Sua Idade


A atriz Cissa Guimarães — Foto: Divulgação
A atriz Cissa Guimarães — Foto: Divulgação

Atriz, apresentadora, locutora, Cissa é a epítome da carioca. Tem aquela beleza, charme, despojamento e alegria de viver que quase sempre, só quem nasceu rodeado pelo mar, sol e natureza consegue ter. E isso não só no jeito de agir, mas também de falar e, principalmente, lidar com a vida.

Famosa pelas novelas, peças de teatro e pelos 12 anos à frente do Vídeo Show, ela comanda hoje o Sem Censura, programa da extinta TVE carioca que voltou à TV há quatro meses, Cissa Guimarães esbanja todo esse carisma nas conversas que tem com seus convidados - muitos deles amigos de longa data.
Lá, discute etarismo, saúde, casamento, entre outros temas, do seu jeito, leve e solar, sem nunca evitar qualquer assunto.

É assim, também, que ela fala de capítulos densos e tristes, como a morte do filho caçula, Rafael Mascarenhas, vítima de um atropelamento quando andava de skate em um túnel no Rio de Janeiro, em 2010. E, mais recentemente, do ex-marido e amigo, o ator Paulo César Pereio, pai de dois de seus filhos, Tomás e João e com quem foi casada por 15 anos. A tristeza, conta ela, a terapia e os amigos conseguiram lhe ajudar a ressignificar.

De bem com a vida, Cissa celebra esse novo momento profissional na TV que chegou aos 64 anos e está rodando o Brasil para comemorar os dez anos da peça Doidas e Santas.
Tudo com a alegria e o carisma de sempre. Afinal, ela é a garota que quebra o coco. Mas não arrebenta a sapucaia. Jamais!

Você já tinha pensado em ser apresentadora? Como está sendo descobrir seu lado âncora?
Eu estou amando. Eu estava num período off, tinha encerrado meu contrato com a Globo depois de 46 anos e fazendo muito audiovisual, com três filmes e duas séries engatilhadas. Aí a Antonia Pellegrino, que eu conheço há muitos anos, me chamou para almoçar e me fez o convite. Eu percebi o tamanho da responsabilidade e o presente que eu estava ganhando. Então nem pensei, aceitei na hora!

O Sem Censura é um programa icônico, está no ar desde 1986 e tem uma importância cultural para o nosso meio, porque permite que os artistas apareçam, debatam assuntos relevantes e inerentes à nossa cultura. Como apresentadora, eu acho que é importante deixar o entrevistado muito à vontade. Eu recebo como se estivesse literalmente recebendo na minha casa. Estamos entrando no quarto mês, dessa programação que está um sucesso, graças a Deus!

Como foi lidar com o desafio de começar um emprego novo, mais madura?
Foi muito legal, até porque eu acho que só agora, com a minha maturidade, é que eu poderia executar esse trabalho de uma maneira mais bacana, mais profissional e mais inteira. Hoje eu tenho uma escuta melhor e uma ansiedade menor. Então, eu acho que chegou na hora certa. A gente não tem essa coisa de ter que se aposentar aos 65, entendeu?

Vocês discutem muito a pauta do etarismo e várias falas viralizam nas redes sociais. Acha importante levar este tema para o debate?
As pessoas estão precisando falar sobre isso. Eu acho que a gente tem que se colocar, porque ainda tem um preconceito, principalmente contra a mulher.
Outro dia vi um filme com a atriz inglesa Charlotte Rampling, que está com quase 80 anos, em que ela era a protagonista. Aqui, eu sinto que, se a trama não tem um personagem que é uma vovozinha ou uma pessoa mais velha, você não é chamada. Você não é mais a protagonista, "não tem mais idade". A gente já avançou muito, mas a questão do etarismo ainda é muito forte no meio artístico. Existe uma ditadura da beleza da juventude, que eu acho deslumbrante Mas existe também a beleza da maturidade, que é imensa e linda.

A apresentadora Cissa Guimarães à frente do Sem Censura — Foto: Divulgação
A apresentadora Cissa Guimarães à frente do Sem Censura — Foto: Divulgação

Você viveu os anos 80, em que a noção de beleza era bem diferente de hoje. Como era a Cissa da época e como você lida com a sua vaidade hoje?
Tínhamos outras questões. Não havia um furo na camada de ozônio, a gente não precisava realmente botar protetor solar. Ficava na praia o dia inteiro, pegando um sol de verão de 40 graus. A gente passava limão no cabelo, coca-cola no corpo para bronzear, olha que absurdo! Mas ao mesmo tempo, por mais que eu fosse meio hippie, me cuidava, ia ao banheiro da minha mãe e roubava os cremes. E até hoje eu adoro cuidar da pele, limpar o rosto depois da maquiagem, que normalmente não uso nunca, a não ser no trabalho.

