A arte brasileira está cada vez mais disseminada pelo mundo e o mercado do turismo de luxo busca nos talentos nacionais obras impactantes e distintas a fim de enriquecer a experiência de seus hóspedes não apenas com beleza, mas com história da nossa cultura. É o caso de Nádia Taquary, que expõe suas esculturas que abordam a sacralidade afro-brasileira e desafiam narrativas eurocêntricas no histórico Fera Palace Hotel, o primeiro hotel de luxo de Salvador, na Bahia. Já em Portugal, Nathan Kunigami, que tem um estúdio de flores em Lisboa, impressiona com uma instalação monumental no Tivoli Avenida Liberdade. Enquanto isso, Walter Goldfarb apresenta a imponente pintura-tapeçaria a bordo do Seven Seans Grandeur, a maior obra de arte já instalada em um navio.
Confira sobre as exposições dos três artistas brasileiros abaixo:
Arte afro-brasileira no coração do primeiro hotel de luxo de Salvador
Situado no Centro Histórico de Salvador, na Rua Chile – a primeira Rua do Brasil –, o Fera Palace Hotel foi construído como o primeiro hotel de luxo de Salvador, e do Nordeste, em 1934. Em 2017, o hotel passou por uma extensa reforma e, além de preservar a história arquitetônica do edifício, foi igualmente importante garantir que o interior do hotel mesclasse o Art Déco com aspectos baianos.
Logo na recepção, os hóspedes se deparam com duas impressionantes esculturas da artista plástica baiana Nádia Taquary. Por meio de sua arte, ela investiga tradições e práticas em torno da sacralidade afro-brasileira, em particular, das mulheres negras e seu legado ancestral. Nádia tem como objetivo questionar e desconstruir as narrativas eurocêntricas e patriarcais que há muito limitam no Brasil o acesso importante ao conhecimento relacionado ao rico legado vindo da África pré-colonial.
Suas peças são feitas com uma mistura de madeira, búzios, palhas, miçangas, pastilhas de coco, ouro, prata, conta e figas, exaltam a religiosidade afro-baiana, parte essencial da identidade de Salvador. Sua obra para o Fera Palace Hotel, Nós, está exposta no lobby do hotel e remete a uma lembrança que a artista tem da sua mãe, quando se hospedaram no então Palace, há anos.
A artista já realizou exposições individuais por todo o Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e São Paulo, além de destinos internacionais como Paris, Miami, além de exposições coletivas em Los Angeles e Nova York. Suas obras integram acervos de importantes acervos institucionais como: Pérez Art Museum Miami (PAAM), New York Museum of Art and Design (MAD), Pinacoteca de São Paulo, Inhotim, Museu de Arte do Rio – MAR e Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA.
A milenar arte japonesa de arranjos florais com um toque carioca em Lisboa
Artista nipo-brasileiro Nathan Kunigami, do Kokuga Estúdio de Flores, em Lisboa, acabou de inaugurar a sua primeira exposição individual no Tivoli Avenida Liberdade, o icónico hotel de luxo da capital de Portugal. Utilizando os conceitos de Ikebana, antiga arte japonesa dos arranjos florais, a peça em grande escala intitulada A mata não pede passagem, uma instalação site-specific, é uma ode à força e resiliência da natureza, apesar do seu constante apagamento pelo homem através dos séculos.
Filho de mãe brasileira e pai japonês, Nathan começou a criar arranjos florais após estudar Ikebana, a milenar arte japonesa de arranjos florais, com uma artista em Tóquio, em 2017. Em 2018, após trabalhar oito anos no mercado de comunicação para marcas de luxo, Nathan decidiu sair do mundo corporativo para se dedicar exclusivamente ao mundo da botânica e fundou o Kokuga Estúdio de Flores @kokuga_.
Inspirado pela imagem de uma flor a brotar de uma rachadura no asfalto, o artista floral projetou duas peças feitas de amaranthus preservados, ráfia, palmeiras e orquídeas. A primeira intitulada Davina é uma homenagem a avó de Kunigami que sempre foi apaixonada por botânica. Mede aproximadamente 2m x 1m (altura x diâmetro).
Já a segunda – um conjunto de três esculturas flutuantes – propõe uma reflexão sobre a nossa relação com a natureza. A composição apresenta três elementos: Shin (Céu), Soe (Terra) e Tai (Humanidade). O objetivo desta composição, assim como uma Ikebana, é o de encontrar a harmonia entre os três.
A maior obra de arte já instalada em um navio
Conhecida no mundo dos cruzeiros de luxo por suas coleções de arte de milhões de dólares a bordo de seus navios, a Regent Seven Seas lançou recentemente o navio Seven Seas Grandeur e contratou o artista carioca Walter Goldfarb, que comemora 30 anos de carreira este ano, para criar uma peça site-specific para o espaço.
Consagrado por sua linguagem autêntica, a arte de Goldfarb é marcada pelas telas de grandes dimensões e técnicas incomuns, com pinturas construídas com lavagens e raspagens químicas de centenas de bastões de carvão e tingimentos em tie-dye.
Além disso, técnicas de bordado realizadas de próprio punho pelo artista sobre a lona crua e espessa, com o fio extraído da lona e de outras procedências, completam o processo. Sua produção contempla esculturas-objetos em pedras, metais preciosos e materiais alternativos.
Aliás, a pintura-tapeçaria A Árvore Encantada, com cerca de 13 metros de altura por três e meio de largura – a maior já instalada em um navio – foi construída com mais de 6 mil botões vintages americanos e europeus da década de 1960, bordados que simulam uma cartografia, carvão e laca sobre um kilim tramado com pura lã de carneiro.
Conceitualmente, a peça é uma imensa pele que se assemelha a um pergaminho impregnado de simbologias, lendas e histórias. A pintura-tapeçaria ocupa permanente a parede do atrium central do transatlântico Seven Seas Grandeur. No Brasil, seu trabalho integra diversas coleções relevantes, particulares e institucionais, como as do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e Museu Nacional.
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