Comportamento

Por Isadora Moraes


Os cães não podem ficar sozinho por longos períodos — Foto: Canva/ Creative Commons
Os cães não podem ficar sozinho por longos períodos — Foto: Canva/ Creative Commons

Muitos tutores realizam diversas tarefas fora de casa ao longo da semana, e, no meio da rotina agitada, se perguntam: afinal, o pet pode ficar o dia todo sozinho?

Segundo Juliana Gil, médica-veterinária comportamentalista, o cão é uma espécie sociável, por isso, não é recomendado deixá-lo sem supervisão por longos períodos. “O tempo sugerido é seis horas, porém, oito horas seria o máximo permitido.”

Gustavo Luiz Teixeira, médico-veterinário e adestrador de cães, alerta que o tempo recomendado pode variar conforme o pet e sua idade. Por exemplo, um filhote que não está habituado a ficar sozinho, não conseguirá tolerar muitas horas sem a presença dos tutores.

Como preparar a casa para deixar o cão sozinho?

É importante implementar o enriquecimento ambiental com brinquedos, camas, tocas, cobertores, alimentos e água. Em alguns casos, deixar uma música ou televisão ligada pode ajudar, mas o volume deve ser baixo, explica Raquel Sillas, médica-veterinária do Hospital Veterinário Batel e diretora de um plano veterinário de atendimento domiciliar.

Além de preparar o ambiente, também é importante treinar o cão para se acostumar a momentos sozinho. De acordo com Gustavo Luiz, se o tutor ficar em casa durante todo o final de semana, por exemplo, deve evitar permanecer ao lado do pet o tempo todo, pois isso cria uma dependência emocional.

“Mantenha a rotina do animal, permita que ele fique sozinho num ambiente. Para começar, realize alguma atividade física com o cão, permitindo que ele cheire, ande e interaja com o espaço. Após o exercício, direcione o pet para o local que ele gosta de ficar, como a caminha, e deixe água fresca e algo para ele roer ao lado”, completa o especialista.

Feito isso, o tutor deve deixar o cachorro sozinho, mesmo que ele chore. Deve-se reservar este momento para que o animal se acalme, e o responsável não deve retornar até o pet relaxar.

A partir deste treinamento, o cão passa a associar essa rotina de atividades com os períodos de relaxamento, ou seja, de ficar sozinho, exercendo a sua independência. Assim, gradualmente, o animal acostumará a ficar mais tranquilo na ausência do tutor.

O tutor deve fazer um enriquecimento ambiental antes de deixar o cão sozinho  — Foto: Canva/ Creative Commons
O tutor deve fazer um enriquecimento ambiental antes de deixar o cão sozinho — Foto: Canva/ Creative Commons

O que o tutor deve evitar na hora de deixar o cão sozinho?

Raquel explica que os cães aprendem com associações positivas, então, na hora de sair de casa, o tutor não deve dar broncas ou punir o pet de alguma forma.

Na hora da despedida, não é recomendado que o responsável demonstre tristeza ou chateação, porque os animais sentem e internalizam esses sentimentos, remoendo-os ao longo do dia. É o que afirma a especialista.

Deixar ou não a luz acesa para o cão?

Muitos tutores ficam com dó de sair de casa e deixar o cachorro no escuro, mas a verdade é que a luz apagada pode até ajudá-los a relaxar e pegar no sono.

Gustavo Luiz acrescenta que não há necessidade de sair ligando a luz de todos os ambientes quando for deixar o pet sozinho.

Contudo, Juliana explica que, caso o pet tenha alguma deficiência ou seja idoso, a luz ligada pode ajudar, então, vale o tutor avaliar cada caso.

Existe alguma raça mais independente que as outras?

Não! A raça não determina o comportamento do cachorro, pois isso está relacionado também com as primeiras experiências que o pet teve enquanto filhote e o ambiente onde ele vive, esclarece Juliana.

“Cães, de forma geral, não devem ser deixados sozinhos por longos períodos”, acrescenta a médica-veterinária.

Como o tutor deve agir quando voltar para casa?

Após ficar um tempo longe do tutor, é normal que o cão fique eufórico ao vê-lo, demonstrando energia, felicidade e puxando-o para brincar.

Contudo, se o responsável chegar em casa falando alto, fazendo festa e batendo palma, o pet ficará ainda mais agitado, o que pode piorar a situação, revela Gustavo.

Por isso é importante manter a calma, conversar com o animal tranquilamente e, apenas após alguns minutos, chamá-lo para interagir, sugerindo uma brincadeira ou outra interação.

É importante estimular a independência do pet desde filhote para ele não sofrer na vida adulta  — Foto: Canva/ Creative Commons
É importante estimular a independência do pet desde filhote para ele não sofrer na vida adulta — Foto: Canva/ Creative Commons

Como descobrir se o cão não ficou bem sozinho?

“Alguns cães demonstram por meio da destruição de coisas da casa, como móveis e objetos decorativos. Outros latem muito. A ansiedade extrema é um bom parâmetro”, diz Raquel.

De acordo com Paula Duarte, colunista do Vida de Bicho e professora das disciplinas de Etologia e Bem Estar Animal na USCS e Universidade Brasil, os sinais de ansiedade de separação são: choros e uivados em excesso; urinar em lugares espalhados e que ele não tem costume; hiperatividade; agressividade; andar no mesmo lugar; respiração forte; tremores e arranhar o chão.

5 técnicas para amenizar a solidão do pet ao deixá-lo sozinho

Pensando nisso, Gustavo Luiz separou cinco dicas para o pet ficar mais calmo na ausência do tutor. Confira:

  1. Evitar dar atenção e carinho a todo momento, pois o cão sofrerá quando não recebê-los.
  2. Fazer alguma atividade física e mental com o pet antes de casa, como caminhada e comandos de obediência.
  3. Ensinar o cachorro a ter seus próprios momentos mesmo se o tutor estiver em casa. Deve-se ofertar algo para o pet roer em outro ambiente, longe do responsável. Isso cria sentimento de independência.
  4. Não permitir que o cão siga o tutor a todo momento pela casa.
  5. Sociabilizar o pet para ele ter contato com outros animais também ajuda a minimizar o apego extremo com o humano.

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