Billie Eilish pode ser considerada uma das maiores artistas pop da atualidade, talvez uma das mais versáteis, e que não demonstra medo de assumir riscos. Não à toa, seu aguardado terceiro álbum de inéditas, Hit Me Hard and Soft, traz consigo uma grande expectativa sobre como a jovem de 22 anos pode superar o estrondoso sucesso dos seus discos anteriores.
Inserida no mainstream, mas corajosa o suficiente para abordar temas comuns de forma menos genérica em produções criativamente ousadas, Billie parece confortável em explorar a própria sexualidade nas letras das canções de uma forma mais íntima e soa genuína com sua interpretação vocal, experimentando com as diversas cores de seu timbre, que vão desde o sussurro doloroso até o grave mórbido.
Em parceria com FINNEAS, seu irmão e produtor musical responsável pelos beats e arranjos, Billie conseguiu implementar muitos fragmentos do que a tornou famosa em Hit Me Hard and Soft, como a estranheza de faixas como o hit Bad Guy (2019), que podem ser encontradas em Lunch e The Diner, e a sutileza melancólica de What Was I Made For?, que ganhou um Oscar de melhor canção original em 2024, na faixa de abertura Skinny.
Outro ponto positivo do álbum está em sua duração e quantidade de faixas. Aqui, Billie Eilish prezou pela qualidade e escolheu 10 canções que podem te colocar em transe, mas sem ficar maçante, o que torna a audição uma experiência rápida e digna de replay.
.Confira o nosso faixa a faixa abaixo:
Skinny
Em Skinny, uma balada de guitarra dedilhada que evoca os sons suaves de Happier Than Ever, desafia a falsa associação entre magreza e felicidade. Aqui, a voz de Eilish assume uma qualidade coral silenciosa, como se estivesse cantando em uma catedral subaquática deserta; seus riffs vocais na segunda metade da música revelam sua amplitude - um traço que se desdobra ao longo do álbum.
Lunch
Billie Eilish de Bad Guy -- o hit que a lançou para o sucesso -- entra em Lunch, uma faixa pop radiofônica, que pode te pegar quase que instantaneamente. Evocando a mesma graça travessa de Bad Guy, Lunch é um hino queer. Muito embora tenha um refrão é irresistivelmente pegajoso, o verdadeiro brilho de norte-americana está em dominar as peculiaridades do pop em suas letras.
Chihiro
Billie segue trazendo a essência de seu álbum de estreia para este novo projeto. É o caso de Chihiro, nome escolhido em referência ao filme A Viagem de Chihiro de Hayao Miyazaki, conta com uma paisagem sonora de sintetizadores que se expande gradualmente em um momento radiante. Nesse discopop quieto, Eilish deixa seu falsete brilhar e, na letra, destaca as sensações inquietantes da obsessão, o tema central de Hit Me Hard and Soft.
Birds Of Feather
Birds of a Feather é uma canção melódica, que fala de amor. O refrão conta com alguns dos melhores momentos vocais da cantora até agora. Billie suspira ao expressar sua devoção, como se estivesse em uma cena de filme romântico. Este é seu grande gesto de amor, inclusive, mas com letra um pouco mórbida, como: "Quero que você fique até que eu esteja na sepultura / Até que eu apodreça, morta e enterrada." Okay, Billie!
The Greatest
Em The Greatest, a voz da cantora expressa a tristeza que surge ao perceber um desequilíbrio doloroso de amor e afeto em um relacionamento. É uma narrativa angustiante pela qual a popstar eventualmente encontra um vislumbre de paz, já que a faixa se transforma a partir do clímax. No desfecho, ela finalmente reconhece que merece alguém que corresponda à profundidade de seu amor.
Wildflower
Na faixa Wildflower, Eilish questiona se é ético se relacionar com o ex de uma amiga -- que ainda não está superado. Billie expressa, ao seu ver, o que torna o amor tão cativante, mesmo com suas complexidades e tensão intrínsecas. Passeando pelo soft rock, Billie captura a nostalgia etérea de clássicos do gênero, entrelaçando seus vocais emotivos com narrativas profundamente comoventes.
L’Amour de Vie
L’Amour de Vie combina um ritmo inspirado em Édith Piaf com uma explosão de synth-pop pós-disco, enquanto Eilish alfineta um ex-namorado desagradável. "Você era tão medíocre/ E estamos tão felizes que acabou agora," canta Billie. Nesta música, Billie interpreta com apatia, contrastando o título romântico com a história de um ex que se mostrou tudo, menos o amor de sua vida.
The Diner
The Diner é gótica e teatral, com uma vibe de circo bizarra, efeitos sonoros estridentes. Esta é mais uma as faixas que transportam Billie para seu primeiro álbum. Na música, a cantora, inclusive, é quase engolida por vocoder, delays e reverbs e o resultado é quase uma canção de Halloween.
Bittersuite
Bittersuite mistura influências da bossa nova com sintetizadores ousados, explorando mais profundamente as emoções contraditórias de autopreservação e sacrifício. Acostumada a viver em hotéis, Billie se inspira em sua vida para trazer à tona suas inseguranças e desejos mais profundos.
Blue
Em Blue, a cantora volta a os aspectos não convencionais de músicas pelas quais é conhecida. Ao longo da faixa, Eilish e FINNEAS criam uma paisagem sonora peculiar e etérea que reflete a melancolia em suas letras: "Você nasceu buscando pelas mãos de sua mãe / Vítima dos planos de seu pai para dominar o mundo… Mas poderiam dizer o mesmo sobre mim", canta.