Em busca da medalha olímpica, surfista Tatiana Weston-Webb diz: "Quero ser um bom exemplo"

Apesar de experiente e da coleção de títulos — com apenas 17 anos, foi campeã mundial júnior na Nicarágua, pelo torneio da Associação Internacional de Surf (ISL), e conquistou ouro nos jogos Pan-Americanos de 2023 —, Tati, como é carinhosamente chamada pelos fãs e amigos, não esconde que uma Olimpíadas tem seu peso. "Traz mais ansiedade e requer mais preparação. O mundo inteiro está assistindo e acontece só a cada quatro anos. Tenho a chance de representar muito bem o nosso país e ir em busca da medalha. No entanto, como atleta, preciso administrar essa pressão", avalia em entrevista à Vogue Brasil.

Ocupando atualmente o 8º lugar no Top 10 da WSL (Liga Mundial de Surfe), Tati tem se dedicado para chegar ao top 5. "É o meu objetivo. Se ficar entre as cinco primeiras, posso tentar um título mundial no final do ano", explica. "Talvez consiga esse ano, talvez ano que vem. Estou me sentindo muito bem com o meu surfe e pronta tanto fisicamente quanto mentalmente, mas agora o foco é total nas Olimpíadas".

Durante o bate-papo, Tatiana fala ainda da frustração de ter sido eliminada nas oitavas de finais em Tóquio, conta como tem se preparado física e mentalmente para Paris e abre os planos que tem daqui para frente. Confira!

Vogue Brasil: Para começar, como estão as suas expectativas para os Jogos Olímpicos de 2024?

Tatiana Weston-Webb: Agora falta pouco tempo e existem expectativas, claro. Estou treinando dentro e fora d'água desde novembro do ano passado, quando começou a pré-temporada, com o objetivo de me sair bem lá. Além disso, mentalmente, tenho trabalhado muito com a minha psicóloga do Comitê Olímpico Brasileiro [COB], que tem me ajudado bastante nesse aspecto. Sou uma mulher competindo em alto nível, preciso estar em um certo estado mental para isso, não só pelo lado esportivo, mas pessoal também.

Vogue: Esta será sua segunda vez participando de uma Olimpíadas. Depois de Tóquio, você fez um desabafo falando que “não tinha compreendido a tempo a dimensão do evento e isso teria resultado na eliminação precoce”. Hoje, como avalia sua performance nos Jogos Olímpicos? Se sente mais preparada para Paris?

Tatiana: As Olimpíadas de 2020 [que aconteceram em 2021] foram muito estranhas por causa da Covid-19. Até dois meses antes dos Jogos, ninguém sabia se iam acontecer ou não. Ou seja, não tive a chance de viver o ciclo olímpico, com quatro anos de preparação. Para completar, eu também tinha me machucado naquele ano. Enfim, quando chegamos lá, encontrei todos que já conheço do mundo do surfe, e, para mim, pareceu como um outro evento qualquer... Claro que, enquanto atleta, sempre quero fazer algo legal e estava preparada, mas não conseguia entender o tamanho daquilo, que era o sonho da vida de muita gente. Então, sim, minha visão mudou. Agora, tenho mais intensidade, me sinto mais madura, minha preparação está sendo diferente...

Vogue: O que não pode faltar na sua mala para as Olimpíadas?

Tatiana: Biquíni, com certeza! [risos] Além disso, não tenho amuletos específicos, prefiro manter meu pensamento leve.

Vogue: Você tem algum ritual ou uma preparação especial antes de entrar no mar?

Tatiana: Gosto de começar o dia meditando e orando, praticando o mindfulness, isso me ajuda muito. Também faço minha rotina pré-bateria, que é uma série de movimentos que aquece o corpo antes de entrar na água. Sinto que nesse momento preciso focar no meu mundo, escutar a minha respiração, falar com o técnico...

Vogue: Você é inspiração para inúmeras meninas. Inclusive a Sophia Medina, uma grande aposta para o futuro do surfe feminino, já declarou que tem em você uma grande inspiração. Como lida com tudo isso?

Tatiana: Acho muito irado saber que posso inspirar outras meninas, mas claro que sinto uma pressão, porque quero ser um bom exemplo. Mas temos muito a comemorar, a etapa de Saquarema [que acontece de 22 a 30 de junho] será o evento da WSL com mais mulheres brasileiras competindo. Estaremos em quatro, entre elas a Sophia. Acho que estamos fazendo história para o surfe feminino no Brasil. Isso é muito especial!

Vogue: Anos atrás, você chegou a falar que pretendia diminuir o ritmo depois dos 30 anos, focar no seu lado pessoal e ser mãe. Estes seguem sendo seus planos?

Tatiana: Eu acho a vida de atleta muito difícil, mulher atleta então... Se hoje decido parar de surfar para tentar engravidar, abro mão de muitas coisas profissionalmente. Pode ser difícil equilibrar o desejo de ter uma família com sucesso na carreira, mas pretendo ter filhos, sim. Eu e meu marido [o surfista brasileiro Jesse Mendes, com quem se casou em novembro passado] somos super família e queremos construir a nossa em breve, mas não tenho nenhum plano definido ainda.

Vogue: Migrando para o universo da beleza, muitas pessoas comentam sobre seu cabelo nas redes sociais, muito por conta do tom, mas também porque você está sempre exposta ao sol e água do mar. Como você cuida dos fios?

Tatiana: Muita gente acha que pinto meu cabelo, mas na verdade pinto minhas sobrancelhas para elas ficarem mais escuras, senão elas desaparecem no meu rosto [risos]. Desde cedo, tive que cuidar do meu cabelo e, realmente, cuido bastante. Sempre uso um leave-in para proteger os fios antes de entrar na água e costumo passar óleo nas pontas. Não é sempre que ele está saudável, mas eu tento [risos].

Vogue: Tem algum outro ritual ou truque de beleza que você considera indispensável?

Tatiana: Uso protetor solar todos os dias e sou viciada em cuidar dos meus dentes.