Maurício Duarte | São Paulo | N57

Enquanto reforça a importância de não ser conhecido apenas por isso, ele não esquece ou deixa de lado suas origens - pelo contrário, são partes intrínsecas de seu trabalho. Neste sábado, a apresentação começou com um canto que pede proteção, da atriz e ativista Zahy Tentehar. Dentre o cantico, entoado no dialeto tupi-guarani ‘ze’egete’, da etnia Guajajara, ela diz que “Essa terra é nossa, já estávamos aqui antes”.

Em sua coleção de estreia, há um ano, Mauricio Duarte falava sobre a importância da cestaria indígena, usada para trazer, do roçado, itens de subsistência para as famílias. Hoje, ele fala sobre a Piracema, termo de origem tupi-guarani, usado para designar a subida dos peixes para reprodução.

O Pirarucu serve de fonte de inspiração: as escamas do maior peixe da Amazônia, um sobproduto da pesca, são bordados em peças de crochê, que lembram as redes. Não é a primeira vez que Mauricio fala sobre a importância das águas para os povos indígenas (ele é da etnia Kaixana) - por isso, roupas são plissadas ou drapeadas em tecidos fluidos, relembrando o movimento dos rios. Ele segue o trabalho com as etnias indígenas da Amazônia: dessa vez, são três grupos, que criam itens como as bolsas da coleção (que simulam as escamas e o próprio peixe), ou as alças dos vestidos, feitas com sementes de açaí.