Milão vive um renascimento cultural que passa pelo design, pela arquitetura, gastronomia e até pelo circuito clubbing. E talvez por isso a moda esteja sendo tratada de maneira mais inovadora. O que é luxuoso está sempre em movimento e as forças típicas dos tempos recentes (as mídias sociais, a expansão de novos mercados, as culturas millennial e geração Z) têm determinado mudanças rápidas, que definitivamente influenciam a percepção para a apreciação dos produtos. Assim, as marcas se reinventam, convocam novos designers (que respeitem seus respectivos DNA) e, principalmente, criam novas estratégias de marketing.
+ Mangas statement marcam a semana de alta-costura
O daywear e sua admirável alfaiataria, numa espécie de homenagem aos anos 80 e 90 (quando o made in Italy bombou soberanamente), movimentaram as passarelas. Objetivo: vestir mulheres reais para vidas reais, com roupas feitas com excelência artesanal, executadas com materiais extraordinários em modelos inspiradores, bem longe da monotonia do “normal”. Tarefa desafiadora. A tradicional Salvatore Ferragamo, por exemplo, convocou o britânico Paul Andrew para, com seu light touch e visão de moda de alcance global, atender a uma audiência mais ampla, agradando mães e filhas. Trabalhando volumes que sugerem os anos 80 com elegante precisão nos tecidos e um patchwork de lenços de seda do caleidoscópico arquivo da casa, a coleção é atraente e criteriosa com seu luxo discreto e evidente sensibilidade italiana.
+ Dandy feminino: Costanza Pascolato reflete sobre o significado de usar terno hoje
Pronta para cativar uma audiência mais jovem, a Marni, que sempre foi associada a mulheres modernas, todas mais “cabeça”, ousou com uma sensualidade desconstruída mais que contemporânea. Francesco Russo chamou sua coleção de neuro-erotic, assumindo o desafio de definir uma nova ideia de sedução com uma estética excêntrica e arrojada. O resultado, meio desigual, teve a qualidade de uma corajosa abordagem experimental, bastante rara em Milão.
+ Presença gigante: Costanza Pascolato comenta o novo oversized
Mas o verdadeiro pulo do gato foi da Moncler. Conhecida por suas jaquetas acolchoadas, a marca substituiu a participação de Tom Browne e Giambattista Valli como diretores criativos das linhas Gamme Bleu e Rouge por lançamentos mensais, convidando 11 designers da maior relevância para conseguir estar sempre presente em nossas mentes, corações e feeds. Do projeto denominado Moncler Genius, fazem parte Pierpaolo Piccioli (da Valentino), Noir de Kei Ninomiya, Simone Rocha, Richard Quinn, Francesco Ragazzi da Palm Angels, entre outros.
+ Alfaiataria reinventada: Costanza Pascolato analisa a volta da elegância nas passarelas
A estratégia reflete bem a mobilidade do momento: não se conversa mais com o consumidor apenas a cada seis meses, mas preferencialmente com um bom papo por dia. É no que a Moncler acredita para atrair a nova geração. Brilhantemente extravagantes, estas coleções-cápsulas, muito diferentes entre si, são uma maneira pertinente para oferecer um fluxo de inovação, sem revolucionar completamente a estética da marca. Assim, a técnica do acolchoado em materiais sintéticos de última geração vive um momento fashion-espetacular, com peças que também são símbolos atualíssimos do resgate da filosofia do “bem viver” e do “bem fazer” italianos, que sempre acreditaram na aproximação entre artesanato e arte.
+ Noiva retrô: veja sugestão de looks com perfume 60's