Tesouro Direto

Por Naiara Bertão, Valor Investe — São Paulo

O Tesouro Direto é indicado por consultores e analistas como um investimento seguro, de baixo risco, e bem fácil de investir. Por isso é recomendado para qualquer tipo de investidor. Mas não é raro na hora H, ou seja, no momento da compra do título público já no site da corretora, o investidor se perder entre as várias opções de títulos públicos e acabar desistindo de fazer o investimento, ficando na boa e velha poupança.

Não se preocupe!! Seus problemas acabaram!! Veja agora tudo que você quis saber sobre os vários títulos públicos e teve vergonha de perguntar!!

Tipos de títulos do Tesouro

O Tesouro vende hoje três diferentes tipos de títulos, que variam de acordo com o modelo de remuneração. São eles: Prefixado, Pós-fixado indexado na Selic e Pós-fixado indexado na IPCA. O que isso quer dizer?

  • Prefixados: são títulos que pagam um juro definido antes da aplicação. Quando falamos juros, neste caso, nos referimos a um número específico: 8% ao ano, 10,3%, ao ano, 15,7% ao ano. Ou seja, o investidor sabe exatamente quanto vai ganhar no vencimento do título. Se aplicou R$ 1.000 em um título prefixado que promete rendimentos de 10% ao ano, depois de 12 meses, esse papel vai ter rendido R$ 100 e o investimento saltou para R$ 1.100, ainda sem considerar a mordida do Leão (Imposto de Renda). Mas, atenção: os títulos prefixados variam conforme a data de vencimento e, quanto mais distante, maior risco envolvido.
    Eles são recomendados para quem acredita que a taxa de juros do País (a Selic) irá cair ou ficar em níveis estáveis, enquanto seus títulos ficam ali, bonitinhos, rendendo a mesma taxa que tinha sido combinada inicialmente.
    Você pode encontrá-los com os nomes Tesouro Prefixado (antes chamado de LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (antes chamado de NTN-F). Vamos combinar que ficou muito mais fácil entender o que é cada papel sem aquela sopa de letrinhas, que não queria dizer muita coisa para os mortais como a gente.
  • Pós-fixados indexados à Selic: a principal característica do título pós-fixado é que o investidor não sabe exatamente qual será seu rendimento no fim da vida do título, justamente porque seu indexador é variável. Em um título Tesouro Selic (conhecido antigamente por LFT ou Letra Financeira do Tesouro), por exemplo, o rendimento do título acompanha a taxa básica de juros da economia, a Selic. Se a Selic acumulada no período de um ano for de 8%, o investidor sai com 8% de retorno antes da cobrança do Imposto de Renda. Se a Selic for de 12%, os mesmos 12% vão para o bolso do investidor.
    Por estar colado na taxa básica definida pelo Banco Central, o título Tesouro Selic é considerado o título mais conservador. Comprando esse papel, o investidor nunca perderá o principal investido, mesmo que tenha que sacar o dinheiro antes do vencimento. A cada dia, o valor investido cresce um pouquinho.
    Essa é a aplicação mais recomendada para a parte do dinheiro que podemos ter que sacar no curtíssimo prazo em caso de emergência, ou se você acredita que a tendência é de alta da Selic. O problema é se a taxa básica cair ou ficar baixinha durante o período de investimento, porque aí o retorno também cai junto.
    Uma ótima notícia é que o Tesouro mudou em abril deste ano a regra de desconto pra quem saca antes do vencimento. Antes, havia uma diferença de 0,04% ao ano entre o preço que o Tesouro paga pelo título que compra e o que vende no seu site. Essa diferença, chamada de spread, é descontada do rendimento de quem decide resgatar antes do vencimento e, em alguns casos, estava fazendo o Tesouro Selic render menos do que a poupança (principalmente em quem resgatava em até seis meses) ! Por isso o governo resolveu se mexer (para incentivar o povo a sair da poupança e investir em títulos públicos, claro). Então, baixou esse spread de 0,04% para 0,01% ao ano.
  • Pós-fixados indexados ao IPCA: esse título tem um modelo de remunerar o investidor diferente, quase um híbrido. Uma parcela do rendimento é indexada, ou seja, pós-fixada, e outra sendo prefixada, com uma taxa específica “combinada” com o investidor. A parte da remuneração contratada é a inflação, medida pelo IPCA, acumulada no período. Se o IPCA, for de 2%, 2% de correção. Se salta para 20%, é esse índice que vai corrigir a aplicação. Mas além da inflação, esse título também remunera o comprador com uma taxa de juros prefixada acima do IPCA. Nos últimos anos, esse “extra” oscilou perto de 5% ao ano. No cardápio do Tesouro, você pode encontrá-los com os nomes de Tesouro IPCA+ (antes chamado de NTN-B Principal), Tesouro IPCA com Juros Semestrais (antes chamado de NTN-B).
    O Tesouro IPCA+ é o título mais volátil e com maior risco entre os títulos públicos. Não é indicado para quem pode precisar do dinheiro antes do prazo de vencimento. Como o Tesouro quer que os investidores fiquem por anos com o título, os vencimentos podem ser bem longos, às vezes mais de 10, 20 ou até 30 anos. Se você acha que não aguenta ficar muito tempo com o título, melhor não investir em Tesouro IPCA+.

