Cultura

Por Luísa Graça

Na adolescência, grandes viagens de férias com grupos de amigas são feitas, quase sempre, de sol, mar e frustração. Em How To Have Sex, filme em cartaz na plataforma MUBI, a cineasta estreante Molly Manning Walker aborda esse rito de passagem ao acompanhar três amigas britânicas de férias na Grécia. Entre festas, bebedeiras, suor, pegação e biquínis neon, o filme navega pelos altos e baixos característicos à adolescência, em situações engraçadas, vibrantes, confusas e dolorosamente tristes quando o que era para ser o “best! holiday! ever!” acaba não se mostrando tão bom assim. Isso porque depois de um primeiro encontro sexual que não ocorre como planejado, Tara, a protagonista interpretada pela inglesa Mia McKenna-Bruce, é tomada por dúvidas e um sentimento de isolamento quase paralisante.

Walker, que já trabalhava na indústria cinematográfica como diretora de fotografia, teve a ideia de contar essa história ao conversar, durante um casamento, com colegas de escola com quem foi em muitas dessas viagens. “Nós tínhamos memórias tão vívidas. Aquelas experiências realmente impactaram a gente, então, comecei a escrever baseada nisso. E eu sofri abuso sexual aos 16 anos, então, o filme surgiu dessa realidade também”, compartilha a cineasta, em entrevista à Vogue, durante o Festival de Cinema de Londres.

Mais um conto preventivo do que uma cartilha, How To Have Sex busca trazer uma reflexão sobre as construções sociais de “como fazer sexo” (e como isso não tem funcionado para tantas e tantas mulheres) ao retratar as áreas cinzas entre o que se entende por liberdade sexual feminina e por abuso sexual, na intenção de provocar um diálogo mais complexo sobre consentimento.

Cena de 'How to Have Sex' — Foto: Divulgação
Cena de 'How to Have Sex' — Foto: Divulgação

“Era minha intenção fazer o filme sem julgar esses personagens. Eu não queria deixar os homens fora da conversa, é essencial que eles participem dela se a gente quer que as coisas mudem. A gente sabe que a sociedade impõe certas expectativas sobre homens e mulheres quando se trata de sexualidade e muito do problema está nisso”, defende. “Acho que o filme vai incomodá-los porque muitos homens já se viram nessa situação. Não estamos mostrando agressão sexual de maneira violenta ou excessiva, mas de forma muito real”.

Desde o lançamento do filme no Festival de Cannes de 2023, onde levou o prêmio Un Certain Regard, o filme tem tido um retorno positivo da indústria e acaba de receber três indicações aos prêmios BAFTA nas categorias melhor filme britânico, melhor estreia de realizador, roteirista ou produtor britânico e melhor elenco, além da indicação de estrela em ascensão para Mckenna-Bruce. Elogios, conversas e reações positivas do público também tem alcançado Walker, levando a crer que seu objetivo de abrir diálogos sobre o assunto foi alcançado. “Alguns adolescentes me agradeceram por não hipersexualizar nem caricaturar os personagens. Houve uma mulher de 70 anos que se levantou após uma sessão para compartilhar que ela tinha acabado de perceber que sofreu agressão sexual. E também alguns homens dizendo que não tinham entendido o que acontece com Tara como agressão sexual. Eu sempre quis que o filme gerasse uma discussão, mas não imaginava que tantas mulheres se identificariam.”

Cena de 'How to Have Sex' — Foto: Divulgação
Cena de 'How to Have Sex' — Foto: Divulgação

Essa capacidade de gerar discussão foi um dos motivos pelos quais Mia McKenna-Bruce quis participar do projeto, sendo o filme a desculpa perfeita para conversar com suas irmãs ainda adolescentes sobre sexo e consentimento. Expressando no olhar o que falta à Tara vocabulário para expressar em uma conversa com amigas, a atriz tem colecionado elogios por sua performance. “O jeito que filmamos me ajudou muito. Filmamos as cenas de festa nas primeiras duas semanas, com muito barulho, muita gente, caos e energia, e só depois fizemos as cenas mais calmas e emocionalmente intensas. Eu senti essa mudança de passo no meu corpo e isso me ajudou muito a navegar pelas emoções da Tara”, compartilha Mia.

A locação foi um destino costumeiro de adolescentes britânicos durante o spring break (algo como nossa ‘semana do saco cheio’), na cidade de Malia, na Ilha de Creta, onde a produção inclusive encontrou um hotel com uma piscina em formato de pênis. “O que é fascinante sobre essas cidades é que elas são um tanto atemporais, onde toca música dos anos 2000 e dos anos 1980 e ainda há máquinas de cigarros no fundo dos bares [risos]. E, embora tenhamos escolhido situar a história nos dias atuais, eu não queria reforçar tanto isso”, explica a cineasta. “E eu também não queria julgar esses espaços. Mesmo tendo momentos muito difíceis, algumas dessas viagens foram as melhores da minha vida”, completa a diretora. Aliás, Molly faz questão de arrematar o filme, por vezes tão deprimente, em tom otimista com batidas de eurodance enquanto os créditos rolam e a cantora Romy, ⅓ do The xx, entoa que “você não precisa ser tão forte” e “não precisa passar por isso sozinha.”

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