Pense em cruzar cinco estados brasileiros e sete estados do Peru, passando pela Amazônia e a Cordilheira dos Andes. É isso que oferece uma das maiores viagens de ônibus do mundo. Do ponto inicial até o destino, são necessários cinco dias e mais de 6 mil quilômetros pelas estradas. Se tudo isso parece coisa de aventureiro, tem quem o faça por diversão. Aos 72 anos, Ricardo Antônio Preussler, pai de Ricardo Leonardo Preussler, 46, encararam a viagem e contam ao Valor Investe quanto investiram para realizar o sonho.
Gaúchos, pai e filho saíram de Porto Alegre em direção à São Paulo para iniciar a viagem de ônibus até Lima. O trajeto é operado pela empresa Trans Acreana, que assumiu a rota, feito pela Estrada Interoceânica do Sul, que liga o litoral Atlântico brasileiro à costa peruana do Oceano Pacífico, depois que a antiga empresa faliu na pandemia.
"Meu pai hoje está aposentado e não viajou muito quando era mais jovem, então, ano passado fomos para Patagônia [Argentina] e esse ano decidimos que faríamos uma viagem maior. Quando vimos uma reportagem no You Tube falando que essa era uma das maiores rotas do mundo, decidimos partir".
![Ricardo Leonardo Preussler — Foto: Ricardo Leonardo Preussler/Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-valor-investe.glbimg.com/Ho6QJGFdUBXzaHrc-H9W7oz2mYo=/0x159:1200x1373/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2023/a/3/KZikF2RSW9PFDxLutVyg/whatsapp-image-2023-08-01-at-18.35.00.jpeg)
O tempo de viagem entre São Paulo e Lima de avião é de cerca de 6 horas, e a passagem de ida custa, em média, R$ 1.000 (considerando a cotação do dia 11 de agosto). Mas não foram esses os fatores decisivos para a viagem pela estrada entre a maior cidade brasileira e a capital do Peru.
"Para nós era importante ter a experiência de conhecer o Brasil e a Cordilheira dos Andes pela estrada. Conhecemos muitas pessoas no ônibus, especialmente peruanos que usam a rota para visitar a família e levar grandes quantidades de bagagem. Éramos os únicos brasileiros saindo do Terminal Tietê e tivemos afinidade com todos do ônibus. Isso foi muito emocionante".
Organização para a viagem
Ricardo Leonardo, o filho, levou o "dinheiro vivo" em reais para usos emergenciais durante a viagem. Mas em quase todo o longo trajeto a opção deles foi pelo cartão de crédito.
"Mesmo nas paradas no Brasil preferimos usar cartão por questão de segurança. Foi fácil de usar em todos os locais. Assim, também evitamos tarifas com saque de dinheiro. Mas percebemos que havia uma predominância da oferta do pix nos estabelecimentos. Isso é realmente muito positivo", observa o nômade profissional que se apresenta como um "viciado em viagens de aventura e que desde muito cedo sempre se encantou em viajar para lugares remotos e pouco conhecidos".
A dupla optou, ainda, por não levar dólares e nem comprar o sólis, a moeda oficial do Peru, ainda no Brasil. "Como o real está desvalorizado na comparação, acabamos fazendo câmbio lá. A melhor cotação que encontramos foi nas cidades da fronteira. Chegando em Lima, o câmbio não compensou tanto", explica.
Fazendo as contas
Além da passagem adquirida com cartão de débito, no valor promocional de cerca de R$ 1.000, pai e filho gastaram entre R$ 30 a R$ 50 em cada refeição nos postos de gasolina. Ao todo, foram quatro paradas. Quando as pausas para alimentação eram feitas em restaurantes a quilo em cidades ou à beira da estrada, a conta era bem menos salgada, não ultrapassando R$ 20. Lembrando que a viagem toda tem "modestas" 30 paradas.
No caso da dupla, não houve gastos com uso de sanitários nas paradas. Mas para viajantes de transportes rodoviários, vale a reserva, especialmente para usar vestiários com chuveiros.
Para a comunicação, os "Ricardos" se valeram da "wi-fi muito boa que tinha no ônibus e funcionou em 70% da viagem". Para evitar os gastos de telefonia com serviço de roaming, Ricardo, o filho, optou por chips pré-pagos. "Como vou ficar três meses fora do Brasil, compensou. Até porque os chips no Peru são muito baratos. Gastei R$ 40 para ter um bom pacote de dados e internet livre".
Chegando em Lima, Ricardo Antonio, o pai, bancou a hospedagem. "Como meu pai já está com 72 anos, ele precisa de acomodação mais sofisticada. Quando viajo sozinho, fico em hostel [acomodações de baixo custo]".
Fazendo um balanço da aventura, o filho é enfático. "No final da viagem meu pai estava cansado, mas ouvi-lo sempre com empolgação contando para os amigos sobre os lugares que ele estava visitando valeu a pena. Foi um saldo muito positivo".
Para quem ficou curioso e quer saber mais sobre a viagem, é possível assistir ao diário de viagem no canal do You Tube de Ricardo.
![Trans Acreana — Foto: Ricardo Leonardo Preussler/ Arquivo Pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-valor-investe.glbimg.com/wN07tSkeciPMRPjQKqNbhdjHL9I=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2023/5/5/8CtxtMT3mLAD1pacaDwQ/whatsapp-image-2023-08-01-at-18.28.47.jpeg)
![Viagem RIO-LIMA — Foto: Arte/Valor](https://cdn.statically.io/img/s2-valor-investe.glbimg.com/DQj9lZfbnLZTchSgWpz0Foqdbg4=/0x0:565x785/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2023/S/n/gBvIfyRJWUfw2g6CElMA/viagem-rio-lima.png)