Uma das maiores vozes negras do Brasil, Ludmilla relembra início da carreira em capa da Vogue

E ela fala com a propriedade de quem vem numa curva ascendente. O fato de ter sido a artista mais pedida pelo público em 2020 do Rock in Rio, ter tido uma participação histórica na última edição do evento e, por fim, ter sido consagrada com o Grammy Latino no ano passado são provas disso. Agora, ela está trabalhando na turnê 2023/24, que culminará em um show em setembro, no festival The Town, em São Paulo. Para quem a conhece de perto, não é nenhuma surpresa. Como afirma o cantor e amigo Mumuzinho no documentário Rainha da Favela, do Globoplay: “Ludmilla é determinada e não tem medo de nada”.

É assim que a cantora é descrita desde os 8 anos de idade. Lud foi criada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, pela mãe, Silvana Oliveira. Na época, seu padrasto tinha um grupo de pagode e incluía a pequena nas rodas, onde muito cedo ela já soltava a voz. A paixão pela música era evidente desde que era muito pequena. Silvana lembra que, nos momentos de lazer, Lud estava sempre escutando música em seu quarto. “Quando pequena, ela era muito levada, mas sempre foi autêntica e com um espírito de liderança e uma criatividade muito grandes”, conta a mãe. “Continua assim até hoje. Ela é muito brincalhona”, completa. Na adolescência, Lud se apaixonou pelo funk e descobriu que tinha facilidade com as rimas. Foi a deixa para gravar e jogar no Youtube uma das primeiras composições, “Fala Mal de Mim”. Pronto, nascia, em 2012, a MC Beyoncé, cujo nome surgiu como uma homenagem à sua ídola maior. “Quando vi o DVD Experience pela primeira vez, me encontrei. Era tudo o que eu queria fazer: cantar, dançar e ter aquela liberdade em cima do palco”, recorda.

Em pouco tempo, o vídeo alcançou 15 milhões de visualizações. E foram estes views que a levaram a assinar um contrato com a Warner. Para se preservar de possíveis implicações jurídicas, precisou mudar o nome artístico. “Isso me deu uma certa insegurança. Eu já estava com uma agenda de shows agitada e ficando conhecida. Também achava que meu nome de batismo não soava muito artístico. Foi um risco, mas sempre confiei na minha arte e, no fundo, sabia que daria certo. Olhando para trás, foi como se marcasse o nascimento de uma nova artista, mais potente e profissional”, analisa. Na prática, Ludmilla estourou com o álbum de estreia, Hoje, de 2013. O segundo trabalho, A Danada Sou Eu (2016), ganhou as rádios chamando a atenção para um gênero popular que é a cara do Rio (e do Brasil), mas que ainda carrega uma boa dose de preconceito. Todo o impacto lhe rendeu, naquele ano, uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Lud não ganhou, mas, como ela mesmo diz em “Cheguei”, chegou chegando.

Este é um trecho da matéria "Rainha da Noite", publicada na Vogue Brasil de Fevereiro de 2023. Leia o conteúdo na íntegra na revista impressa ou no app Globo+ com exclusividade para assinantes

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