Com peso desvalorizado, veja como viajar para a Argentina sem gastar muito

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Dê preferência ao dinheiro

Mesmo com a desaceleração de 6% em junho, a inflação acumulada em 12 meses segue bem acima de 100%, atingindo 118%, lembrando a crise de hiperinflação sem precedentes dos anos 1990. Nos últimos meses, as dificuldades para manter as reservas internacionais em níveis saudáveis - um problema antigo na Argentina - se intensificaram e o drama da escassez de dólares ganhou novos contornos. Esse, inclusive, foi uma dos motivos para a S&P Global Ratings derrubar a nota de crédito soberana.

Diante do cenário macroeconômico, turistas que chegam com dólar ou real em mãos estão fazendo bom negócio. Nas ruas, a preferência é por transações em dólar, seguido pelo real e o peso. A troca de divisas pode ser feita pelo câmbio oficial e pelo paralelo. "Quando o turista troca seu dinheiro no mercado paralelo, ele estende o dinheiro duas vezes a mais que a taxa cotada oficialmente. Por outro lado, como o valor do peso encolheu, isso significa que as pessoas precisam carregar enormes maços de dinheiro e isso resulta num problema de segurança e dor de cabeça logística muitas vezes", comenta Nataly Gabrielli Castro, jornalista e especialista em viagens.

Nataly esteve em Buenos Aires no início de julho e percebeu que no dia a dia muitas pessoas evitam usar o cartão de crédito, pois temem a taxa de conversão que será cobrada. "Por exemplo, em julho R$ 1 representava 55 pesos na cotação oficial assim como R$ 1 poderia ser 100 pesos na cotação paralela. Então, enquanto o mundo está usando cada vez mais meios de pagamentos digitais, em Buenos Aires o que se vê é muito dinheiro em papel circulando", comenta.

Hospedagem e transportes

Ela permaneceu na capital por quatro dias em julho, acompanhada da mãe e de uma prima. A hospedagem num hotel 3 estrelas custou R$ 360. Esse foi um raro momento em que ela esteve acompanhada. Nômade digital, Nataly está em um projeto de volta ao mundo com o objetivo de visitar os mais de 200 países reconhecidos pela ONU, superando até mesmo a jornalista Glória Maria, que visitou cerca de 160 nações. Ela busca ser a mulher mais rápida e a primeira mulher brasileira e negra a realizar a viagem em tempo recorde.

Como o Valor Investe já mostrou, Nataly começou a viagem com R$ 15 mil e conseguiu visitar 50 países com muito planejamento financeiro e pesquisa. "Como em toda viagem, você pode visitar os países de forma econômica, razoável ou esbanjar. Para quem quer ir para Buenos Aires de modo mais econômico, uma boa alternativa é voar dentro da Argentina. Foi mais vantajoso emitir uma passagem saindo de Puerto Iguazu [cidade divisa com Foz do Iguaçu/PR], gastei R$ 100", comenta.

A jovem da Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo, compartilha as práticas e dicas para economizar, além de outros conteúdos, no perfil Viaje Sem Limites. Por lá, ela explica que quem deseja ingressar na Argentina pelo Brasil - já que o país também faz fronteira com Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai - a partir de viagem terrestre, há uma ampla oferta de transportes rodoviários de Foz do Iguaçu, alguns com destino ao aeroporto de Puerto Iguaçu.

Aos "turistas de primeira viagem" ainda há a vantagem de não gastar com passaporte ou emissão de visto, já que brasileiros não precisam da permissão e podem entrar na Argentina com a carteira de identidade (desde que expedida nos últimos dez anos).

No caso de deslocamento aéreo, flexibilidade nas datas sempre faz diferença no custo final da viagem. Nataly recomenda a comparação dos preços das passagens usando as cotações dos sites buscadores de serviços de turismo e os preços nas companhias.

Conhecendo Buenos Aires

Para conhecer a capital portenha, Nataly recomenda o uso de metrô e ônibus. Desse modo, ela gastou R$ 15 e evitou os custos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações no cartão de crédito cadastrado em aplicativo de transporte.

Ao longo de quatro dias em Buenos Aires, os gastos com alimentação, incluindo o famoso churrasco argentino, não superaram os R$ 300. "Com R$ 160 foi possível jantar num restaurante localizado num bairro nobre, em que quatro pessoas se deliciaram fartamente. Nos restaurantes, cafeterias, padarias geralmente são pagas gorjetas de 10% a 20% sob o valor da nota".

Para não estourar o orçamento, a criadora de conteúdo ainda recomenda aplicativos de conversão de moedas.

Usando os diferentes recursos tecnológicos e aplicando conhecimentos por ter morado e trabalhado no exterior, Nataly já conseguiu visitar cerca de 100 países. Atualmente, ela busca apoio de empresas para conseguir visitar a Oceania e a África. "Conto com poucos patrocínios e estes são continentes mais difíceis devido ao preço das passagens, vistos e muito mais. Além da volta ao mundo, o meu objetivo é conseguir bolsas de estudos para jovens brasileiros estudarem no exterior. Quero passar para frente a oportunidade que eu tive com uma bolsa de intercâmbio".

Quem quiser apoiar a iniciativa pode entrar em contato pelo endereço assessoria.viajesemlimites@gmail.com