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Por Beta Germano (@betagermano)


 — Foto: Arquivo Vogue/ Zee Nunes
— Foto: Arquivo Vogue/ Zee Nunes

Fim de ano chegando e você já está pensando no goró para comemorar ou esquecer? Apesar de um histórico marcado por uma produção de vinhos considerados médios, o Brasil mostrou que sabe fazer ótimos vinhos e espumantes a ponto de entrar para a lista dos 1001 vinhos que você precisa beber antes de morrer. O país, afinal, foi construído por gente que entende do assunto: entre italianos, portugueses e alemães, foram muitas as famílias que chegaram aqui com a expertise na mala e encontraram clima e solos perfeitos para diferentes uvas. Mas a produção era, inicialmente, para o consumo familiar. Mas aos poucos, eles entenderam que poderiam transformar o prazer e costume em negócio.

Foram muitos os fatores para o vinho nacional dar essa guinada. A abertura do país para a importação, nos anos 1990, durante o governo Collor, foi certamente um sinal para a necessidade de um maior investimento em qualidade e inovação. Mas parece que foi a nova geração que virou o jogo de vez: filhos e netos de produtores começaram a viajar para aprender e voltaram cheios de ideias. Outro ponto importante é a própria profissionalização do mercado brasileiro: nasceram escolas profissionalizantes e a Associação Brasileira de Enologia (ABE) criou a Avaliação Nacional de Vinhos (ANV) há exatos 30 anos – o que estimula, claro, uma produção mais cuidadosa e ajuda o consumidor a compreender melhor as uvas e safras do país.

Mas como funciona a Avaliação Nacional de Vinhos? Todos os anos, enólogos e sommeliers analisam amostras do país inteiro para identificar as melhores produções daquele ano. Este ano, por exemplo, foram 533 amostras analisadas por 90 especialistas para chegar no resultado final. Destas amostras iniciais, eles selecionam 16 representantes de cada categoria que são, finalmente, avaliados num evento que reúne, em Bento Gonçalves, cerca de 600 profissionais e apreciadores para uma prova às cegas e análise dos produtos. O evento acabou tornando-se um forte indicador de quais uvas tendem a se transformar nos melhores vinhos de cada ano. É importante ressaltar, aqui, que a qualidade da uva é 90% da produção de um bom vinho. Afinal, um enólogo pode destruir uma uva, mas não pode fazer uma fruta ruim se transformar num produto de qualidade!

E, para facilitar a sua vida, o ABE lançou, no mês passado, um livro contendo o resultado de todas as avaliações dos últimos 30 anos. Nesta espécie de bíblia das safras nacionais você verá, por exemplo, que o ano de 2018 foi especialmente bom para os vinhos brasileiros, com atenção para Tannat, Merlot e Cabernet Sauvignon. Outro ano que chamou atenção foi 2020, com ótimos vinhos elaborados com Pinot Noir e Riesling.

Entre as regiões do país que mais produz vinhos de qualidade, está a Serra Gaúcha. Um lugar único que tive o prazer de visitar para conhecer uma produção apurada. Confira abaixo uma lista boa para as festas de fim do ano…e outros dias mais! Saúde!

O melhor espumante do país! E um dos melhores do mundo

Era 1976 quando a Chandon contratou o enólogo chileno Mário Geisse para pesquisar o clima e solo do Brasil com o objetivo de abrir seu mercado na América Latina. Ele logo percebeu o potencial do terroir da Serra Gaúcha que tem as condições ideias para espumantes de excelente qualidade: ali a uva consegue amadurecer, por completo, resultando num vinho base com acidez alta e açúcar baixo – características fundamentais para um bom espumante, pois é a acidez que equilibra o álcool e o gás. Em 1981, ele apostou na região e lançou voo solo abrindo, em Pinto Bandeira, a Vinícola Família Geisse, onde elabora, desde então, espumantes pelo método tradicional.

Em 2015, o Cave Geisse Terroir Nature foi citado no livro 1001 Vinhos para se Beber Antes de Morrer, de Neil Beckett, como único representante da categoria da América do Sul. O espumante de Pinot noir e Chardonnay é encorpado e adocicado no ponto certo, com notas de damasco, maçã e mel. Parece uma boa ideia virar o ano tomando uma garrafa, não? Se possível, vai de safra 2019 ou 2020!

