Rita Pereira, atriz portuguesa de "Dona Beja", era chamada de Tieta na infância: "Fazer algo no Brasil era um grande objetivo"

Mãe de um menino, Lonô, de 5 anos, ela conta à Vogue sua trajetória, como lida com a fama em seu país, e o desejo de continuar fazendo trabalhos por aqui. Ah, e se declara grande fã de Tieta - tanto que tinha o apelido da personagem de Betty Faria na novela exibida em 1989. "Queria ser uma amiga da Tieta (risos)". Veja abaixo!

VOGUE Conta um pouquinho sobre seu início na vida artística? Quando soube que queria ser atriz e apresentadora? Quais passos deu de lá para cá?
RITA PEREIRA Quando era miúda tinha o sonho de ser bailarina. Entrei para o ballet com três anos e desde então me apaixonei por dança e pelo mundo do espectáculo. Fiz ballet, dança jazz, hip hop, ragga, experimentei vários estilos. Nunca fui uma criança envergonhada ou tímida, sempre quis plateia, fosse num espetáculo da escola ou num restaurante com música ao vivo, onde me lembro da minha mãe me empurrar para eu dançar e eu adorava ouvir os aplausos das pessoas, os comentários de que tinha muito jeito e ver os sorrisos de orgulho da minha família. Mas o meu pai fez questão de me orientar e referir que, em Portugal, é muito difícil viver da dança e da arte em geral e que seria melhor eu entrar para a faculdade e fazer um curso com mais possibilidades, conjugando-o com a minha paixão pela arte. Foi então que aos 16 anos me inscrevi em várias agências de publicidade e figuração, não com o objetivo de ser atriz, mas sim para ganhar dinheiro e pagar a faculdade. Só que, uma das agências percebeu que sempre que eu tinha uma publicidade com falas, eu ficava e decidiu me enviar a um casting para uma série chamada “Morangos com Açúcar” que é equivalente à “Malhação” do Brasil. Eu tinha 21 anos, fazendo o último ano de faculdade ao mesmo tempo e entregando tudo com a personagem “Soraia” que até hoje é sucesso. Desde então não parei. O meu currículo já conta com 12 novelas, 8 protagonistas e antagonistas, 1 International Emmy Award para melhor novela e outra nomeação aos Emmys. Em 2011 tive a oportunidade de apresentar o meu primeiro programa ao vivo e tornou-se também uma paixão, tendo a sorte de ter também apresentado o “Dança com os famosos”, o meu programa preferido do mundo.

Vogue É seu primeiro trabalho como atriz no Brasil? Como surgiu essa personagem?
RP Em Portugal nós assistimos novelas brasileiras desde sempre portanto, quando eu comecei a trabalhar como atriz, o sonho de fazer algo no Brasil surgiu como um grande objetivo. Na pandemia eu tive a sorte de ser convidada por uma produtora brasileira para fazer um projeto online e correu super bem e há dois anos um diretor português, Hugo de Sousa, e um produtor brasileiro, Eric Andrade, ambos com quem já tinha trabalhado diversas vezes, me convidaram para fazer parte de “Dona Beja”, com a personagem “Siá Boa”. Esperei um ano para saber se seria aprovada. Foi um segredo muito bem guardado mas que valeu muito a pena.

Vogue Você costuma acompanhar as produções brasileiras? Tem alguma preferida?
RP Sempre acompanhei produções brasileiras. Quando era criança amava tanto a “Tieta” que nos escoteiros essa era minha alcunha. Adoraria que fizessem um remake, só queria ser uma amiga da Tieta (risos).

Vogue No Brasil o público é extremamente interessado pela vida dos famosos. Como é a relação com a fama em Portugal?
RP Dei conta agora, quando morei no Rio de Janeiro, que realmente os brasileiros adoram uma boa fofoca e saber da vida dos famosos, mas em Portugal não é muito diferente, talvez menos intenso. Eu vivo muito bem com a fama, já são 20 anos assim. Claro que tem algumas coisas que evito fazer, como ir a praias muito cheias porque sei que nunca vou estar 100% relaxada, mas sinceramente, eu gosto de pessoas, gosto do carinho que me dão, gosto de conhecê-las, não tenho qualquer problema em parar para tirar fotos ou simplesmente trocar umas palavras. Portanto, no final do dia, pouco ou nada deixo de fazer por ser conhecida. É uma questão de hábito.

Vogue Você tem vindo com quem frequência para cá? Como é a logística com seu filho nas viagens?
RP Já viajo para o Brasil há muitos anos. Quem vai uma vez não para mais. Conheço várias cidades no Brasil. Amo o país, me identifico com a cultura, a música, a dança. Já até morei em São Paulo quando fiz o curso da Fátima Toledo. Agora para fazer “Dona Beja” fui sozinha. Foi muito difícil lidar com as saudades, mas sou muito determinada e resiliente e queria muito conquistar este sonho e os sonhos não são perfeitos, acarretam dificuldades, obstáculos. Mas quando queremos muito uma coisa, temos de ser fortes e combater as adversidades. A minha família foi me visitar umas vezes, acabou por serenar a saudade.

Vogue Qual o maior desafio já encarou na carreira?
RP Tantos desafios… Desde personagens super diferentes de mim, passando por aprender a lidar com a imprensa ou os haters, estar longe da família. Os desafios estarão sempre presentes e se assim não fosse, não teria a mesma graça.

Vogue Quais são seus sonhos pessoais e profissionais?
RP Meus sonhos são infinitos e variam conforme as minhas conquistas. Há dois anos andava na conquista de um projeto internacional, agora que o conquistei, quero mais. Sei falar português do Brasil, inglês e francês, portanto sonho em trabalhar em vários mercados. Adoraria poder conciliar o trabalho em Portugal, no meu canal Tvi e no Brasil. Seja novela, séries, cinema. Seria perfeito. É acreditar e fazer acontecer com muita dedicação e entrega.