOBAL DE OBSERVAÇÃO DOS OCEANOS (GOOS) foi criado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), em cooperação com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), tendo em vista os dispositivos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) e da Agenda 21. Com a ratificação da CNUDM e adesão do Brasil à Agenda 21, foi reconhecida a necessidade de se desenvolver um Sistema Global de Observação para melhor compreender e monitorar as mudanças nos oceanos e suas influências.

imagem representativa do GOOS-BRASIL

Com o objetivo de ampliar e consolidar o monitoramento ambiental da área marítima brasileira, a CIRM criou, em 1997, o Programa GOOS-BRASIL. Um sistema nacional de observação dos oceanos e clima que visa coletar e disponibilizar dados oceanográficos, climáticos e meteorológicos do Atlântico Sul e tropical. Esses dados auxiliam no aprimoramento científico e subsidiam estudos, previsões e ações preventivas que contribuem para redução de riscos e vulnerabilidades decorrentes de eventos extremos que afetam o Brasil, tais como secas, enchentes, tempestades, que possam produzir fortes impactos sobre a vida das populações e a sustentabilidade das economias locais.

O GOOS-Brasil consiste em uma rede de boias de deriva e de fundeio na região costeira e oceânica brasileira, rastreadas por satélites e operado pela Marinha do Brasil, que fornecem dados meteorológicos e oceanográficos, em tempo real, para a comunidade científica, centros de previsões meteorológicas, e pelo Serviço Meteorológico Marinho brasileiro. O Sistema coleta dados oceanográficos e meteorológicos, fazendo uso de todos os sistemas já desenvolvidos, bem como incorpora as novas tecnologias que venham a surgir. O uso de outras variáveis (por exemplo, as EOV e ECV), cuja metodologia e tecnologia de coleta e protocolos de intercâmbio já se encontrem plenamente amadurecidos, poderá ser agregado para o aperfeiçoamento do Sistema.

Atualmente, a operacionalização do Sistema se dá por meio das seguintes Redes de Monitoramento e Projetos de Pesquisa:

a) Rede de observação por meio de boias fixas, boias de deriva e flutuadores ARGO no Atlântico Sul e Tropical, por meio do Programa Nacional de Boias (PNBOIA);

b) Rede permanente de monitoramento do nível médio do mar, por meio do programaGlobal Sea Level Observing System (GLOSS/Brasil);

c) Rede de boias fixas para pesquisa e previsão no Atlântico Tropical, por meio do programa Prediction and Research Moored Array in the Tropical Atlantic (PIRATA);

d) Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica (REMO); e) Rede Dados, por meio de integração e disponibilização dos dados coletados pelas redes, em tempo real, e projetos do GOOS-Brasil (R-Dados);

f) Rede Brasileira de Estações Meteorológicas Automáticas e Convencionais, Costeiras e Insulares;

g) Projeto de monitoramento da caracterização da estrutura térmica, a partir de linhas de alta densidade de XBT, por meio do Monitoramento da Variabilidade Regional do Transporte de Calor na Camada Superficial do Oceano Atlântico Sul entre o Rio de Janeiro e a Ilha de Trindade (MOVAR);

h) Projeto de Pesquisa SAMOC-Br (South Atlantic Meridional Overturning Circulation), que consiste em atividades na parte oeste da linha de instrumentos fundeados na seção zonal (34,5oS) referida como SAMBAR (do inglês South Atlantic Meridional Overturning Circulation Basin-wide Array);

i) Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta); e j) Projeto Melhores Práticas para a Coleta de Dados Meteoceanográficos (MePrO). É fundamental que as atividades preconizadas nesta Ação sejam inter-relacionadas com redes de observação e pesquisa atuantes no País, afetas ao tema, voltadas para os oceanos e a ZC.

Objetivo

Ampliar e consolidar um sistema de observação permanente dos oceanos, Zona Costeira e atmosfera, para apoiar a elaboração de previsões meteoceanográficas e ações, contribuindo para redução de riscos e vulnerabilidades decorrentes de eventos meteoceanográficos extremos que afetem o País; e disponibilizar os dados coletados para acesso público, a fim de subsidiar estudos e aprimorar o conhecimento científico.