Sem álcool? Temos

Está grávida ou tomando algum medicamento e não pode beber álcool? Não fique de fora das festas (e dos drinques): conheça a Vinícola Aurora. Trata-se de uma cooperativa que nasceu em 1930 e reúne, hoje, 1100 famílias produtoras de uvas. As três sedes da empresa, todas na Serra Gaúcha, recebem cerca de 85 milhões de quilos de uva ao ano, transformadas em sucos, vinhos e espumantes.

Em 2019 eles perceberam que tem muita gente que gosta de brindar, mas não gosta ou pode ingerir álcool. Lançaram, então, o Aurora Zero Álcool, um produto elaborado à base de uvas americanas brancas levemente gaseificado. No paladar é bem docinho e delicado com aroma frutado.

Branco: a cara do verão

Há mais de 130 anos Angelo Cristofoli e Maria Dalla Senta vieram da Itália para o Brasil sonhando com uma vida próspera e feliz e se depararam com uma terra fértil para a produção de uvas Vitis viníferas. Angelo começou, então, a produzir vinhos na propriedade para o consumo familiar e para os poucos e bons que paravam por ali. Mas foi somente em 1986 que começou a vender de forma caseira, abrindo a empresa oficialmente 12 anos depois.

Hoje a quarta geração da família no Brasil comanda o negócio elaborando vinhos finos e espumantes delicados e persistentes. A enóloga Bruna Cristofoli e o irmão, Lorenzo Cristofoli, cuidam da elaboração e vinificação, enquanto Letícia Cristofoli comanda a parte administrativa. Os pais da turma e fundadores da vinícola, Loreno e Mário, ficam responsáveis pelos vinhedos; enquanto as mães, Lourdes e Roseli, pilotam a cozinha do restaurante! Entre os destaques da Cristofoli, está o Sangiovese de 2020, um branco leve, seco e levemente frutado. Sangiovese, cujo nome provém do latim Jovis Sanguis ou Sangue de Júpiter, tem sua origem na região da Toscana, na Itália, e é uma uva que se desenvolve muito bem na Serra Gaúcha.

Rosé: da geladeira para a areia!

Lá se vão seis gerações da família Dal Pizzol criando e vendendo vinhos super equilibrados! Os primeiros imigrantes saíram da Província de Treviso, na Itália, em 1878, chegando na região onde hoje fica Bento Gonçalves. E por lá ficaram. A família só produzia uvas para as cooperativas até 1974, quando Antônio e Rinaldo Dal Pizzol criaram a vinícola que elabora, desde então, o melhor custo-benefício da região. Em paralelo, eles investem fortemente em experiências voltadas para o enoturismo.

Vale notar: muitos dos rótulos da Dal Pizzol chegam à mesa com tanino bastante leve e arredondado – ponto importante para o meu paladar, mas gosto não se discute, certo? Entre os vinhos que provei, vale ressaltar o Rosé de Franc 2021. O aroma delicado e fino, lembrando frutas como amoras e cerejas, e o sabor é levemente mineral com um toque de cereja. Macio e refrescante, ele é perfeito para harmonizar com frutos do mar. Mas provemos com uma bruschetta e o resultado impressionou.

Laranja: resgatando uvas quase extintas e métodos ancestrais

O vinho laranja nasceu na Geórgia há milhares de anos, onde era feito em ânforas de barro seladas com cera de abelha. Ele nasce a partir de uvas brancas maceradas com as cascas, como nos vinhos tintos, mas ao contrário dos brancos tradicionais, cujas peles são retiradas antes da fermentação. O resultado? Além da cor âmbar ou alaranjada que dá nome a esta qualidade, esses vinhos têm maior estrutura e mais taninos que um vinho branco – quanto mais tempo o suco fica em contato com a casca, ganha mais tanino e cor.

