O visual das estrelas do cinema italiano dos anos 1970 foi o tema escolhido por Peter Philips e Maria Grazia Chiuri para compor a beleza do inverno 2024 da Dior. Recém-saído do ensaio, que foi descrito por Philips como "um pouco caótico", a produção proposta por ele era o oposto: "É tudo muito controlado e elegante", explicou o diretor criativo de maquiagem da Christian Dior.
Nos bastidores do enorme cenário temporário construído nesta temporada nos Jardins de Tuilerie, em Paris, modelos com detalhes fluorescentes de rosa nos cantos internos dos olhos se preparavam diante dos espelhos com redes presas na parte de trás de suas cabeças, uma maneira de proteger os coques franceses executados pelo hairstylist Guido Palau até seus primeiros passos na passarela.
"Maria Grazia tem uma ótima sensibilidade para a beleza da mulher", disse Palau. O expert contou que, durante a preparação dos penteados que acompanhariam a apresentação, a diretora criativa mostrou um quadro repleto de referências do cinema: "As imagens tinham somente as partes de trás da cabeça das pessoas". A partir daí, ele incluiu um toque cinematográficos às produções.
"Parece que as modelos são personagens de um filme", disse ele sobre o coque baixo com o cabelo penteado para trás. Apesar de similar, disse ele, "não é realmente um torcido francês ou uma prega francesa", resumindo o visual como "um penteado muito elegante". A nova Miss Dior, que foi a grande inspiração para o desfile, deve parecer poderosa e polida: "Parece muito forte em sua simplicidade".
Depois do delineador preto orgânico apresentado no desfile de alta-costura do mês passado, ainda havia uma sensação de espontaneidade na aplicação de maquiagem à mão livre, não muito perfeita. Bastava uma olhada para a mão de Philips, coberta de manchas de pigmento rosa fluorescente à base de água, que ele mantém em seu kit pessoal "como diversão", para comprovar.
"O rosa não tem nada a ver com o desfile", admitiu sobre a cor aplicada nos olhos em formas de pétalas, que estava completamente ausente na coleção cheia de peças em creme, dourado e denim e, em alguns casos, estampadas com a marca Miss Dior pintada à mão. O rosa, no entanto, era uma das cores favoritas do diretor criativo Marc Bohan, que passou 30 anos como designer responsável pela Dior e supervisionou o nascimento da Miss Dior em 1967.
Em 2024, a musa Miss Dior está radiante, disse Philips. Para criar essa mulher, o expert usou o Dior Forever Glow Star Filter como base iluminadora e um pouco do Dior Addict Lip Glow Oil 000 Universal Clear nos lábios. "É como se você acendesse a luz por dentro", observou. Novamente, não há blush ou contorno – e, como de costume, sem rímel.
Quando perguntei se ele considerava um olhar sem máscara de cílios uma estética mais de "moda", após temporadas em que ele tem pulado o item básico, Philips apontou para a sensualidade do produto e sua capacidade de fazer "você parecer mais atraente para o público masculino". Ele brincou que o visual na passarela "pode te conseguir uma capa [de revista], mas não vai te conseguir um encontro". Para a primeira diretora criativa feminina da casa, conhecida por suas declarações contra o patriarcado durante os desfiles, talvez isso seja realmente uma jogada de poder.
Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue Britânica.
Traduzido por Sara Magalhães.