Metas

a) ampliar para quarenta o número de dispositivos fixos de coleta de dados, instalados e em operação (ODS 14.3);

b) ampliar para cinquenta o número de dispositivos derivantes em operação de coleta de dados;

c) manter operacionais 80% dos dispositivos fixos instalados nas redes de monitoramento do GOOS-Brasil (média anual);

d) ampliar a Rede Brasileira de Estações Meteorológicas Automáticas e Convencionais, Costeiras e Insulares, visando incrementar a coleta de dados meteorológicos no Atlântico Sul. Incorporar na rede básica pelo menos 100 estações meteorológicas, até 2023;

e) aumentar, em 70% ou mais, o número de usuários cadastrados para acesso ao portal do GOOS-Brasil;

f) prosseguir com o monitoramento sistemático da Corrente do Brasil entre o Rio de Janeiro e a Ilha de Trindade, com o intuito de ampliar esta série temporal iniciada em 2004, com a realização de comissões com periodicidade trimestral, entre o Rio de Janeiro e a Ilha de Trindade, com o lançamento de, pelo menos, 40 batitermógrafos descartáveis (XBT, da sigla em inglês) em cada comissão (ODS 14.a);

g) disponibilizar os dados do MOVAR para a assimilação pelos Sistemas de Previsão e Análise Oceânica vinculados aos centros de previsão oceânica, distribuídos ao longo do globo (por exemplo, o consórcio global Ocean Predict);

h) contribuir com a formação de recursos humanos na área de oceanografia, através do envolvimento de alunos de graduação e pós-graduação nos embarques do MOVAR (ODS14.a); e

i) coletar dados por meio de boias meteoceanográficas e gliders, na região das bacias de Campos e Santos, por 36 meses, a partir do final de 2019, para avaliação do sistema de previsão da REMO.

AFERIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA REFERÊNCIA
DATA ÍNDICE

Número de Dispositivos Fixos de coleta de dados, instalados e em operação.

Fonte: MB

UN 2019 36

Número de Dispositivos Derivantes em operação de coleta de dados.

Fonte: MB

UN 2019 41

Taxa de operacionalidade dos Dispositivos Fixos de coleta de dados instalados (média anual).

Fonte: MB

% 2019 80

Estações Meteorológicas Automáticas e Convencionais, Costeiras e Insulares incorporadas à Rede Brasileira.

Fonte: INMET.

UN 2019 0

Número de XBT lançados pelo programa MOVAR por ano na linha de alta densidade entre o Rio de Janeiro e a Ilha da Trindade.

Fonte: UFRJ.

UN 2019 160

Lançamento de pelo menos 1 boia meteoceanográfica, na Bacia de Santos, em 2020, e de pelo menos 1 boia meteoceanográfica, na Bacia de Campos, em 2021.

Fonte: MB.

% 2019 0

Realização de missões com glider raso em 2020 e glider profundo, em 2021, nas bacias de Santos e Campos.

Fonte: MB.

% 2019 0

Número de usuários cadastrados no portal do GOOS-Brasil.

Fonte: USP.

UN 2019 883

Resultados esperados

1 - Conjunto aperfeiçoado de séries temporais de dados observacionais dos oceanos que servirão para:

a) previsão de tempo;

b) geração de informações que contribuam para os estudos do clima e dos ecossistemas;

c) previsão da propagação de ondas em águas rasas;

d) caracterização de correntes marinhas e da variabilidade de parâmetros físico-químicos da água do mar, bem como de outras EOV, cujo monitoramento se encontre plenamente amadurecido;

e) elaboração de ferramentas que auxiliem na segurança ambiental das operações marítimas e extração de petróleo no mar;

f) previsões de maré;

g) calibração e correção de dados de satélites; e

h) validação e calibração de modelos.

2 - Qualificação de pessoal na área de oceanografia e meteorologia.