Os mestres do vinho laranja no Brasil são Luís Henrique, Talise Zanini e Alvaro Escher, idealizadores da vinícola Era dos Ventos, especializada em resgatar métodos ancestrais e valorizar uvas quase extintas. Prove o Era dos Ventos Peverella de 2018. As uvas são colhidas manualmente e são maceradas por aproximadamente 21 dias em mastelas de carvalho francês da década de 1930. A fermentação espontânea é feita por meio de leveduras indígenas e o vinho não passa por clarificação, colagem ou filtração.

Peverella é uma variedade de uva branca proveniente do norte da Itália, trazida ao Brasil por imigrantes no final do século XIX. A palavra Peverella é originária de pevero, que significa pimenta. O nome não nasceu à toa: ela tem um sabor levemente picante na ponta da língua. Na década de 1940, ela se tornou uma das variedades brancas mais plantadas na Serra Gaúcha, mas foi trocada por variedades comerciais mais famosas.

Tintos para a ceia de Natal e outros dias especiais

Como o próprio nome indica, os vinhos da vinícola Almaúnica são especiais e de alma única. Fundada em 2008 pelos gêmeos Magda e Márcio Brandelli, a vinícola já ganhou espaço e respeito dos apreciadores pelos vinhos finos maturados em barricas de carvalho francês, o que garante um sabor mais complexo, elegante, com tanino mais suave e arredondado; e, geralmente apresentam notas mais tostadas, que lembram caixa de charuto, chocolate escuro e noz-moscada. Os vinhos de carvalho americano geralmente são mais adocicados, com aromas de coco, baunilha e caramelo.

Eles também primam pela elaboração do vinho por meio de processos impulsionados pela força da gravidade – o vinho vai para os tanques e garrafas sem bombeamento, o que anula o risco de esmagamento das sementes e cascas e de oxidação da bebida com a entrada de oxigênio. Isso faz com que aromas e sabores sejam mais controlados e garante uma necessidade menor de sulfito – usado como uma espécie de conservante do vinho. O sulfito muitas vezes é o responsável por aquela dor de cabeça chata. Também usam o grão inteiro sem casca, minimizando os taninos.

Vale lembrar que apesar da vinícola ser jovem, Magda e Márcio pertencem à quarta geração de uma família produtora de vinhos. Uma história que começou em 1887, quando o imigrante italiano Marcelino Brandelli chegou à região de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, trazendo na bagagem a paixão pelas videiras. Após passarem um período trabalhando na vinícola da família, que leva o nome do pai, os irmãos decidiram seguir um caminho próprio.

Dito tudo isso, eu recomendaria dois rótulos da Almaúnica: Quatro Castas Safra 2020 é maturado por 24 meses e elaborado com Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah. É um vinho mais intenso e complexo com notas de baunilha, chocolate preto, especiarias, café, defumados e calda de frutas vermelhas maduras. Recomenda-se a harmonização com paleta de cordeiro, queijos fortes e massas com molhos condimentados. Acho que pode ir bem com a ceia de Natal também.

Outro vinho delícia que deve ir bem com o menu do Natal é o Parte 2 Merlot Safra 2018, com 85% Merlot e 15% Cabernet Sauvignon. Ele tem aromas de ameixa seca, geleias, couro, groselha e trufas; e na boca é bastante redondo. A vinícola recomenda harmonização com carne de panela, queijos fortes, lombo de cordeiro assado, risotos, massas com molhos ricos e estruturados.

Last but not least, vale muito conhecer a Terragnolo, comandada pelo vitivinicultor Sandro Valduga. Como a maioria das vinícolas da região, essa história começa no século passado com a imigração italiana, mais especificamente com a chegada de Luigi Valduga e sua família, em 1875. Eles vieram de Terragnolo, no norte da Itália – daí o nome da vinícola. Sandro é seu bisneto e o responsável por alinhar o conhecimento herdado a uma intensa pesquisa do terroir local e por implantar técnicas mais modernas de vinificação.

Eu compraria o Merlot Reserva 2018/2019, um vinho tinto fino seco composto por Merlot 2018 maturado durante 36 meses em barricas de carvalho francês; Merlot 2019 maturado durante 24 meses em barricas de carvalho francês; e Cabernet Sauvignon maturado durante 36 meses de barricas de carvalho americano. O que isso significa? Aromas de frutas vermelhas, com toque de especiarias e corpo médio bem equilibrado.

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil.

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