Mas, afinal, como você vai saber qual é o mais indicado para você?

A primeira questão que você precisa responder é quanto tempo você quer ou pode ficar com o dinheiro aplicado. O Tesouro permite que o investidor venda títulos públicos em qualquer data, independente do vencimento, mas ele deve prestar atenção às oscilações de preço. Ou seja, se vai resgatar em menos de um ano, ficará com ele por 3 a 9 anos ou quer deixá-lo na carteira por mais de 10 anos?

Essa pergunta é importante porque, quanto maior o prazo até o vencimento, mais você estará sujeito às oscilações de preço do dia a dia do mercado. Por outro lado, são esses títulos com vencimentos mais distantes que tendem a oferecer melhor rentabilidade. Nunca se esqueça da máxima: quanto maior o risco, maior a expectativa de retorno, e vice-versa. Portanto, se você é um investidor mais conservador, a recomendação é investir em títulos mais curtos ou que estejam próximos da data do vencimento. Eles rendem menos, mas sofrem menos também com as altas e baixas de preços.

Com base no Orientador Financeiro do próprio Tesouro, vamos te ajudar a decidir qual o melhor título para você.

•Para quem quer resgatar a qualquer momento ou pode esperar até três anos:

Ocasiões: Reserva de emergência; casamento; viagem das próximas férias; festa de aniversário dos filhos; comprar um novo celular ou eletrônico; deixar o dinheiro que está na poupança; entre outros.

Recomendação: Tesouro Selic (antes chamado de LFT), título pós-fixado. Escolha os que tenham vencimento para os próximos anos (curto prazo).

Por quê: O Tesouro Selic é indicado para aqueles que querem investir por curto ou médio prazo. É um título pós-fixado e indexado à Selic, a taxa básica de juros da economia - ou seja, seu rendimento acompanha as variações da Selic. Na prática, isso significa que se a taxa Selic aumentar, a rentabilidade do papel aumenta, e se a taxa Selic cair, a sua rentabilidade acompanha pra baixo.

Esse investimento garante que, mesmo em caso de resgate antecipado, o montante do dinheiro resgatado será superior ao inicialmente investido. Como não paga juros semestrais, e rende diariamente a taxa Selic de cada dia, apenas com esse título você não precisa se preocupar com a taxa de vencimento. Até pela facilidade de resgate, sem risco de perda de principal, o Tesouro Nacional costuma ofertar apenas uma data de vencimento para esse tipo de papel. Atualmente, o título à venda vence em 1 de março de 2025.

•Para quem consegue esperar entre 3 a 9 anos para resgatar:

Ocasiões: Reserva para faculdade dos filhos; projeto de morar fora do país; viagem dos sonhos que pode esperar alguns anos; intercâmbio dos filhos; MBA; projeto de abrir o próprio negócio (empreender); entre outros.

Recomendação: Prefixado (LTN) e os títulos pós-fixados Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e Tesouro Selic (LFT).

Por quê: Para investimentos de médio prazo, é possível escolher dois tipos de títulos, os prefixados e os pós-fixados, dependendo do cenário da economia para os próximos anos.

•Prefixados:
É indicado para quem quer saber quanto vai ganhar no final do período do investimento. Ou para aqueles que acreditam que a taxa prefixada (determinada no momento da compra) será maior que a Selic, a taxa básica de juros, na data de vencimento do título ou no momento do resgate (caso a intenção seja vendê-los antes do vencimento). Se você precisar antecipar o resgate, o Tesouro Nacional garante a recompra pelo valor de mercado do papel.
Dois exemplos de ativos deste perfil que estão sendo comercializados é o Tesouro Prefixado 2022 e o Tesouro Prefixado 2025, com vencimentos em 1º de janeiro de 2022 e 1º de janeiro de 2025 (como o cardápio de papéis muda constantemente, então, não se assuste se você não achar esses títulos específicos). O primeiro (vencimento em 2022) é melhor para quem quer resgatar no médio prazo e o segundo (2025) pode ser comprado por quem pode deixar na carteira por um prazo maior.