E é assim com a saúde também?
Eu sou filha de médico, então desde cedo eu aprendi também a importância de cuidar da saúde e da alimentação. Faço meu check-up todo, reposição hormonal com a minha ginecologista e tenho acompanhamento do meu endocrinologista.
Em relação à alimentação, como muito mais legumes e peixe do que carne vermelha, por exemplo. E faço bastante exercícios. Mas, sinceramente, muito mais pela minha saúde do que pela minha estética.
Claro, isso é algo que eu me preocupo. Faço um pouquinho de botox, mas minha testa mexe, tudo meu mexe. Eu não sou contra plásticas, mas tenho um medo danado de ficar uma coisa esquisita. Aliás, acho essa questão da harmonização facial uma coisa perigosíssima. Nesse sentido, eu concordo com o que a Julia Lemmertz disse no programa: "Eu quero ter a cara que eu tenho, com as marcas que eu tenho, mas bem cuidada". Não sou uma vítima do tempo, não quero brigar com ele. O tempo é meu parceiro, é rei, soberano.

A Cissa jovenzinha se imaginava mais velha?
Eu não tinha medo de ficar velha, mas eu tinha medo de solidão. Eu sempre tive um espírito de moleca. Inclusive tenho que tomar conta de mim nesse sentido, porque sou muito impulsiva, gosto de aventura. Há dois meses, fui viajar sozinha para os lençóis maranhenses. Liguei para eles e falei, 'Olha, mamãe vai pular de paraquedas'. Eu sou essa pessoa, então eu acho que eu nunca cheguei a pensar nisso.

E como é o envelhecimento para você?
De repente, eu me dei conta que eu era uma senhora, uma jovem senhora. E que estava tudo bem. Não é que seja fácil. Tem momentos que eu acho chata a questão da energia. De vez em quando eu quero ir a um show, jantar fora e encontrar com os amigos. Mas já não consigo essas três coisas juntas. Mas isso tem um lado bom. A maturidade está me trazendo essa coisa da calma de ficar comigo, de ser minha parceira. Eu adoro ficar na minha casa vendo séries, lendo, estudando para o meu trabalho e ficar sozinha, em silêncio. Acho um espetáculo.

A maternidade chegou cedo para você não? Como foi isso na sua vida?
Sim, fui mãe aos 20 anos. Eu sempre fui muito responsável, ia no ginecologista por minha conta, tomava pílula. E de repente, eu engravidei, já casada com o Pereio. Quando eu descobri, ele ficou louco, queria muito ter um filho. E eu adorei! Hoje eu vejo que foi muito legal, porque, apesar de ser muito menina, eu tinha muita força. Viajei para tudo que é lugar com meus filhos e, quando eles estavam maiorzinhos, a gente saía juntos à noite, aprontava mesmo. Tinha horas que eu parecia irmã deles. Aí eu me toquei que eu tinha que me colocar como mãe, porque eles estavam quase me tratando quase como amiguinha.

E como é a relação de vocês? Há muita troca?
É ótima, temos muita troca. Mas no fim é isso, mãe não tem jeito, toma conta do filho até ficar velha. Eu estou sempre ligando, fico preocupada. Mas agora já falei que está na hora de tomarem conta de mim. Hoje sou eu quem pede conselhos, escuto muito o que eles me falam. E minhas noras, que amo de paixão.

Você passou por uma perda pessoal muito grande com a morte do seu filho, Rafael. Você sempre fala disso de um jeito muito bonito... Como conseguiu ressignificar o que aconteceu?
Não tenho medo de falar sobre o luto. Falo bastante sobre o Rafa e adoro que me contem coisas dele. O que eu disse e repito sempre é que eu não perdi meu filho, eu o ganhei no tempo em que ele me foi dado. Transformei tudo isso em aprendizado e aceitação. Sem ter ódio no coração ou achar que foi uma injustiça divina, são os desígnios de Deus. Eu tenho uma tristeza eterna, tem dias que a saudade bate e eu sou um pano de chão, meu coração anda de bengala. Mas eu consigo continuar andando, com ferramentas que eu vou descobrindo. Tem sempre um lugar reservado dentro de mim para guardar a minha dor. Eu acho que uma das missões do Rafael nessa vida foi me fazer ser essa mulher, eu sou outra pessoa depois de sua chegada e da sua passagem.
Ele era uma pessoa que me ensinava o tempo todo. Eu amadureci muito com tudo isso. E agradeço muito a ele.

Pessoalmente, a ideia da finitude te incomoda? Você pensa nisso?
Sim. No último mês eu perdi algumas pessoas queridas e fiquei bem reflexiva, pensando como é importante a gente viver o hoje, aqui e agora e se cuidar. Mas também viver, enfiar o pé na jaca de vez em quando, sabe, ver um show, tomar minhas caipirinhas, rir com os amigos. Porque a vida é muito efêmera, é muito rápida. Isso aqui é uma passagem.

Você teve três casamentos. Pensa em casar de novo?
Casar não, namorar sim, sim, sim! Eu sou namoradeira mas eu não tenho mais a menor vontade de casar e morar junto. Eu quero cada um na sua casa, ter a minha privacidade, meu tempo e os meus silêncios. E que os encontros sejam mágicos. E que à noite eu possa vir para a minha cama e ficar quietinha no meu quarto. No momento eu estou solteira, mas estou começando a pensar em voltar a namorar. Estou trabalhando tanto que eu quero um colo. Quero ser mimada!


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