Joias de segunda mão para noivas? Especialistas debatem

Anel de noivado — Foto: Guilherme Nabhan

Yes, I do

“Se você não tem avó, a gente providencia a joia da avó para você”, brinca Carolina Glidden, que há dez anos leva seu olhar apurado e treinado na moda para o universo das joias com “berço”. Consultora da Orit, marca de resale estabelecida em São Paulo desde 1958, e responsável também por uma curadoria personalizada, a Baby Estate Jewelry, Carol acredita que ter ou não um anel de noivado que já passou por outras mãos é, antes de mais nada, uma questão estética. “Há mulheres que são fascinadas pelos períodos art déco ou vitoriano, ou por ícones de décadas passadas, como os chuveiros dos anos 1960.” Mas, na fórmula que tem atraído cada vez mais pessoas também entram craftsmanship e matérias-primas pouco usadas na joalheria atual – caso da platina.

E, claro, preço atrativo, ainda que pagar menos por um anel usado não seja regra. “Às vezes, a mulher sonha em ter um anel da Tiffany & Co. e essa é uma boa maneira de conseguir um.” Sinal dos tempos – e da tendência –, a Sotheby’s, uma das casas de leilões mais famosas do mundo, entrou no mercado de resale em setembro de 2020 e já comemora bons resultados – um crescimento de 60% de novos clientes. “É uma forma de entregar nossa expertise de um jeito mais acessível”, conta Kendall Reed, responsável pelo marketplace. Vale, porém, ficar atento: nem tudo que brilha é brilhante nesta história. Muitas joias de resale não têm certificado de autenticidade, por exemplo. “É fundamental comprar de um vendedor idôneo, que emita nota fiscal e em quem você confie”, finaliza Glidden.

Meia-aliança de platina e brilhantes, anel de ouro amarelo com brilhantes e turmalina, e anel de ouro branco e brilhante da Orit — Foto: Divulgação

Eu passo

“No final, acaba sendo uma questão de percepção de valor, daquilo que uma pessoa considera importante em uma transação comercial. Não sou contra o resale, mas só uma joia nova pode dar, além de originalidade, certificação de origem, de autenticidade, de qualidade e garantia vitalícia, entre outras coisas”, enumera Kelly Amorim, sócia da irmã, Carla Amorim, no business da família. “Em vendas de segunda mão, acaba sendo difícil saber se um anel de noivado tem um diamante de sangue (proveniente de conflitos humanitários), por exemplo, ou mesmo se foi roubado antes de chegar ao mercado”, pondera.

A mesma sensação é compartilhada por Luna Nigro e Julia Blini, dupla à frente da Gaem, marca de joias recém-lançada. “Eu acho que, de agora em diante, da geração Z para a frente, vai ser inconcebível as pessoas comprarem qualquer coisa sem saber a procedência delas”, diz Luna. E para quem defende o resale como alternativa sustentável, a Gaem dá opções concretas: todo o ouro usado na marca é certificado pelo RMI (Responsible Minerals Initiative) e/ou reciclado, e os diamantes, acredite, feitos em laboratório. “Como eles vêm direto para a gente e seguem direto para as nossas joias, sem intermediários, acabamos tendo um diferencial também no preço”, acrescenta Julia. Em geral, um solitário de diamante com um quilate ou mais acaba sendo entre 30% e 40% mais barato do que o de uma pedra minerada.”