•Pós-fixados:
C
omo há dois indexadores (Selic e IPCA), eles também são indicados para intenções de investimento diferentes.
Se você quer proteger seu dinheiro do efeito da inflação (em caso de investimentos de longo prazo, por exemplo), vale optar pelo título indexado na inflação (IPCA). Eles garantem sempre o aumento do poder de compra do seu dinheiro, pois seus retornos são compostos tanto pela variação da inflação (IPCA) como por uma taxa de juros predefinida.
Se você acredita que a Selic deve subir ainda mais durante o período que ficará com o ativo, os títulos indexados à Selic são mais recomendados. Isso significa que se o juro aumentar, a sua rentabilidade acompanha. No entanto, se houver um revés no cenário e o Banco Central baixar os juros, o retorno do seu papel também cai.

Exemplos: dois ativos deste perfil que estão sendo comercializados é o Tesouro IPCA+ 2024, que vence em 15 de agosto de 2024, e Tesouro Selic 2025, com vencimento em 1 de março de 2025.

•Para quem pode ficar com o título por mais de 10 anos na carteira:

Ocasiões: Sonho da casa própria; aposentadoria; reserva para a faculdade dos filhos recém-nascidos; projeto de negócio próprio (empreendedorismo); entre outros.

Recomendação: Tesouro Prefixado (LTN), Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (antes chamado de NTN-F), Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais.

Por quê: Para investimentos mais longos, a recomendação do Tesouro é se perguntar “O que você mais valoriza no investimento?”. Se você preferir desde o início saber quanto vai ganhar no final do período de investimento, o ideal são títulos prefixados. Se quer estar protegido do impacto da inflação, mesmo não sabendo previamente qual será o valor final do rendimento, os ativos pós-fixados são escolhas melhores.

•Prefixados: Para quem prefere saber exatamente quanto vai ter de rendimento no vencimento do título, mesmo sem ter certeza sobre o poder de compra, vale buscar uma opção de prefixado.
Alguns exemplos de ativos prefixados para investir hoje: Tesouro Prefixado 2023, com vencimento em 1º de janeiro de 2023, e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2027, que é mais indicado para quem quer investir no longo prazo, já que o vencimento é só em 1º de janeiro de 2027 . Este último paga os cupons de juros todo semestre e é recomendado para quem precisa dos rendimentos para complementar a renda. Como o cardápio de papéis muda constantemente, então, não se assuste se você não achar esses títulos específicos.

•Pós-fixados: para quem não liga para a imprevisibilidade dos rendimentos, mas quer assegurar a proteção contra a inflação, os títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+), são os mais recomendados. Nessa categoria, há mais opções no mercado, que oferecem títulos com datas de vencimentos ainda mais longas, como Tesouro IPCA+ 2045, que só vence em 15 de maio de 2045, e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050, que vence em 15 de agosto de 2050. Muitos investidores, porém, compram esses títulos mesmo sabendo que vão resgatar antes do vencimento.

Fluxo de pagamentos: melhor receber no vencimento ou a cada 6 meses?

A escolha quanto ao fluxo de pagamentos depende do seu objetivo. Se a intenção for complementar a renda enquanto o vencimento não chega (afinal, alguns têm prazos superiores a 30 anos), os modelos com juros semestrais podem ser uma boa escolha. O investidor recebe o rendimento ao longo do período da aplicação – uma antecipação da rentabilidade contratada. Na data de vencimento, só recebe o montante principal investido e o rendimento do último semestre. Este fluxo de pagamentos só está disponível em títulos prefixados e atrelados ao IPCA.

A desvantagem é que se decidir vender antes do vencimento, vai receber o valor que o título está valendo no mercado, que é calculado a partir da expectativa quanto às taxas de juros futuras (quanto menor a taxa, maiores os preços). No entanto, se você acredita que as taxas de juros podem cair no longo prazo, aí o mais indicado é escolher os prefixados (busque, de preferência, os que oferecem rendimento de dois dígitos) e opte pela remuneração semestral.

Por isso, vale lembrar que é recomendado escolher uma data de vencimento alinhada com seu plano para aquele dinheiro. Você pode, claro, resgatar antes do prazo que o Tesouro garante a recompra, mas o rendimento pode não ser o melhor e, até, em alguns casos, negativo.

Agora que você já entendeu como escolher o melhor título de renda fixa para o seu objetivo financeiro, aprenda a começar a investir com nosso “Passo a passo para começar a investir no Tesouro Direto”.

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