Após anos próxima de zero, o Federal Reserve (Fed), o BC americano, vem subindo a taxa de juros que guia a sua economia, que está atualmente na faixa entre 5,25% e 5,5%. Consequentemente, o rendimento dos títulos do Tesouro americano (conhecidos como "treasuries") vem atingindo máximas em 16 anos. Os títulos entre um mês e três anos variam de 5,17% a 5,49%, o que abre oportunidade para quem quer diversificar o risco geográfico da carteira e obter uma remuneração em dólar.
A aplicação é considerada uma das mais seguras do mundo e ganha atratividade diante de um cenário de elevadas incertezas, que inclui agora o conflito deflagrado no Oriente Médio.
Um dos fatores que está influenciando a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro é a previsão de que o Fed (Federal Reserve) precisará manter os juros elevados por muito mais tempo para conter a inflação.
Por que investir nos Treasuries?
Se o investidor comparar friamente, chegará à conclusão de que não vale a pena deixar de receber uma taxa de dois dígitos em reais para receber a metade nos treasuries. Contudo, é necessário considerar o risco dos dois países, e também possíveis ganhos cambiais.
“A diversificação geográfica é uma forma de preservar e ampliar o patrimônio, investindo em uma moeda forte e no maior mercado do mundo. Nos últimos cinco anos, a valorização do dólar supera a taxa CDI, que serve de referência para a renda fixa brasileira. O câmbio precisa ser colocado na conta para avaliarmos o retorno do título”, afirma Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank.
Como investir nos treasuries?
Mas, afinal, como o investidor brasileiro pode emprestar dinheiro para o governo americano?
Atualmente, é possível investir nos treasuries via contas internacionais, que são oferecidas por diversas instituições financeiras no Brasil e lá fora. Geralmente elas estão dentro do mesmo app do banco e suas plataformas são bem similares às das corretoras por aqui.
Lá, como cá, é possível investir em títulos do Tesouro diretamente. Contudo, diferentemente do Brasil, o mercado americano não oferece 'fatias' de cada título, o que pode tornar a aplicação inacessível, ainda mais considerando o valor em dólar.
Na conta de investimentos com saldo em dólar do C6 Bank, o custo mínimo para investir em treasuries é US$ 1.000. Por isso, tanto o C6 Bank como a concorrente Nomad distribuem ETFs que aplicam nos títulos. Listados em bolsas, suas cotas custam entre US$ 1 e US$ 200.
Esses fundos passivos (os ETFs) são uma maneira descomplicada de surfar a onda de taxas mais altas na renda fixa americana, pois o investidor não precisa se preocupar em reinvestir o valor quando o título vencer, o que seria especialmente complicado caso ele escolha um ETF que invista em aplicações de curtíssimo prazo, com vencimento em até 3 meses.
Antes das taxas de juros americanas subirem, esses títulos de curtíssimo prazo eram irrelevantes no mercado. Agora, permitem ter retornos com baixa volatilidade. Quanto maior o prazo de vencimento dos títulos, maior é o sobe e desce.
Ao longo de dez anos, os ETFs que investem em títulos do Tesouro americano em um prazo de um a três anos, como SHY, VHSH e SCHO, superam, e muito, os rendimentos de ETFs que aplicam em títulos de curtíssimo prazo, como o BIL e SHV. Mas, recentemente, isso vem mudando, o que permite ter boas taxas com menos risco na hora da venda.
Vantagens e desvantagens
Apesar do baixo risco de crédito, já que são títulos emitidos pelo Tesouro americano, o investimento em treasuries tem o risco de oscilação de preço para quem não carrega os papéis até o vencimento e também de variação cambial.
Sabrina Loureiro, diretora de análises da Nomad, indica a clientes com intenção de investir nos treasuries ETFs que investem em títulos de curtíssimo prazo. Um exemplo é o SGOV ou o TFLO: ambos da Blackrock, eles distribuem dividendos mensais. "Se o cliente computar os dividendos no valor da cota verá que pode ganhar até mais de 5% ao ano em dólares".
A escolha por um ETF que pague dividendos tem uma motivação prática: os proventos já são tributados diretamente nos Estados Unidos, e se o cliente fizer vendas até R$ 35 mil no mês não está sujeito a imposto sobre ganho de capital no Brasil. "Neste caso, bastará mostrar o informe de rendimentos ao Fisco".
A questão tributária brasileira também é importante: se alguém investir R$ 10 mil e ao vender o ETF tiver R$ 15 mil, apesar de ter o ganho de capital de R$ 5 mil, vai cair na regra dos R$ 35 mil de isenção e não será tributado no Brasil".
Na conta do C6 é possível investir no ETF aplicando em um fundo sediado nas Bahamas e que tem uma estrutura tributária similar à de uma empresa sediada no exterior, conhecida como 'offshore'. Ao pagar um custo de manutenção de US$ 120 por ano, o cotista só pagará o Imposto de Renda no usufruto do dinheiro.