Diferentemente de julho do ano passado, quando os títulos do Tesouro Direto encerram o mês com rentabilidade negativa recorde, em 2023 a história é outra. Os papéis fecharam o período no terreno positivo, refletindo as últimas decisões políticas e monetárias.
Pelo quarto mês consecutivo, o mês foi de ganhos para quem já detinha os papéis e menos oportunidades para quem entrou no mercado. O destaque ficou para papéis atrelados à inflação com vencimento de longo prazo — movimento natural, uma vez que o risco para esses títulos é maior.
Com a possível queda da Taxa Selic, em 0,25 ponto percentual (a aposta do mercado), nesta quarta-feira (2), é aguardado mais um mês de rentabilidade positiva para agosto.
Em julho, para Vinicius Romano, chefe de renda fixa na Suno Research, “a queda contínua das expectativas de inflação e o provável início do ciclo de cortes da Selic mantiveram o tom otimista dos mercados”. Na semana passada, ele destacou que a Fitch Ratings melhorou a nota de crédito do Brasil (de BB- para BB), como um reflexo positivo de todos os acontecimentos dos últimos meses.
Valorização
Os investidores dos títulos indexados à inflação de longo prazo foram os que mais ganharam com a rentabilidade em julho. Os papéis ficaram com as maiores altas neste mês. O papel IPCA+ com vencimento em 2045 subiu 3,62%, e o IPCA+ com juros semestrais e vencimento em 2055 avançou 2,29%. A aplicação mínima para o papel de 2045 era de R$ 38,93 e o de 2055, com pagamento de cupom semestral, de R$ 45,55, ambos oferecendo retorno de 3,62% e 2,19%, respectivamente.
Vale lembrar que tanto nos papéis prefixados como naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento —, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.
*Os títulos que não possuem rentabilidade acumulada no ano ou em 12 meses estão disponíveis a menos tempo e, por isso, não há cálculo de retorno.
A marcação a mercado pode trazer muita volatilidade ao investimento em Tesouro Direto. Tanto para o lado do bem, ampliando seu retorno potencial, quanto para o lado negativo, abrindo espaço para prejuízos.
No entanto, essa oscilação só atinge os investidores que resgatam os investimentos antes do fim do prazo "combinado" com o governo. Se levar o título até o seu vencimento, o retorno acordado na hora da compra está garantido.
O que esperar para agosto?
Para agosto, dados macroeconômicos que influenciam as decisões de política monetária, como mercado de trabalho, inflação e atividade econômica, pontua Romano, costumam impactar diretamente as expectativas do mercado, que por sua vez influenciam nos preços dos títulos de renda fixa. “Esta semana, já temos a reunião do Copom, cuja decisão e comunicado são muito importantes.”
Com o possível corte da Selic na quarta-feira, a tendência é que não tenham grandes impactos nos ativos, aponta Romano, já que os preços do mercado sempre são “antecipados”. Por outro lado, caso o Copom surpreenda com cortes maiores do que o esperado, de 0,25 ponto percentual, os investidores devem observar ganhos nos ativos prefixados e IPCA+ de prazo curto, observa.
Qual título comprar?
“Acredito que mesmo com as taxas menores em relação há alguns meses, ainda existe espaço para alguns investimentos dentro da renda fixa”, avalia Romano. “Assim como na renda variável, existem expectativas já embutidas no preço pelo mercado que compõem os preços/taxas dos títulos. Normalmente, momentos de maior incerteza geram grandes oportunidades, como é o caso da performance de alguns ativos IPCA+ de longo prazo que observamos até aqui.”
Nesse cenário, Romano aponta alguns dos títulos - e vencimentos - melhores para comprar agora. “Em linhas gerais, acredito que os títulos indexados à inflação de prazos intermediários ainda apresentam uma boa relação risco/retorno, assim como os títulos pós-fixados. Apesar do ciclo de queda, a expectativa da Selic para o fim do ano ainda é de 12%, taxa bastante alta na minha visão”, avalia.
Por outro lado, no caso dos prefixados, segundo Romano, o risco é um pouco maior, já que o mercado já espera cortes de quatro pontos percentuais até o fim de 2024, e qualquer mudança no caminho pode gerar bastante volatilidade, principalmente nos títulos mais longos.
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