Investimento no Exterior

Por Marília Almeida, Valor Investe — São Paulo


A curva de juros da dívida americana está se inclinando. Ou seja, as taxas longas, pagas por títulos com vencimento maior que dez anos, estão subindo mais rapidamente do que as taxas curtas, dos títulos que vencem em dois anos. O fenômeno é chamado de “bear steepening” e costuma não trazer boas notícias para investidores. Isso porque é um sinal de que a inflação por lá pode continuar subindo, o que implicaria novos reajustes dos juros pelo Fed, o banco central americano.

Somente na sessão desta terça-feira, 3, o dólar atingiu suas máximas desde março, enquanto o principal índice da bolsa brasileira afundou 3%. Os índices acionários americanos também foram afetados pelo movimento, e encerraram a sessão em forte queda.

Além da pressão do aumento dos rendimentos oferecidos pelos títulos do Tesouro americano, dados do mercado de trabalho reforçaram o aquecimento da economia do país, o que coloca dúvidas sobre o processo de desinflação da economia e como consequência, o fim do aperto monetário do Fed.

Quando a curva de juros da dívida americana aumenta, todos os ativos do mundo são afetados, já que os cálculos sobre seu preço-justo toma o investimento, considerado risco-zero, como base, explica Bernard Tamler, gestor de mercados internacionais da Gap Asset. "Se a curva sobe, o preço de todos os ativos é reduzido, porque o desconto para trazer os números a valor presente é maior".

Por que a curva de juros está inclinando?

O mercado financeiro global está se antecipando ao aumento dos leilões de títulos do Tesouro americano previstos para o último trimestre do ano. Os números indicam que o governo americano vem precisando se refinanciar com maior frequência, o que não é bom para a economia. Atualmente, a dívida americana equivale a 122% do PIB, um valor alto para um momento de pleno emprego, diz Tamler.

"Há uma diferença entre oferta e demanda. O governo americano precisa financiar um déficit maior e a China, que sempre foi um grande financiador dos americanos, não tem adquirido os títulos com a mesma intensidade, em um momento em que a oferta no mercado vem crescendo. Como resultado, o prêmio de risco oferecido por essas aplicações está se elevando, e é difícil saber qual será esse equilíbrio".

Os gastos do governo americano se elevaram na pandemia por conta de estímulos econômicos, mas a injeção de dinheiro na economia continuou sendo registrada em 2021 e 2022. "Parece que os estímulos foram exagerados diante da resiliência que a economia americana vem mostrando. Isso está cobrando o seu preço agora".

A volatilidade do mercado financeiro só será amenizada quando a alta dos juros for de fato interrompida pelo Fed. Mas, segundo sinalizações da própria autoridade monetária, mais uma alta deve ser registrada para conter os núcleos da inflação e trazê-la de volta para a meta.

Homem no computador preocupado — Foto: Getty Images
Homem no computador preocupado — Foto: Getty Images
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